O município de Caracaraí, localizado ao sul de Roraima, entrou no radar de pesquisadores e investidores depois da identificação de uma elevada concentração de terras raras em uma área privada de 36 hectares, conhecida como Complexo Mineral Barreira. O levantamento, conduzido por especialistas da Universidade Federal de Roraima (UFRR), aponta a presença de elementos em níveis muito acima do esperado, o que pode transformar a cidade em referência estratégica para o setor mineral no estado.
As terras raras, um grupo de 17 elementos químicos essenciais para a produção de baterias, turbinas eólicas, celulares e outros equipamentos de alta tecnologia, são consideradas o “ouro do século XXI”. Hoje, a maior parte da produção mundial está concentrada na China, o que torna qualquer nova descoberta um ativo de grande valor geopolítico e econômico.
A pesquisa vem sendo conduzida por três especialistas da UFRR: o doutor em bioestratigrafia Vladimir de Souza, o doutor em geociências Carlos Eduardo Lucas Vieira e a doutoranda e mestre em geofísica Lorena Malta Feitosa. O grupo iniciou os estudos em agosto, após convite dos proprietários da área, e desde então vem analisando o potencial mineral do terreno localizado em Caracaraí.
Atualmente, o trabalho está na fase de caracterização mineralógica, etapa que busca identificar a variedade e a quantidade de minerais presentes nas amostras coletadas. De acordo com os pesquisadores, os primeiros resultados chamaram a atenção por estarem muito acima dos padrões esperados, revelando elevada concentração de terras raras e de outros elementos considerados críticos para setores estratégicos, como a indústria tecnológica e a transição energética.
Para o geólogo Vladimir de Souza, a presença de terras raras em Roraima não chega a ser uma novidade. No entanto, algumas áreas se destacam por concentrarem teores muito superiores à média, como é o caso da propriedade em Caracaraí.
“Tem a ocorrência e os valores desta ocorrência estão bem acima do normal encontrado. Então, você encontra [elementos com teores] 100 vezes acima do que é normal. Já é um bom indicativo, porque as outras ocorrências que a gente encontra são pequenas, com um elemento muito alto. Essa área tem vários elementos com altíssima concentração”, explicou Vladimir ao Grupo Rede Amazônica.
Caracaraí, que historicamente tem sua economia baseada na pecuária e na agricultura de subsistência, pode estar diante de uma mudança estrutural significativa. A eventual exploração de terras raras no município tem potencial para gerar empregos, atrair investimentos e ampliar a arrecadação local, mas também levanta preocupações quanto aos impactos ambientais e à necessidade de regulação adequada.
Fonte: da redação com informações do G1 Roraima
