A menos de cem dias do início da COP30, representantes de 25 países enviaram uma carta à organização do evento e à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) pedindo providências diante dos altos custos de hospedagem e da infraestrutura precária em Belém (PA), cidade escolhida para sediar a conferência climática da ONU.
O texto, obtido pela Folha de S.Paulo, critica diretamente a escalada dos preços em hotéis, a escassez de acomodações, a dificuldade de mobilidade urbana e os problemas de segurança na capital paraense. Os signatários cobram garantias mínimas de estrutura e sugerem a transferência de parte do evento, caso as questões não sejam resolvidas.
“Se a COP inteira for mesmo acontecer em Belém, essas condições precisam ser garantidas”, afirma a carta. “Se não forem atendidas, não teremos chance de chegar a um resultado de sucesso”.
Entre os países que assinam o documento estão nações desenvolvidas como Suécia, Suíça, Canadá, Bélgica e Áustria, além de blocos como o Grupo de Países Menos Desenvolvidos (LDC) e o Grupo de Negociadores Africanos.
Preocupação internacional
Apesar de reconhecerem o empenho do governo brasileiro na organização do encontro e valorizarem a escolha simbólica da capital paraense como sede da conferência, os autores da carta deixam claro o aumento da pressão diplomática sobre o Palácio do Planalto. A realização da COP30 é vista pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como uma oportunidade estratégica para reforçar sua agenda ambiental no cenário global.
Hospedagem encarece e preocupa delegações
Desde o anúncio de Belém como sede, os preços das hospedagens dispararam. A falta de leitos passou a ser tratada como um dos principais entraves logísticos da conferência. Como resposta, o governo federal estuda alternativas como o uso de casas do Minha Casa, Minha Vida, escolas públicas, Airbnb e até navios atracados na região para atender à demanda.
Há ainda investigações internas para apurar possíveis abusos por parte do setor hoteleiro. A plataforma oficial de hospedagem foi lançada com atraso e, até o momento, está disponível apenas para delegações governamentais.
Entre os compromissos assumidos pelo governo brasileiro estão:
- Garantir 15 quartos por até US$ 200 para países menos desenvolvidos e insulares;
- Disponibilizar 10 quartos por até US$ 600 para os demais países.
Esses 2.500 quartos, no entanto, correspondem a apenas 5% da demanda total estimada para o evento, que deve reunir cerca de 50 mil participantes.
Resistência às soluções propostas
A carta também revela insatisfação com a sugestão do governo brasileiro para que os países reduzam o tamanho de suas delegações. Os signatários argumentam que, devido à complexidade das negociações da COP — que ocorrem em diversas frentes simultâneas —, não há margem para cortar representantes.
Além disso, o grupo reclama da falta de clareza nos critérios de alocação de hospedagem e questiona a possibilidade de compartilhamento de quartos como forma de reduzir custos.
Fonte: da redação com informações do Info Money