Manaus lidera importações brasileiras em 2025
Entre janeiro e agosto, Manaus se consolidou como o maior polo importador do país. Segundo levantamento da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), a capital amazonense registrou US$ 10,93 bilhões em compras externas para abastecer o Polo Industrial de Manaus, valor que superou Itajaí (SC), com US$ 10,78 bilhões, e São Paulo (SP), com US$ 6,65 bilhões.
O feito de Manaus chama atenção não apenas pelo volume movimentado, mas também por ter deixado para trás centros consolidados do comércio exterior brasileiro, como Petrópolis, Rio de Janeiro (RJ), Santos e Paulínia (SP).
Os insumos que chegam do exterior passam por processos industriais no PIM, sendo combinados a componentes nacionais. Dessa transformação saem televisores, motocicletas, celulares e equipamentos de informática que abastecem todo o território brasileiro. Essa engrenagem movimenta a economia regional, garante milhares de empregos e fortalece a arrecadação do Estado.
O destaque da pauta de importações de Manaus em 2025 foi o segmento de circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos, responsável por US$ 1,83 bilhão. Esses itens são fundamentais para a produção de bens de alta tecnologia, que chegam ao consumidor final com padrão competitivo de qualidade e preço, consolidando o papel da capital como centro estratégico da indústria brasileira.
Roraima, enfim, conectada ao Sistema Interligado Nacional
O início da interligação elétrica de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN) aconteceu em 10 de setembro, em fase de testes, marcando um momento histórico para o estado, que até então era o único do país a depender exclusivamente de usinas termelétricas movidas a combustíveis fósseis. Na data, teve início um processo de transição para o desligamento gradual dessas unidades, substituídas pela energia transmitida pelo linhão Manaus-Boa Vista.
O empreendimento, licitado há 14 anos, enfrentou um percurso cheio de entraves antes de se tornar realidade. Questões relacionadas ao licenciamento ambiental, sobretudo pelo fato de cruzar terras indígenas Waimiri Atroari, atrasaram a obra por mais de uma década. Agora concluído, o projeto oferece a Roraima não apenas segurança no fornecimento de energia, mas também perspectivas de desenvolvimento econômico, abrindo caminho para a instalação de novas indústrias no estado.
Do ponto de vista financeiro, o impacto é imediato: a substituição da energia térmica importada para abastecer as usinas locais deve gerar economia superior a R$ 600 milhões por ano. Esses recursos antes saíam da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), encargo pago por todos os brasileiros na fatura de luz, o que significa que a interligação ajudará a aliviar a conta de energia em todo o país.
Segundo estimativa do Governo Federal, a redução do uso de termelétricas vai cortar mais de 1 milhão de toneladas anuais de emissões de CO₂, um ganho expressivo em tempos de crescente preocupação com mudanças climáticas.
Conhecido como Linhão de Tucuruí, o projeto é operado pela concessionária Transnorte Energia (TNE), controlada pela Eletrobras e pela Alupar. No total, foram construídos 724 quilômetros de linhas de transmissão em 500 mil volts e três subestações, em um investimento que somou R$ 3,3 bilhões.
Hidrovias do Norte entram na lista de concessões do Governo
O Governo Federal autorizou a inclusão das hidrovias dos rios Madeira, Tocantins e Tapajós no Programa Nacional de Desestatização (PND), abrindo caminho para que sua administração seja transferida à iniciativa privada. Segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), os projetos estão em fase de estudo, mas já são considerados estratégicos para o escoamento de grãos produzidos em Mato Grosso.
A hidrovia do Rio Madeira, com 1.075 quilômetros entre Porto Velho (RO) e Itacoatiara (AM), é a segunda mais importante do Corredor Logístico Norte. Integrada à hidrovia do Amazonas e à BR-364, tornou-se essencial para o transporte de soja, milho e açúcar até os portos da região.
No Rio Tocantins, que se estende por 1.731 quilômetros entre Belém (PA) e Peixe (TO), já há navegação comercial entre Marabá (PA) e Barcarena (PA). Para ampliar o potencial da hidrovia, a Antaq aponta a necessidade de obras como dragagem e remoção de pedras em trechos críticos.
A hidrovia do Rio Tapajós, de 250 quilômetros entre Itaituba (PA) e Santarém (PA), é vista como rota promissora para o escoamento de grãos em direção a portos como Santarém (PA), Santana (AP) e Barcarena (PA). Seu crescimento dependerá do avanço da duplicação da BR-163 e da construção da Ferrogrão.
A Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado aprovou o tema para audiência pública: a concessão das hidrovias amazônicas será debatida oficialmente no Senado, a partir do requerimento 68/2025-CI do senador Plínio Valério (PSDB-AM). A audiência ainda não tem data marcada.
Porto Velho abre mais de 5,8 mil empresas e assume liderança no empreendedorismo rondoniense
Porto Velho encerrou o primeiro semestre de 2025 com 5.810 novas empresas registradas, de acordo com dados oficiais da Secretaria Municipal de Desenvolvimento da Cidade (Semdec). O volume não apenas garantiu a liderança no ranking estadual, como também representou um crescimento expressivo de 29,17% em relação ao mesmo intervalo de 2024.
