Em sua segunda carta como enviado especial à Conferência das Partes da ONU (COP30), publicada no último dia 28 de julho, o empresário Denis Minev lança um chamado urgente por um novo modelo de desenvolvimento na Amazônia, baseado em sistemas agroflorestais regenerativos e escaláveis. Após expor o contexto de dificuldades, como informalidade, logística precária e falta de financiamento de longo prazo, Minev argumenta que os incentivos atuais empurram os amazônidas para atividades insustentáveis, como pecuária de baixa produtividade e soja; além de práticas ilegais, como garimpo e madeira legal.
“O bioma Amazônia no Brasil tem cerca de 500 municípios. Na grande maioria não existe sequer um bom exemplo sustentável no campo, apesar de todos serem cercados por áreas rurais. O Brasil e a própria Amazônia têm bons exemplos, não nos faltam tecnologia ou conhecimento, apesar de este último ainda ser concentrado em poucos locais e pessoas”, diz determinado trecho da carta.
Na nova carta, o representante propõe um plano de microinvestimentos para transformar a economia amazônica. A ideia é investir R$ 50 mil por hectare ao longo de 3 a 5 anos em cultivos como cacau, açaí, banana e madeira, capazes de gerar mais de R$ 60 mil por ano em receita, criar 0,5 emprego por hectare e sequestrar até 250 toneladas de carbono a longo prazo.
Com lotes de 5 hectares por empreendedor, o plano permitiria formar 10 mil novos empreendedores sustentáveis por ano (cerca de 20 por município amazônico), promovendo uma virada territorial e social em até dez anos. O orçamento estimado é de R$ 2,5 bilhões anuais, mas, segundo Minev, o retorno com créditos de carbono, a R$ 250 por tonelada, poderia superar o valor investido em cenários favoráveis.
Importância
A proposta de Minev vai ao encontro de diversos dos 30 objetivos da COP30, especialmente os voltados à agricultura sustentável, bioeconomia, capacitação e finanças climáticas. Mais do que discurso, ele oferece um plano concreto que inspira uma bioeconomia local com impacto ambiental, social e político.
Minev ressalta ainda que a Amazônia brasileira mantém mais de 80 % de seu bioma conservado, mas ainda vive um “nadir econômico‑social”, e que é justo que o mundo financie sua transição para uma prosperidade não destrutiva.
Enviado especial
O cargo de enviado especial para o setor privado da Amazônia foi criado no contexto da organização da COP30, que será sediada em Belém, no Pará, em novembro. A função é estratégica: atuar como ponte entre o empresariado da região amazônica e os debates globais sobre clima nas mesas de negociação, buscando integrar os interesses e soluções locais às decisões internacionais que moldarão o futuro do bioma.
Denis Minev, empresário amazonense e presidente do grupo Bemol, foi escolhido para essa função justamente por sua atuação contínua em defesa de um modelo de negócios sustentável e de impacto na floresta. Assim como Minev, outros 29 enviados especiais (de regiões consideradas prioritárias para a agenda climática) foram designados para colaborar com a liderança da Conferência.
Fonte: da Redação