Anfitrião da COP28, Emirados Árabes planejam aumentar produção de fósseis

O CAT observa que há “muito pouca ação na economia real”, já que o plano é continuar aumentando a produção e consumo de combustíveis fósseis
Tendência de longo prazo ainda é de perda de espaço dos combustíveis fósseis e avanço de fontes renováveis. Foto: Andriy Onufriyenko/Getty Images

Os Emirados Árabes Unidos apresentaram na semana passada a terceira atualização da sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, em inglês) para cortar emissões e ajudar o planeta a limitar o aquecimento a 1,5°C até 2100, mas o plano ainda é insuficiente, segundo cientistas do Climate Action Tracker (CAT).

O país foi escolhido para sediar, em novembro deste ano, a 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28) e é um dos primeiros a apresentar uma nova NDC à ONU.

Embora o governo tenha aumentado sua ambição climática, o CAT observa que há “muito pouca ação na economia real”, já que o plano é continuar aumentando a produção e consumo de combustíveis fósseis.

De acordo com relatório publicado hoje (20/7), as emissões continuarão aumentando até 2030, quando deveriam cair 35% abaixo dos níveis de 2021 para serem compatíveis com 1,5°C.

“Por causa de sua nova e mais forte meta NDC, a classificação geral do CAT para os Emirados Árabes Unidos melhorou de ‘Altamente insuficiente’ para ‘Insuficiente’, mas com incertezas sobre como planejam atingir a meta, seus desenvolvimentos planejados de combustíveis fósseis também o tornariam inatingível”, explica o documento.

A nova NDC estabelece uma meta de redução de emissões para 185 MtCO2e até 2030 (excluindo mudança de uso da terra e silvicultura), uma redução de 14% em relação à meta anterior e 13% abaixo dos níveis atuais. 

O CAT classifica esse objetivo como “Quase suficiente” no cenário doméstico e “Altamente insuficiente” em comparação com a parcela justa do país em relação às demais economias – ambas as subclassificações melhoraram com a nova NDC.

A atualização da Estratégia de Energia para 2050 do sétimo maior produtor de petróleo do mundo inclui meta de capacidade de “energia limpa” de 30% até 2030 e investimentos de US$ 54 bilhões em energias renováveis ​​nos próximos sete anos. 

“No entanto, a estratégia ainda prevê um grande papel para o gás fóssil em 2050, o que está em desacordo com a meta declarada dos Emirados Árabes Unidos de atingir emissões líquidas zero até então”, observa o CAT.

Concorrendo com a ambição climática está a meta de alcançar a autossuficiência de gás natural e aumentar as exportações de O&G. 

O país tem investido fortemente na produção de gás offshore, após a descoberta de campos de até 57 bilhões de m³. 

A empresa nacional de petróleo dos Emirados Árabes Unidos (Adnoc) – cujo CEO é o presidente designado da COP28 – estabeleceu um plano de investimento de US$ 150 bilhões para a expansão de petróleo e gás.

Entre as estratégias para avançar com o O&G de forma menos agressiva ao clima está o desenvolvimento de projetos de captura e armazenamento de carbono e captura direta de ar. Falta, no entanto, especificar a escala de reduções e remoções de CO2 que esses investimentos pretendem alcançar.

Fonte: Agência epbr

Revista PIM Amazônia