A presença de produtos amazônicos no mercado asiático com mais rapidez é a meta do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. Em missão comercial à China, o ministro Waldez Góes participou de três reuniões sobre a nova rota marítima direta entre a região da Grande Baía (Guangdong‑Hong Kong‑Macau) e o Porto de Santana das Docas, no Amapá. O itinerário marítimo possibilitará exportações da Amazônia com menor custo para a Ásia.
No sábado (16), a delegação brasileira visitou o Porto de Gaolan, em Zhuhai, um dos principais terminais da Grande Baía e ponto estratégico para o fortalecimento do comércio com o Brasil. Ainda na cidade, os representantes do ministério conheceram a sede da Plataforma Integrada de Serviços Econômicos e Comerciais Sino-Latino-Americana, iniciativa que busca facilitar transações comerciais em parceria com a empresa Zhuhai Sino-Lac Amazônia e a Companhia Docas de Santana.
“A rota marítima reduz custos logísticos, diminui o tempo de transporte e fortalece o comércio bilateral. O primeiro navio tem previsão de chegar em breve ao Porto de Santana. Essa conexão amplia a presença dos produtos amazônicos no mercado asiático e intensifica o intercâmbio comercial com a América Latina”, afirmou Waldez Góes.
O Porto de Gaolan entrou em operação há 20 anos e, em 2025, passou a contar com a rota direta para o Amapá, devido ao diálogo político do presidente Lula com o presidente Xi Jinping, que intensificou as relações bilaterais Brasil-China.
De acordo com o CEO da Sino-Lac Amazônia, Marcius Nei Santos, o primeiro navio que saiu de Zhuhai chega a Santana ainda neste mês e está previsto um segundo embarque para setembro. Ele ressaltou que a nova conexão reduzirá drasticamente o tempo de transporte entre a Amazônia e a China.
“Nossa meta é que um navio saindo de Santana chegue a Zhuhai em 30 a 35 dias, o que é excepcional. Hoje, uma carga enviada pelos portos do Arco Norte da região amazônica leva, no mínimo, de 90 a 180 dias para chegar a um porto chinês. Toda essa estrutura vai alavancar a venda e a isenção (de barreiras comerciais) dos produtos brasileiros no mercado chinês”, explicou o CEO da Sino-Lac Amazônia
A área da Grande Baía de Guangdong possui o maior PIB (Produto Interno Bruto) da China. “São 120 milhões de consumidores com um potencial muito grande de absorver os produtos da Amazônia, como açaí, castanhas, peixes, carne bovina, madeira e minérios”, disse Marcius Nei. Além de atender à demanda interna, a partir da Grande Baía, as cargas provenientes do Brasil também podem alcançar outros mercados estratégicos, como Vietnã, Indonésia, Japão e Coreia do Sul.
Durante a visita à sede da Plataforma Integrada de Serviços Econômicos e Comerciais Sino-Latino-Americana, a delegação brasileira conheceu a estrutura de armazéns refrigerados, de congelados e de carga seca, além de dois blocos de prédios exclusivos para o Brasil. Esses espaços têm capacidade para receber até 150 empresas brasileiras interessadas em se instalar na China.
“É uma oportunidade única para que companhias do Brasil abram filiais em Zhuhai e coloquem seus produtos diretamente à disposição do consumidor chinês. É um momento particularmente oportuno porque a relação comercial Brasil-China, que já é a principal do nosso País, tende a crescer ainda mais. Estimamos um potencial para aumentar duas ou três vezes os valores de intercâmbio comercial (nos próximos anos)”, concluiu o CEO da Sino-Lac Amazônia.
O deputado federal Paulo Pimenta (RS), que integrou a comitiva, afirmou que, além da rota já estabelecida entre Gaolan e o Porto de Santana, está em avaliação a criação de uma nova ligação marítima. “Discutimos a possibilidade de ampliação para outras rotas, incluindo o Rio Grande do Sul. Aqui está o futuro, a possibilidade de ampliação das nossas exportações”.
O ministro Waldez Góes ressaltou que a cooperação com a Província de Guangdong abre espaço para diversificar exportações brasileiras e fortalece uma agenda voltada à bioeconomia, à inovação e ao desenvolvimento regional.
“A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial identificou grande potencial para produtos como castanha-do-pará, pimenta e café nos mercados da China, Japão e Europa. Esses produtos possuem valor ambiental, social e econômico, gerando renda para milhares de famílias na Amazônia. O Amapá apresenta condições semelhantes, com destaque para cadeias produtivas sustentáveis e localização estratégica”, ressaltou.
O vice-presidente Zang Song citou o interesse mútuo de Brasil e China em aprofundar suas relações. “Nosso objetivo é consolidar o Porto de Gaolan como eixo de importação das mercadorias brasileiras, permitindo que cheguem diretamente a Zhuhai e sejam distribuídas para toda a Ásia. Com a presente rota marítima, queremos fazer uma rota para navios de contêineres de especialidades”.
Fonte: Belém Negócios