Uma coalizão global formada por quase 40 milhões de empresas de mais de 60 países concluiu um conjunto de 23 prioridades para acelerar o alcance das metas climáticas e fortalecer o papel do setor privado nas negociações globais. Elaboradas pela Sustainable Business COP (SB COP), iniciativa lançada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), as propostas foram apresentadas ao presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, no High-Level Event da SB COP, que ocorreu nesta segunda-feira (22), em parceria com a Bloomberg, durante a Semana do Clima de Nova York.
O evento reuniu autoridades e lideranças empresariais, incluindo Ricardo Mussa, chair da SB COP; Marcelo Thomé, vice-presidente da CNI, presidente da Federação das Indústrias de Rondônia (FIERO) e do Instituto Amazônia+21; e Alex Carvalho, presidente da Federação das Indústrias do Pará (FIEPA). Foram feitos convites para os ministros da Fazenda, Fernando Haddad; do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva; da Casa Civil, Rui Costa; o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin; e o governador do Pará, Helder Barbalho.
Os convidados internacionais incluem Paul Polman, referência global em liderança empresarial na agenda climática; Michael Bloomberg, empresário e ex-prefeito de Nova York; e Teresa Ribera, vice-presidente executiva para uma Transição Limpa, Justa e Competitiva da União Europeia.
Entre as propostas do documento estão a meta de triplicar a capacidade instalada de energia renovável até 2030 e a defesa de um alinhamento dos mercados globais de carbono. As medidas foram definidas com base em cinco ambições que guiam toda a iniciativa:
- Acelerar a transição energética, em linha com a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5ºC;
- Promover apoio financeiro para enfrentar a crise climática, possibilitando crescimento econômico compatível com a agenda climática;
- Garantir uma transição justa, ampliando acesso à energia e ao saneamento básico por meio de infraestrutura urbana sustentável e capacitação de pessoas;
- Fortalecer cadeias de valor sustentáveis, incorporando princípios de economia circular e bioeconomia globalmente;
- Reforçar a colaboração global, alinhando estruturas comuns para mercados de carbono e bioeconomia.
Engajamento do setor privado
Para o presidente do conselho empresarial da SB COP30 e da CNI, Ricardo Alban, a iniciativa reforça o engajamento empresarial nas conferências do clima e reflete a trajetória da CNI na agenda de sustentabilidade.
“Essa coalizão é resultado do compromisso de longa data da CNI em enfrentar as mudanças climáticas. Entre as ações realizadas pela confederação, destaco nossas contribuições para a formulação e implementação de políticas públicas e decisões ambientais internacionais, assim como esforços para incentivar a indústria brasileira a adotar processos produtivos mais sustentáveis”, afirma Alban.
Apesar de a indústria brasileira responder por menos de 10% das emissões de gases de efeito estufa no país, segundo o Sistema de Registro Nacional de Emissões (Sirene), Alban ressalta que o setor sempre teve papel estratégico na promoção de soluções sustentáveis e na aceleração da transição energética.
Além das prioridades para as negociações, a coalizão reuniu cases de sucesso de empresas de todo o mundo, que serão apresentados na COP30, em Belém (PA), como forma de mostrar que o setor privado já tem soluções concretas para apoiar a descarbonização da economia.
O chair da SB COP, Ricardo Mussa, reforça a importância do momento vivido pelo setor privado: “Estamos em um ponto crucial do esforço global para enfrentar as mudanças climáticas. Por meio da SB COP, vimos de perto o poder de unir vozes diversas de comunidades empresariais de todo o mundo. Em um contexto marcado por polarização e incertezas, a iniciativa reforça o valor do diálogo e da ação coletiva. Sabemos que o setor privado tem um papel imprescindível na transição global para uma economia de baixo carbono, e articulação junto a esses tomadores de decisão é o coração da SB COP”.
Recomendações
Os oito grupos de trabalho da SB COP, compostos por CEOs e executivos de empresas brasileiras e multinacionais, elaboraram de duas a três recomendações cada, cobrindo temas estratégicos nas áreas:
- Transição energética;
- Economia circular e materiais;
- Bioeconomia;
- Sistemas alimentares;
- Soluções baseadas na natureza (NbS);
- Cidades sustentáveis;
- Finanças e investimentos para transição;
- Empregos e habilidades verdes.
O que é a SB COP
A SB COP é uma iniciativa global criada pela CNI, para permitir a contribuição do setor privado nas negociações da COP. O documento final é resultado de meses de trabalho dos grupos temáticos, representados por CEOs e altos executivos de empresas brasileiras e multinacionais, como Natura, JBS, Solvay, Ambipar, MRV, Schneider Electric, eB Climate, re.green, além de parceiros institucionais, incluindo o Fórum Econômico Mundial, o ICC, as redes Brasil e Austrália do Pacto Global da ONU, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o International Finance Corporation (IFC), entre outros.
Em junho deste ano, a SB COP passou a integrar oficialmente a Marrakech Partnership for Global Climate Action, da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). A plataforma articula iniciativas de atores não-estatais para acelerar a implementação do Acordo de Paris.
Fonte: Agência de Notícias da Indústria