Brasileiro que estava desaparecido após ataque do Hamas é encontrado morto

Corpo de Ranani Nidejelski Glazer, de 24 anos, foi reconhecido pelo pai do jovem, segundo informações da família. Governo federal confirmou a morte e manifestou "profundo pesar". Outras duas brasileiras seguem desaparecidas
Ranani Nidejelski Glazer. Foto: reprodução do Instagram da vítima

Da Redação, com informações da CNN e Agência Brasil

A rede CNN divulgou na segunda-feira, 9, que a família do brasileiro Ranani Nidejelski Glazer, de 24 anos, confirmou a morte do jovem, que estava desaparecido desde o último sábado, quando os terroristas do grupo Hamas iniciaram o ataque a Israel e invadiram uma rave (festa de música eletrônica) que ocorria a apenas 30 km da Faixa de Gaza.

Segundo a CNN um primo do jovem informou à reportagem que o pai de Ranani reconheceu o corpo do rapaz. Nesta terça-feira, 10, o Governo brasileiro confirmou a morte e manifestou, por meio de nota “profundo pesar”. A nota diz ainda que “Ao solidarizar-se com a família, amigas e amigos de Ranani, o Governo brasileiro reitera seu absoluto repúdio a todos os atos de violência, sobretudo contra civis.”

Ranani chegou a postar um vídeo em uma rede social, quando estava em um bunker (esconderijo construido para resistir a bombardeios), com a namorada, Rafaela Treistman. O esconderijo foi descoberto e atacado pelo Hamas. A namorada sobreviveu e o jovem, inicalmente, foi dado como desaparecido. Ele vivia em Israel há aproximadamente sete anos, e residia em Tel Aviv, onde trabalhava como entregador.

Ranani nasceu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e trabalhou anteriormente como editor de vídeos e designer de propagandas animadas.

A namorada do jovem, Rafaela Treistman, relatou em entrevista exclusiva à CNN os momentos de pânico. “Eu não lembro direito das coisas. Sei que em uma hora ele estava comigo, estávamos em um canto, abraçados, e em outra hora ele não estava mais. Eu estava tão desorientada que perguntava para uma menina que estava do meu lado ‘Ranani, é você?’. E ela não respondia”, conta.

Bruna Valeanu (à esquerda) e Karla Stelzer seguem desaparecidas. Foto: Reprodução/ Redes sociais/CNN

Brasileiras – Outras duas brasileiras seguem desaparecidas após o início do conflito entre Hamas e Israel: a carioca Bruna Valeanu, de 24 anos, que mora em Israel desde 2015; e Karla Stelzer, também carioca.

Uma irmã de Bruna confirmou o desaparecimento da jovem nas redes sociais. A jovem estuda Comunicação e Sociologia/Antropologia na Universidade de Tel Aviv. Ela também foi instrutora de tiro das Forças de Defesa de Israel durante dois anos, entre 2018 e 2020.

Karla, segundo informações repassadas à CNN por um amigo dela, tem um filho que também mora em Israel. Ele relatou o que seria o último áudio enviado por Karla a uma amiga. Na mensagem, ela teria dito que estava junto a pelo menos outras três pessoas.

No início, ainda segundo a descrição, acharam que os foguetes eram fogos de artifício da festa e afirmaram que estavam fugindo do local.

A mãe de Karla, Regina Stelzer, também confirmou nas redes sociais o desaparecimento da filha, e disse que ela estava acompanhada do namorado, o israelense Gabriel Azulay, que também está desaparecido.

FAB deve retirar 900 brasileiros de Israel até sábado

O governo brasileiro estima retirar 900 brasileiros entre esta terça-feira, 10, até sábado, 14, que estão em Israel e na Palestina, informou o comandante da Aeronáutica, Marcelo Damasceno.

De acordo com o Itamaraty, a prioridade é a repatriação de quem mora no Brasil ou não tem passagem aérea de volta. Até o momento, 1,7 mil brasileiros manifestaram interesse em retornar ao Brasil, em razão do conflito entre Israel e o grupo Hamas iniciado no fim de semana. A maioria é de turista que está em Israel.

Foram reservadas seis aeronaves para a retirada dos brasileiros. O segundo avião da Força Aérea Brasileira (FAB) deixou a Base Aérea de Brasília nesta segunda-feira. O KC-30 decolou às 16h20 rumo à cidade de Roma, na Itália. De lá, ele seguirá para Tel Aviv, em Israel.

O primeiro, um Airbus A330-200 convertido em um KC-30 com capacidade para 230 passageiros, saiu do Brasil na tarde do domingo (8) e já está na capital italiana, devendo decolar em direção a Tel Aviv até esta terça-feira.

Faixa de Gaza – Em relação aos brasileiros que estão na Faixa de Gaza, região mais afetada pelo conflito, o governo prepara um plano de evacuação, coordenado pela Embaixada do Brasil no Cairo (Egito).

“O Escritório de Representação em Ramala segue em contato com os brasileiros na Faixa de Gaza e, tendo em conta a deterioração das condições securitárias na área, está implementando plano de evacuação desses nacionais da região, em coordenação com a Embaixada do Brasil no Cairo”, diz nota do ministério.

O Itamaraty estima que ao menos 30 brasileiros vivem na Faixa de Gaza e outros 60 em Ascalão e em localidades na zona de conflito.

ONU pede ajuda humanitária para palestinos

No terceiro dia de conflito, Israel convocou 300 mil reservistas, realizou mais de 2 mil bombardeios à Faixa de Gaza e impôs um bloqueio à região, impedindo a entrada de comida, água e combustível, em reação aos ataques armados do Hamas, movimento islâmico que controla Gaza.

Já o Hamas disse que irá executar reféns israelenses para cada bomba disparada por Israel que atingir civis. Segundo o grupo, são mais de 100 prisioneiros.

Desde sábado, quando o Hamas iniciou os ataques, foram identificados mais de 1.500 mortos, sendo 900 em Israel e 600 em Gaza. Os feridos somam 5 mil.

Os secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu ajuda humanitária internacional aos civis palestinos na Faixa de Gaza e o fim dos ataques a Israel e aos territórios palestinos ocupados.

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, solicitou a intervenção das Nações Unidas para impedir “agressão israelita em curso”. Segundo ele, é preciso prevenir uma situação de catástrofe humanitária, sobretudo na Faixa de Gaza.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, propôs um governo de união nacional, com a participação de líderes de oposição. Ele destacou que as ações são apenas o início da retaliação ao Hamas.

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