Nos últimos anos, a prefeitura tem apostado em medidas de desburocratização e digitalização de processos, o que reduziu prazos para abertura de empresas e ampliou o acesso a licenciamento.
Entre os setores, o de serviços permanece como o motor central da atividade econômica em Porto Velho. Somente no primeiro semestre de 2025, foram 11.849 novas empresas abertas na área, reafirmando a predominância desse segmento no mercado local. A diversidade vai de pequenos empreendimentos de alimentação, logística e transporte até serviços de tecnologia e educação, setores que têm acompanhado o crescimento urbano da capital.
Os números evidenciam uma tendência de diversificação: se por um lado o agronegócio continua sendo um dos pilares econômicos de Rondônia, por outro, a capital desponta como espaço de inovação e empreendedorismo urbano, com protagonismo do setor terciário.
Produção de motocicletas no PIM tem melhor agosto desde 2011
Em agosto, o Polo Industrial de Manaus registrou 185.952 motocicletas fabricadas, o melhor desempenho do ano e o maior volume para um agosto desde 2011. O crescimento foi puxado tanto na comparação anual quanto na sequência mensal, alta de 13,4% sobre agosto de 2024 e de 32,6% em relação a julho.
No varejo, o movimento foi similar em escala: 185.515 motocicletas licenciadas em agosto, 13,2% acima do mesmo mês do ano passado, embora com leve retração de 4% na passagem de julho para agosto.
As exportações seguem com comportamento misto: 2.942 unidades embarcadas em agosto (queda de 11,9% ante agosto de 2024, mas avanço de 9,8% frente a julho). No acumulado de janeiro a agosto, o Brasil exportou 24.232 motocicletas, 9,3% a mais que no mesmo período do ano anterior.
O resultado confirma que, mesmo com oscilações mensais no comércio exterior e no varejo, o PIM voltou a acelerar a produção neste ano, e agosto ficou marcado como o ponto mais alto do calendário até aqui.
Estrada de R$ 5 bilhões ligará Guiana a Roraima
A Guiana anunciou a construção de uma estrada avaliada em cerca de R$ 5,4 bilhões (aproximadamente US$ 1 bilhão) para ligar a capital, Georgetown, à cidade de Lethem, na fronteira com Roraima. O projeto prevê uma rodovia de cerca de 500 quilômetros, com previsão de conclusão até 2030, segundo informou o Ministério de Obras Públicas à agência de notícias Agence France-Presse (AFP)
Atualmente, o transporte de mercadorias entre a costa atlântica da Guiana e a fronteira brasileira é feito em um percurso que pode levar até 21 dias. Com a nova rodovia, esse tempo cairá para aproximadamente 48 horas, de acordo com estimativas do governo guianês.
O traçado da estrada passa pela região conhecida da Linden-Lethem Road, também chamada de “El Sendero”, cortando florestas tropicais, planícies e colinas até a fronteira. O projeto foi dividido em quatro trechos e prevê a construção de cerca de 50 pontes. Atualmente, a viagem leva cerca de 15 horas em estradas de terra, com dificuldades agravadas pela chuva e poeira durante os períodos de seca.
A iniciativa ocorre em meio a um cenário de forte crescimento econômico na Guiana, impulsionado pelas reservas de petróleo. Em 2015, o país possuía um PIB de U$ 4,2 bilhões; em 2024, esse valor saltou para U$ 24 bilhões. O país registrou expansão de 63% em 2022, 34% em 2023 e 43% em 2024, segundo o Banco Mundial. Segundo uma fonte anônima citada pela AFP, a estrada também terá função estratégica, facilitando o transporte de tropas e equipamentos militares para a região de Essequibo, território administrado pela Guiana, mas reivindicado pela Venezuela há décadas.
Projeto que cria Zona Franca da Bioeconomia em Belém recebe aval na Câmara
A Câmara dos Deputados deu um passo importante para o fortalecimento da bioeconomia na Amazônia. A Comissão de Desenvolvimento Econômico aprovou a criação da Zona Franca da Bioeconomia, em Belém (PA), que funcionará como um polo de estímulo a empresas comprometidas com práticas sustentáveis e de baixo carbono. O modelo será baseado em um pacote de incentivos fiscais, mas condicionado ao cumprimento de exigências sociais e ambientais.
Na prática, companhias instaladas na área terão isenção integral do Imposto de Importação (II) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para insumos vindos do exterior, desde que destinados à cadeia da bioeconomia. Os produtos fabricados no polo e exportados também estarão livres do Imposto de Exportação (IE). Esse regime especial terá duração de cinco anos.
A proposta aprovada não é idêntica à original. O relator, deputado Alexandre Guimarães (MDB-TO), apresentou um substitutivo ao Projeto de Lei 4958/23, de autoria da deputada Elcione Barbalho (MDB-PA). Enquanto o texto inicial falava em uma área de livre comércio com regime fiscal diferenciado, o parecer reformulou o alcance da iniciativa, priorizando a bioeconomia como eixo central.
