BR-319: Câmara aprova projeto que permite uso de recursos do Fundo Amazônia no asfaltamento

Texto autoriza ainda o licenciamento ambiental simplificado nas obras de repavimentação, o que gerou reação de opositores. Projeto segue para o Senado
Rodovia BR-319. Foto: Reprodução/DNIT

Da Redação, com informações da Agência Câmara de Notícias e Agências Brasil e Amazonas

A Câmara dos Deputados aprovou esta semana projeto de lei que considera a BR-319 como infraestrutura crítica e permite o uso de recursos do Fundo Amazônia para reasfaltá-la. A rodovia liga as capitais de Rondônia (Porto Velho) e Amazonas (Manaus). O texto, agora, seguirá para o Senado.

O projeto aprovado é um substitutivo do relator, deputado Capitão Alberto Neto (PL-AM), ao Projeto de Lei 4994/23, de autoria do deputado Maurício Carvalho (União-RO) e outros 14 parlamentares. O texto permite ainda o uso de procedimentos simplificados ou termos de compromisso e adesão para emissão de licenças ambientais necessárias à repavimentação da rodovia.

“Queremos uma estrada para ter o direito de ir e vir, para escoar a produção, para comprar alimentos. É a única BR do Brasil que não é asfaltada, não podemos tratar o cidadão do Norte como cidadão de segunda classe”, afirmou o deputado Alberto Neto.

Deputado Capitão Alberto Neto (PL-AM), relator do projeto. Foto: Zeca Ribeiro/ Câmara dos Deputados

Fundo Amazônia – Criado em 2008, o Fundo Amazônia é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudanças do Clima (MMA), gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e apoia projetos de monitoramento e combate ao desmatamento, além de promoção do desenvolvimento sustentável na região amazônica.

As licenças ambientais envolvidas na obra da BR-319 são consideradas pelo texto de pequeno e médio potencial poluidor, incluindo canteiro de obras, área de empréstimo e de deposição, usinagem de pavimento asfáltico e concreto, terraplenagem e construção de dormitórios e locais de passagem.

Esse, porém, não é o entendimento da Federação Psol-Rede, que declarou voto contrário à proposta. A bancada criticou o licenciamento ambiental simplificado para a obra e o uso de recursos do Fundo Amazônia. Para o deputado Túlio Gadêlha (Rede-PE), o licenciamento adequado é uma medida de segurança nacional. “Quer se dar um ‘jeitinho’ contra o licenciamento ambiental”, destacou.

O deputado Ivan Valente (Psol-SP) anunciou que o partido está disposto a ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a medida. As obras, segundo ele, terão graves impactos ambientais. “É uma região com 49 terras indígenas e florestas públicas não destinadas. Não é tão fácil assim falar em reasfaltar, é uma área estratégica para o Brasil”, disse.

O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) afirmou que a obra poderia ser autorizada com o licenciamento ambiental correto. “Existe uma população que precisa desta estrada, ninguém nega isso. Entretanto, a proposta minimiza esse cuidado rigorosíssimo que é preciso ter com a Amazônia no contexto de colapso climático”, declarou.

Coautor do projeto, o deputado Sidney Leite (PSD-AM) avaliou que o licenciamento ambiental da obra não avançou até hoje por um “ingrediente ideológico”. Ele ressaltou que a rodovia vai tirar do isolamento moradores de Roraima, Amazonas e Rondônia. “Como garantir a conservação da floresta com miséria, fome, pobreza e abandono?”, questionou. “Não estamos pedindo cinco estradas, estamos pedindo uma estrada para tirar do isolamento a população”, disse.

Ainda durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos (COP 28), no início deste mês, o governador do Amazonas, Wilson Lima (União-AM), havia reforçado seu posicionamento sobre a necessidade da pavimentação da BR-319. “Não é justo que o povo do estado do Amazonas continue isolado do restante do Brasil. E nós não vamos permitir que impeçam que a gente tenha contato com o restante do país por estrada”, ressaltou Lima. à época, reforçando que o governo cumpriria todas as condicionantes ambientais para viabilizar o projeto de pavimentação do chamado “trecho do meio” da BR-319.

Travessia de animais – Além de restaurar as condições de tráfego da rodovia, o projeto prevê a implantação de dispositivos de travessia segura para a fauna e mecanismos de mitigação de atropelamento de animais, na forma definida pela autoridade competente.

Embora preveja o asfaltamento da rodovia, o substitutivo de Alberto Neto proíbe a construção de ligações anexas ao eixo da rodovia BR 319, ressalvado o acesso a propriedades legalmente constituídas no local. Por outro lado, o texto considera a obra como prioritária em qualquer plano nacional de desenvolvimento, como o novo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).

Criada na década de 1970, a rodovia passa por pelos estados de Roraima, Amazonas e Rondônia.

Publicidade

Últimas Notícias

Revista PIM Amazônia

Rolar para cima