O Brasil assumiu a presidência rotativa do Mercosul para o segundo semestre de 2025 com uma agenda voltada à ampliação da integração regional. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou cinco áreas prioritárias: comércio, transição energética, desenvolvimento tecnológico, combate ao crime organizado e redução das desigualdades sociais.
A transferência de comando ocorreu na 66ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, realizada em Buenos Aires, Argentina, nesta quinta-feira (03/07), com a presença de líderes dos países-membros — Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai — além da Bolívia, em processo de adesão, e de países associados.
Lula afirmou que o Mercosul representa um mecanismo de estabilidade regional:
“Estar no Mercosul nos protege. Nossa Tarifa Externa Comum nos blinda contra guerras comerciais alheias. Nossa robustez institucional nos credencia perante o mundo como parceiros confiáveis. Enfrentaremos o desafio de resguardar nosso espaço de autonomia em um contexto cada vez mais polarizado”, declarou.
Ele também defendeu o fortalecimento do comércio intrabloco e a modernização dos meios de pagamento em moedas locais.
Além disso, o Brasil quer avançar na incorporação dos setores automotivo e açucareiro às regras comerciais do bloco, além de buscar o fortalecimento da Tarifa Externa Comum (TEC) e mecanismos de financiamento para infraestrutura e desenvolvimento regional.
Durante a presidência anterior, exercida pela Argentina, foi aprovada uma ampliação de exceções à TEC, permitindo maior flexibilidade tarifária para produtos específicos. A medida foi negociada com apoio do Brasil.
Acordos comerciais
Uma das prioridades brasileiras é concluir o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, que aguarda ratificação pelos países envolvidos. Lula também destacou o encerramento das negociações com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), composta por Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça.
Há ainda tratativas para acordos com Canadá, Emirados Árabes Unidos, Panamá e República Dominicana, além da atualização de parcerias com Colômbia e Equador.
Lula defendeu o fortalecimento de vínculos com países asiáticos, como Japão, China, Coreia do Sul, Índia, Vietnã e Indonésia. Para isso, mencionou projetos de infraestrutura como a Rota Bioceânica e as Rotas de Integração Sul-Americana.
Entre as iniciativas previstas está a reativação do Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (Focem), com foco em investimentos em obras e fomento ao comércio regional.
Sustentabilidade e mudança climática
O presidente afirmou que a agenda ambiental terá papel central na presidência brasileira, com destaque para a transição energética e o enfrentamento das mudanças climáticas.
“A realidade está se movendo mais rápido que o Acordo de Paris”, disse.
Lula propôs o lançamento do programa Mercosul Verde, voltado à promoção da agricultura sustentável, rastreabilidade de cadeias produtivas e uso de tecnologias limpas. Ele também destacou o potencial da região em minerais estratégicos, como lítio e cobre, essenciais para a transição energética.
Desenvolvimento tecnológico
O Brasil pretende impulsionar o setor tecnológico no bloco, defendendo maior soberania digital e a descentralização da infraestrutura tecnológica global. Lula citou parceria com o Chile para o desenvolvimento de soluções de inteligência artificial adaptadas à América Latina e defendeu a criação de data centers regionais.
Na área da saúde, a proposta é tornar o Mercosul um polo de desenvolvimento tecnológico, com maior capacidade de produção de vacinas e medicamentos.
Segurança regional
O governo brasileiro também se comprometeu a estudar a criação de uma agência regional de combate ao crime organizado, proposta pela Argentina. A ideia é fortalecer ações integradas contra tráfico de drogas, armas, crimes ambientais e financeiros.
Lula destacou iniciativas já em andamento, como o Comando Tripartite da Tríplice Fronteira e o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, com sede em Manaus.
Participação social
A presidência brasileira pretende reativar o Fórum Empresarial do Mercosul e ampliar o apoio a pequenas e médias empresas. Também estão previstas ações para fortalecer os institutos sociais e de direitos humanos do bloco, além da retomada da Cúpula Social e da realização de uma Cúpula Sindical.
“Sem inclusão social e enfrentamento das desigualdades de todo tipo não haverá progresso duradouro”, declarou o presidente.
Fonte: da Redação, com informações da Agência Brasil.