Em resposta à abertura de investigação, pelos Estados Unidos, relacionada às práticas comerciais do Brasil, a indústria do etanol divulgou nota nesta quinta-feira (17/7) defendendo o combustível produzido no Brasil.
Assinada pela Unica e pela Bioenergia Brasil, a nota destaca a baixa intensidade de carbono e a conformidade com critérios robustos e auditáveis de sustentabilidade do etanol brasileiro.
O argumento da Casa Branca é apurar se as políticas brasileiras restringem ou prejudicam o comércio com empresas norte-americanas. Serão averiguadas atividades relacionadas a serviços de pagamento eletrônico, comércio digital, propriedade intelectual, combate à corrupção, acesso ao mercado de etanol e desmatamento ilegal.
Segundo as entidades, as características do etanol brasileiro representam soluções eficazes e acessíveis para a descarbonização dos transportes, atendendo às exigências ambientais e regulatórias nacionais e a padrões globais de certificação.
Unica e Bioenergia Brasil dizem confiar na condução que o governo dá à crise.
“O comércio bilateral entre Brasil e Estados Unidos, historicamente construído sobre bases de respeito mútuo, precisa ser preservado e fortalecido. Nesse contexto, o etanol é exemplo claro de como uma agenda conjunta pode beneficiar economias, pessoas e o clima global”, diz o texto divulgado pelas entidades.
Desde 2003, com o lançamento dos veículos flex, a combinação entre o uso de etanol hidratado e a mistura obrigatória de etanol anidro na gasolina evitou a emissão de mais de 730 milhões de toneladas de CO₂ equivalente — volume similar ao das emissões anuais totais da Indonésia, a oitava maior emissora do mundo, segundo cálculos das associações.
Destaca, também, a referência brasileira em mobilidade de baixo carbono, com programas como o RenovaBio, o Combustível do Futuro e o Mover.
Barreiras ao etanol de milho
Antes de a crise tarifária imposta pelo presidente Donald Trump contra o Brasil se instaurar, o presidente Lula chegou a reclamar publicamente do não reconhecimento, pelos Estados Unidos, da “safrinha” de milho.
Trata-se dos padrões de uso do solo. O fato de o etanol de milho brasileiro ser prejudicado nas métricas internacionais, notadamente nos EUA e Europa, por metodologias que não reconhecem a redução de emissões por aumento da produtividade na mesma terra, ao longo das safras.
Foi uma agenda prioritária do Brasil nos fóruns internacionais realizados por aqui em 2024. Mais recentemente, ganhou reconhecimento na Organização da Aviação Civil Internacional (icao, em inglês).
Os EUA, potência na produção de etanol de milho seguem resistentes a reconhecer o ciclo de vida da produção nacional, mais limpa que a dos americanos.
Fonte: Agência Brasil