Rio Negro tem o volume de água mais baixo em 121 anos

Marca registrada nesta segunda-feira representa o nível mais baixo já observado desde que as medições inciaram, em 1902
Foto: Matheus Castro/G1

Da Redação, com informações do G1 e CNN Brasil

A seca histórica no Amazonas continua registrando preocupantes recordes. Nesta segunda-feira, 16, o Rio Negro teve uma vazante de apenas 13,59 metros, a menor desde 1902, quando as medições começaram a ser realizadas. As informações são do Porto da Manaus, que monitora o ritmo de subida e descida das águas do rio, conhecido pelas águas escuras e extensão de quase 1.700 km.

A última vez em que o nível do rio chegou a um patamar tão baixo foi em 24 de outubro de 2010, quando a vazante registrada foi de 13,63 metros. Nos últimos 50 anos, o Rio Negro só ficou abaixo dos 15 metros quatro vezes: 1997 (14,34 m), 2005 (14,75 m), 2010 e 2023.

As águas continuam baixando, uma média de 13 centímetros por dia, conforme o Porto de Manaus, o que faz com que o recorde de hoje ainda possa ser superado novamente. Entre o domingo, 15, e esta segunda, o nível do rio baixou 10 centímetros.

Outro indício de que a situação pode levar mais tempo para se amenizar é o relatório emitido pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM), divulgado no dia 12. Segundo o documento, a previsão para o período histórico de ocorrência da mínima do Rio Negro, em Manaus, era precisamente na segunda quinzena de outubro. Em municípios do interior amazonense, como Barcelos e São Gabriel da Cachoeira, onde o nível do rio já é naturalmente mais baixo, o boletim prevê que as mínimas mais expressivas devem ocorrer somente em fevereiro de 2024.

Estado vive crise ambiental e social

Segundo Boletim divulgado pelo governo do Amazonas no domingo, 15, dos 62 municípios do estado, 50 estavam em situação de emergência e 10 em situação de alerta. Segundo diagnóstico do governador amazonense, Wilson Lima (União Brasil), cerca de 500 mil pessoas devem ficar sem acesso à água e comida. Adicionalmente, 690 mil km² de vegetação estão comprometidos por conta da seca.

Manaus, assim como quase todos os municípios do Amazonas, também vive uma severa crise ambiental. Além da seca, que é recorde e tem deixado comunidades isoladas, a cidade precisou fechar escolas nas áreas rurais e sofre prejuízos na navegação de embarcações e com o escoamento de produção do Polo Industrial.

A cidade também enfrenta uma “onda” de fumaça produzida por queimadas ocorridas na região metropolitana. Na última semana, o ar na capital do Amazonas foi considerado um dos piores do mundo. No domingo e nesta segunda choveu na capital, mas ainda não foi o suficiente para aliviar a situação enfrentada pela população.

A capital teve emergência decretada ainda em setembro, quando o nível do rio estava pouco acima dos 16 metros. Durante esse período, os governos municipal e estadual têm atuado para evitar que comunidades mais isoladas sofram com o desabastecimento de água e mantimentos.

Os efeitos também são sentidos na economia. Em entrevista à CNN, o diretor-executivo da Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac), Luís Fernando Resano, afirmou que mais de 60% do que é transportado no rio Amazonas pode deixar de ser, durante o período de estiagem.

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