O conceito adotado está alinhado à Estratégia Nacional de Bioeconomia, instituída pelo Decreto 12.044/24. De acordo com esse marco, a atividade deve unir ciência e saberes tradicionais, respeitar valores éticos e inclusivos e buscar soluções para a sustentabilidade e para o equilíbrio do clima.
Para evitar distorções, o parecer estabelece salvaguardas: só terão direito às isenções empresas que comprovarem o uso sustentável da biodiversidade local, a integração de diferentes formas de conhecimento, a adoção de práticas justas e éticas e a contribuição efetiva para metas ambientais e climáticas.
O texto tramita em caráter conclusivo, mas ainda precisa passar pelas comissões de Finanças e Tributação e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Se obtiver aprovação em todas as etapas da Câmara e do Senado, poderá ser transformado em lei.
Instituições de Rondônia e Amazonas passam a integrar rede de PD&I da Amazônia
A 79ª Reunião Ordinária do Comitê das Atividades de Pesquisa e Desenvolvimento na Amazônia (Capda), realizada por videoconferência em 11 de setembro, aprovou o credenciamento de três novas instituições para atividades de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I). Passam a integrar a rede o Campus Jaru do Instituto Federal de Rondônia (IFRO), o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – unidade Amazonas (IPT-AM) e o Instituto de Inovação e Tecnologia da Amazônia (IITA), em Manaus. O encontro contou com a participação da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), ministérios, órgãos federais e representantes da Amazônia Ocidental e do Amapá.
Na mesma reunião, foi confirmada a permanência do Centro de Incubação e Desenvolvimento Empresarial (CIDE), enquanto o Instituto Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologia de Software (ICTS) foi descredenciado por baixo desempenho. Também foi apresentado o novo ciclo do Programa Prioritário de Indústria 4.0 e Modernização Industrial (PP4.0), que prevê uma plataforma digital com automação e inteligência artificial para prestação de contas de projetos.
Outro tema discutido foi a revisão das regras de credenciamento. Segundo o Capda, 70% das Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação (ICTs) nunca executaram projetos de PD&I. Entre as propostas está o descredenciamento compulsório de instituições que ficarem três anos sem captar recursos. Por fim, os membros alteraram o calendário: a 80ª reunião, antes marcada para dezembro, será realizada em 6 de novembro de 2025.
Inaugurado novo núcleo de inteligência para combate a crimes na Amazônia
Manaus recebeu, em setembro, o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI Amazônia), inaugurado em cerimônia que contou com a presença do presidente Lula. A nova estrutura une os nove países amazônicos e os nove estados da Amazônia Legal no combate a crimes ambientais, tráfico de drogas, armas e pessoas.
Com investimento de R$ 36,7 milhões do Fundo Amazônia, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e gerido pelo BNDES, o espaço funciona como núcleo de inteligência e articulação policial. O CCPI reúne a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Força Nacional e as corporações estaduais da região, fortalecendo a presença do Estado e a integração das forças de segurança.
A iniciativa também se conecta a operações como a Ouro-Alvo, que vai rastrear a origem do ouro e enfrentar grilagem, lavagem de dinheiro e ilícitos ligados ao desmatamento. O centro foi inaugurado ao lado dos ministros Ricardo Lewandowski (Justiça) e Marina Silva (Meio Ambiente), do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, além do senador Omar Aziz e do prefeito David Almeida.
O CCPI integra o Plano Amazônia: Segurança e Soberania (AMAS), que destinou R$ 318,5 milhões do Fundo Amazônia para reforçar a inteligência, a fiscalização e a repressão contra crimes na floresta. Os recursos também preveem helicópteros, lanchas blindadas, viaturas e drones para ampliar a ação conjunta na região.
Maués (AM) é oficializada como Capital Nacional do Guaraná
O município de Maués (AM) recebeu, em 23 de setembro, o título de Capital Nacional do Guaraná, por meio da Lei nº 15.216, publicada no Diário Oficial da União. Conhecida há décadas como “Terra do Guaraná”, a cidade é responsável por grande parte da produção brasileira da planta e celebra anualmente sua tradição na Festa do Guaraná, que mistura rituais, lendas e cultura local.
A proposta nasceu do Projeto de Lei 2.913/2022, de autoria do deputado federal Sidney Leite (PSD-AM), e foi aprovada no Senado no início de setembro com parecer favorável do senador Plínio Valério (PSDB-AM). Para o relator, a medida reforça o orgulho da população e ajuda a preservar tradições culturais ligadas ao fruto.
O guaraná é uma espécie nativa da Amazônia e suas sementes, ricas em cafeína, têm efeito estimulante comparável ao do café, chá-mate e cacau. O extrato é amplamente utilizado em energéticos, cápsulas, chás e alimentos, consolidando-se como um dos símbolos mais fortes da biodiversidade amazônica.
