Empresa baleeira aposta em máquinas de venda automática para reativar consumo de sashimi

De acordo com o governo do Japão, a carne de baleia é uma parte apreciada da cultura do país, mas consumo tem diminuído após outras fontes de proteína se tornarem disponíveis e acessíveis

Por Chris Gallagher / Reuters – Yokohama, Japão

Uma empresa baleeira japonesa em Yokohama apresentou máquinas de venda automática que oferecem sashimi de baleia, bife de baleia e bacon de baleia, na esperança de reativar as vendas do alimento há muito tempo em declínio e evitado pelos supermercados.

Usando um chapéu em forma de baleia, o presidente da Kyodo Senpaku, Hideki Tokoro, cumprimentou os clientes em potencial na mais recente ‘loja não tripulada’ da empresa – um trio de máquinas de venda automática em Motomachi, um distrito comercial sofisticado que abriga butiques de moda e padarias artesanais.

A empresa, que abriu recentemente duas lojas semelhantes em Tóquio, planeja abrir uma quarta na cidade ocidental de Osaka no próximo mês e espera crescer para outros 100 locais nos próximos cinco anos.

“Há muitos grandes supermercados que têm medo de serem assediados por grupos que são contra a caça de baleias então eles não venderão carne de baleia. Porém, há muitas pessoas que querem comer baleia, mas não podem”, disse Tokoro à Reuters no lançamento das máquinas.

“Portanto, estamos abrindo lojas com a ideia de que podemos fornecer um lugar onde essas pessoas possam comer”.

Os produtos à venda contêm principalmente baleias capturadas no Japão, disse um porta-voz da empresa, com preços variando de 1 mil ienes (US$ 8) a 3 mil ienes (US$ 23).

Embora o governo afirme que comer carne de baleia é uma parte apreciada da cultura do Japão, o consumo, que atingiu o pico no início dos anos 1960, tem diminuído constantemente à medida que outras fontes de proteína se tornaram disponíveis e acessíveis.

O consumo de carne de baleia no Japão totalizou apenas 1 mil toneladas em 2021, em comparação com 2,6 milhões de toneladas de frango e 1,27 milhão de carne bovina, mostraram dados do governo.

Atingindo um pico em 1962, o consumo anual de carne de baleia foi de 233 mil toneladas.

Os conservacionistas dizem que as medidas para promover a carne de baleia são tentativas desesperadas de reavivar o interesse em um tipo de negócio que passa por dificuldades.

“A maioria dos japoneses nunca experimentou. Então, como pode ser algo que você chama de cultura nacional se ninguém está realmente participando disso?”, disse Katrin Matthes, chefe da política do Japão para a Conservação de Baleias e Golfinhos (WDC), uma instituição global de caridade.

A Comissão Baleeira Internacional, um órgão global que supervisiona a conservação das baleias, proibiu a caça comercial em 1986, depois que algumas espécies chegaram perto da extinção.

Mas o Japão continuou caçando baleias para o que disse serem fins de pesquisa. O país saiu da comissão internacional e retomou a caça comercial de baleias em 2019.

Algumas pessoas que passavam perto da loja disseram que estariam abertas a comer baleia, mas não fariam nenhum esforço especial.

“Eu não desviaria o meu caminho para vir (comprá-la). Eu costumo comer frango”, disse Urara Inamoto, funcionária de atendimento ao cliente de 28 anos.

Os defensores da carne de baleia apontam seu alto teor de proteína e baixa pegada de carbono em comparação com outras carnes.

Revista PIM Amazônia