A 30ª Conferência das Partes (COP30) teve início nesta segunda-feira (10/11), em Belém (PA), marcando a primeira edição realizada na Amazônia, região-chave para o equilíbrio climático mundial. O encontro reúne líderes e especialistas de diversos países com o objetivo de retomar o protagonismo das discussões sobre as mudanças climáticas na agenda internacional.
Para manter você informado, a PIM Amazônia reúne alguns destaques do primeiro dia de debates. Confira:
Lula manda recado aos negacionistas
Na abertura da Conferência, o presidente Lula defendeu uma reação global contra o negacionismo climático e afirmou que a crise ambiental já é “uma tragédia do presente”. Ele declarou que esta será a “COP da verdade”, marcada pela necessidade de enfrentar a desinformação e fortalecer a ciência e o multilateralismo. Lula alertou que, embora o Acordo de Paris tenha evitado um cenário catastrófico, o mundo ainda avança “na direção certa, mas na velocidade errada”, correndo o risco de ultrapassar o limite de 1,5 °C de aquecimento global.
Indiretas
Ainda durante seu discurso, Lula criticou o poder das big techs, fez alusões ao presidente norte-americano Donald Trump e questionou as prioridades financeiras globais. Lula comparou os trilhões investidos em armamentos com os recursos destinados ao combate às mudanças climáticas, defendendo que o mundo precisa redirecionar seus gastos para salvar o planeta.
“Se os homens que fazem guerra tivessem aqui nessa COP, eles iriam perceber que é muito mais barato colocar US$ 1,3 trilhão para a gente acabar com o problema climático do que colocar US$ 2,7 bilhões para fazer guerra como se deu no ano passado", disse.
Protagonismo indígena e justiça climática
Lula destacou que 13% do território brasileiro já é demarcado, mas ponderou que esse número pode ser insuficiente. O presidente também lembrou que uma transição justa deve enfrentar as desigualdades históricas entre o Norte e o Sul Global, ressaltando que “a emergência climática é, sobretudo, uma crise de desigualdade”.
Pará inaugura Hub Amazônia
O Governo do Pará entregou o Hub Amazônia, espaço oficial dos nove estados da Amazônia Legal na Blue Zone da COP30, em Belém. O local funcionará como centro de articulação política e técnica durante os 11 dias da conferência. O governador Helder Barbalho, presidente do Consórcio Interestadual da Amazônia Legal, destacou o protagonismo amazônico na agenda climática global e defendeu que as soluções para a região devem partir de quem vive nela.
Durante o evento, o Consórcio apresentará entregas estratégicas, como a Estratégia Amazônia 2050, a Plataforma CAL2050, o Plano de Transformação Ecológica, o Projeto Regional de Regularização Fundiária e o Diagnóstico de Crimes Ambientais, iniciativas voltadas à bioeconomia, infraestrutura verde e combate a ilícitos ambientais.

Amazonas lança pacote de 21 projetos de crédito de carbono
O governador do Amazonas, Wilson Lima (União), anunciou um conjunto de 21 projetos de créditos de carbono voltados às unidades de conservação estaduais. Apresentada durante a abertura do Hub Amazônia, no Pavilhão do Consórcio da Amazônia Legal, na Blue Zone, a iniciativa prevê arrecadação estimada em R$ 390 milhões ao longo de 30 anos.
Os projetos integram o programa REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal) e destinam metade dos recursos a ações socioambientais, bioeconomia e transição energética justa. O restante será aplicado em um fundo estadual de mudança do clima, com gestão do Banco Mundial. O primeiro projeto será implantado no Parque Estadual do Sucunduri, em Apuí, área situada no Arco do Desmatamento. Segundo o governador, todas as iniciativas passarão por consultas públicas às comunidades locais.
Após questionamentos do MPF, o programa foi ajustado para garantir que nenhum dos 21 projetos envolva terras indígenas, abrangendo apenas áreas públicas estaduais. O secretário de Meio Ambiente, Eduardo Taveira, reforçou que as consultas já começaram na região de Apuí e seguirão nas demais localidades.
Manaus apresenta ações de adaptação climática
O prefeito de Manaus, David Almeida marcou presença no painel sobre desenvolvimento sustentável das cidades amazônicas. Ele defendeu governança federativa mais integrada e acesso a financiamento climático para enfrentar os efeitos das cheias e estiagens.
Entre as iniciativas apresentadas estão o novo aterro público com geração de energia, ecobarreiras que recolhem 300 toneladas de resíduos por mês, o plantio de 46 mil árvores e a ampliação do saneamento para até 40% até 2025. Também citou a Bolsa de Créditos de Carbono da Amazônia, que prevê US$ 500 milhões até 2028, e o Plano Municipal de Ação Climática alinhado ao Acordo de Paris.
Representantes indígenas de nove países da Bacia Amazônica participam da Conferência
A delegação, com cerca de 1,6 mil lideranças, defende que os territórios indígenas sejam oficialmente reconhecidos como instrumentos de política climática. Além disso, pedem maior presença nas instâncias de decisão, acesso direto a financiamentos internacionais voltados à preservação das florestas e garantias de segurança para os defensores ambientais que atuam na região.

Zona do empreendedorismo
A Entrepreneurship Zone (En-Zone), organizada pelo Sebrae Pará é voltada à inovação e sustentabilidade, apresentando produtos e iniciativas de empreendedores locais. A área busca fortalecer o debate sobre economia verde durante a conferência. Localizada no estacionamento do Parque Urbano Belém Porto Futuro I, a En-Zone funciona das 16h às 22h, com entrada gratuita, até o encerramento da Conferência, no dia 21.
Amapá apresenta projetos de inovação sustentável
O Governo do Amapá leva à COP30 três projetos estratégicos voltados à bioeconomia e à conservação ambiental: o Sistema de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva do Açaí, o Centro de Pesquisa e Treinamento em Manejo Florestal e o Parque Tecnológico Foz do Rio Amazonas, ainda em construção.
As iniciativas buscam fortalecer a infraestrutura científica e o desenvolvimento econômico sustentável do estado, que mantém mais de 90% de cobertura florestal preservada. O projeto de rastreabilidade utiliza georreferenciamento e bases públicas para garantir transparência na produção do açaí, enquanto o centro e o parque tecnológico visam impulsionar a bioeconomia e a inovação verde no Amapá.
111 países entregaram suas novas metas climáticas (NDCs)
NDCs são planos nacionais de redução de emissões e adaptação previstos no Acordo de Paris. Até fevereiro, o número era de apenas 79. A diretora executiva do evento, Ana Toni, comemorou o aumento e destacou que 194 países estão credenciados, reforçando o multilateralismo do encontro.
Aprovada a agenda de ações da Conferência
A agenda reúne 145 temas prioritários a serem discutidos até o fim do evento, no dia 21. Nas últimas quatro COPs a agenda não havia sido aberta no primeiro dia, o que, segundo a direção da Conferência, sinaliza maior alinhamento político e técnico entre as delegações.



