O banco de desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF) vai investir US$ 2,5 bilhões até 2030 para contribuições a economia azul sustentável na região. O anúncio foi feito pelo presidente executivo da instituição, Sergio Díaz-Granados, neste sábado (7/6), durante o Fórum de Economia Azul e Finanças (BEFF), em Mônaco.
Os recursos serão direcionados para projetos que visem a preservação dos oceanos, incentivar o turismo responsável, promover a pesca artesanal, gerenciar os litorais da região, conservar e restaurar ecossistemas marinhos, desenvolver tecnologias limpas e energias oceânicas renováveis, descarbonizar portos e o transporte marítimo.
O montante a ser investido é duas vezes maior do que o compromisso de reforçar na Conferência de Lisboa de 2022, já alcançado, e consolidar o CAF como o organismo multilateral líder em financiamento azul.
A nova estratégia do CAF para economia azul fixa um marco abrangente para o desenvolvimento de sistemas produtivos sustentáveis em torno dos oceanos, tornando o banco não apenas fonte de financiamento, mas parceiro dos países que executarão planos de desenvolvimento costeiro e marinho.
Essa estratégia tem quatro pilares: financiamento, diplomacia azul, educação e fortalecimento de capacidades e geração de valor local.
“Esse compromisso financeiro reflete não apenas o esforço do CAF para proteger os ecossistemas marinhos da região, mas também nossa ambição de sermos os principais acontecimentos da economia azul sustentável e regenerativa na América Latina e no Caribe. Reafirmamos assim nosso compromisso com um futuro em que as riquezas e a sustentabilidade caminhem juntas na proteção dos oceanos, essenciais para o futuro do planeta”, afirmou o presidente executivo do CAF, Sergio Díaz-Granados.
Entre 2022 e 2025, o CAF mobilizou US$ 1,32 bilhão para projetos de economia azul sustentável — a meta era de US$ 1,25 bilhão. Os recursos foram aplicados em 17 operações de crédito e 18 ações de cooperação técnica, beneficiando 16 países da América Latina e do Caribe.
Veja as linhas de investimento dos US$ 2,5 bilhões do CAF para economia azul:
- Recursos marinhos-costeiros: gestão ou aproveitamento de recursos marinhos-costeiros para fins produtivos ou comerciais, bem como a conservação e restauração de ecossistemas marinhos.
- Energia azul: promoção, pesquisa e desenvolvimento de energias renováveis provenientes do oceano e aproveitamento dessas fontes para reduzir a pegada de carbono das atividades marinhas-costeiras.
- Turismo e atividade: promoção de práticas turísticas e recreativas responsáveis, que protegem e conservam os ecossistemas marinhos-costeiros.
- Inovação e tecnologia: pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias para a exploração e o aproveitamento sustentável dos recursos marinhos-costeiros, biotecnologia marinha, engenharia de estruturas offshore, infraestrutura digital, desenvolvimento de dados e outros.
- Governança: fortalecimento da governança e das capacidades institucionais para a gestão sustentável dos recursos marinhos-costeiros, como a consolidação ou criação de marcos legais, políticas públicas coerentes e a articulação entre atores públicos, privados e comunidades.
No fórum de Mônaco, Lula cobra países ricos por mais recursos para salvar oceanos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu maior financiamento internacional para a proteção das águas e criticou a queda nos recursos destinados ao desenvolvimento sustentável. O chefe do executivo discursou no domingo (8/6), Dia Mundial do Oceano, no Fórum sobre Oceanos, realizado em Mônaco.
Lula disse que os oceanos movimentam US$ 2,6 trilhões por ano, o que corresponderia à quinta maior economia do planeta, além de regularem o clima e concentrarem 80% das rotas comerciais e 97% do tráfego mundial de dados.
Apesar dessa relevância, afirmou, o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14 — direcionado à conservação marinha — é um dos menos financiados da Agenda 2030, com um déficit anual estimado em 150 bilhões de dólares.
Segundo o discurso de Lula, a assistência oficial ao desenvolvimento encolheu 7% em 2024, enquanto os gastos militares das nações ricas cresceram 9,4%. “Isso mostra que não falta dinheiro; o que falta é disposição e compromisso político para financiar”, afirmou o presidente.
Lula anunciou que fará do tema uma das prioridades de sua presidência no G20 e na COP30, em Belém (PA), e destacou o “mapa do caminho Baku-Belém”, elaborado com o Azerbaijão, para destravar negociações climáticas.
O presidente citou ainda iniciativas internacionais, como a Bolsa Verde, que remunera 12 mil famílias em unidades de conservação marinhas, e uma carteira de 70 milhões de dólares do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a economia azul, que inclui planejamento espacial marinho, recuperação de manguezais e descarbonização da frota naval.
O Novo Banco de Desenvolvimento do Brics, acrescentou, já liberou 2,6 bilhões de dólares para projetos de água e saneamento.
Lula encerrou o discurso convocando um “mutirão” global para cumprir compromissos: “Ou nós agimos, ou o planeta corre risco”, afirmou.
Fonte: Eixos