BNDES estuda elétricos no transporte urbano em mais de 30 cidades

A instituição de fomento está desenvolvendo uma carteira de projetos para as 21 regiões metropolitanas do Brasil

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está olhando para a eletrificação do transporte urbano em mais de 30 cidades brasileiras, segundo a diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática, Luciana Costa. Ela participou na terça (12) de um evento do banco para apresentar a ambição climática na área de infraestrutura.

A instituição de fomento está desenvolvendo uma carteira de projetos para as 21 regiões metropolitanas do país.

“Mobilidade urbana é uma das rotas importantes de descarbonização, junto com hidrogênio verde, e já faz sentido do ponto de vista de investimento, de retorno, substituir ônibus a diesel, por ônibus elétrico”, defendeu.

Ela conta que o BNDES enxerga um potencial enorme nessa área, do ponto de vista de investimentos, com espaço para diferentes players atuarem – setor privado, bancos, mercado de capitais, instituições multilaterais e fundos de investimentos.

Com uma frota de 107 mil ônibus, o Brasil tem atualmente cerca de 350 veículos eletrificados no transporte público. Renovar toda essa frota levaria 13 anos, a um custo de cerca de R$ 214 bilhões.

O desafio da eletrificação é a estruturação do Capex, porque o Opex é muito favorável. É uma tendência mundial. 43% da poluição dos grandes centros urbanos vem de ônibus e não só de gases do efeito estufa, mas de material particulado, que faz muito mal para saúde”, comenta a diretora.
 
No caso do capex, Luciana avalia que o desenvolvimento de um mercado de carbono no Brasil, ao precificar a externalidade negativa do consumo de fósseis, pode acelerar essa transição.
 
“É uma forma de o Brasil se reindustrializar em bases verdes, porque nós já temos uma indústria de ônibus no país”. 

No início de junho, a brasileira Eletra anunciou o investimento de R$ 150 milhões em um portfólio de ônibus elétricos, durante inauguração de sua fábrica em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, com a presença do presidente Lula (PT). 

Na ocasião, Lula defendeu o papel do Estado no fortalecimento da indústria nacional, e encomendou ao ministro da Educação, Camilo Santana (PT/CE), a renovação das frotas de ônibus escolares.

“Nossa frota de ônibus já está muito velha. (…) É preciso renovar para vender mais ônibus, gerar mais empregos e fazer a economia brasileira andar para frente”, disse Lula. 

A eletrificação também deve entrar no plano de transição ecológica do Ministério da Fazenda. De acordo com o G1, Lula quer apresentá-lo na cúpula que vai reunir países da América do Sul e da União Europeia semana que vem na Bélgica.

    Infraestrutura para transição. Para Luciana, a transição energética não vem dissociada de uma retomada de investimento em infraestrutura. 

    “Se nós formos grandes exportadores de produtos verdes, vamos ter que adequar portos, vamos ter que adequar a logística”.

    Ela chamou a atenção para o papel do banco de fomento como indutor de investimentos em infraestrutura e disse que a ambição, junto com mercado de capitais, deve ser em direção à transição energética.

    “É um mundo de trilhões de dólares de investimento e que tende a ser inflacionário. Então o papel dos bancos de fomento aumenta, não somente no Brasil mas no mundo todo”. 

    Segundo estimativas da Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base), o Brasil precisará de R$ 3,7 trilhões em investimentos, nos próximos dez anos, em mobilidade urbana, energia, saneamento, transporte e logística.

    transição tem que ser justa e contar com todos os tipos de financiamento, porque o mercado privado sozinho não dará conta de preencher todas as lacunas de investimentos, diz Luciana.
     
    “É muito mais sobre como a gente vai se organizar e aumentar os investimentos no Brasil. A chancela do BNDES atrai mercado de capitais privados”.
     
    Outro ponto é que janela para o Brasil se posicionar na economia verde deve se fechar em 2030, avalia, já que o resto do mundo está correndo atrás para estabelecer cadeias de suprimento para a transição, e parte desse mercado tem mais capital e com um custo menor que o Brasil. 
     
    “Estamos atrasados, mas ainda dá tempo. Com regulação, com incentivos e subsídios corretos para as indústrias do futuro, de baixo carbono”, completa.

    Fonte: Agência epbr

      Entrevistas

      Rolar para cima