A comunidade científica e tecnológica da Amazônia entregou, no dia 20 de agosto, uma carta ao presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, durante encontro realizado na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em Manaus. O documento é fruto de um esforço coletivo que envolveu dezenas de instituições e centenas de pesquisadores da região, com propostas concretas para orientar debates e decisões da Conferência do Clima, marcada para novembro, em Belém.
O texto da carta está estruturado em seis eixos temáticos, entre eles a transição energética, a gestão sustentável de florestas, a transformação dos sistemas alimentares e a resiliência das cidades. As recomendações incluem o afastamento dos combustíveis fósseis, a reversão do desmatamento ilegal, a criação de linhas de financiamento climático e a adoção de tecnologias digitais e de inteligência artificial para monitorar o meio ambiente e prever eventos extremos.
O diretor do Inpa, professor Henrique Pereira, destacou que o documento reforça a presença da ciência na Amazônia: “Nós nunca fomos um vazio demográfico e muito menos somos um vazio científico. A Amazônia está povoada pela ciência e pelos cientistas”, ressaltou.
Já o reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Gilmar Pereira da Silva, afirmou que a carta representa décadas de pesquisa acumulada na região: “A carta é o resultado de décadas de pesquisa na região amazônica e este é o recado que precisa ser ouvido”, disse.
Ao receber o documento, o presidente da COP30 ressaltou o papel estratégico da ciência brasileira no cenário climático global.
“Eu recebo este documento hoje com tanto entusiasmo, porque o Brasil tem ciência sim! A Amazônia tem muito a contribuir para o mundo e a escolha de realizar a COP na região terá um impacto extraordinário para mostrar soluções que podem transformar o futuro”, afirmou André Corrêa do Lago.
O evento contou com a presença da primeira-dama Rosângela “Janja” Lula da Silva, enviada especial da COP30 para questões de gênero, além dos ministros Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência) e Luciana Santos (Ciência e Tecnologia).
A entrega da carta consolida um movimento que busca fortalecer o protagonismo amazônico nos debates climáticos, levando à COP30 propostas que unem ciência, inovação e saberes tradicionais para enfrentar a crise climática de forma justa e sustentável.