Equipes tentam salvar botos encalhados no Amazonas

Trabalho é coordenado pelo ICMBio e também investiga as causas das mortes de mais de 140 animais na região. Veterinários iniciaram necropsias e coletas de amostras biológicas nos botos
Foto: Miguel Monteiro

Da Redação, com informações do ICMBio

Um Comando de Incidentes foi instalado em Tefé, no Amazonas, para apurar as mortes de mais de 140 botos e resgatar animais encalhados na região. O trabalho vem sendo realizado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), com apoio do Instituto Mamirauá e outras instituições. Segundo o ICMBio, há indícios de que o calor e a seca histórica dos rios estejam provocando as mortes de peixes e mamíferos.

As ações foram iniciadas no último dia 25 de setembro e estão concentradas no monitoramento dos indivíduos vivos e recolhimento e necrópsia das carcaças, além de coleta de amostras para análise das possíveis causas do incidente e outras variáveis ambientais.

“Estamos reunindo todos os esforços para atender a essa emergência e resgatar o máximo de animais vivos, e recuperá-los”, enfatizou a comandante do incidente e chefe da Divisão de Emergência Ambiental do ICMBio, Cláudia Sacramento.

O ICMBio também vem monitorando, diariamente, a temperatura da água, que ultrapassa 39º graus. Segundo o Instituto, a água muito quente pode reduzir o oxigênio dissolvido e ao mesmo tempo aumentar a taxa respiratória dos peixes, que afeta o metabolismo e provoca morte por asfixia. Em relação aos botos e tucuxis, até a última contagem, foram encontrados mais de 140 indivíduos mortos.

Veterinários realizam necropsias e coletas de amostras biológicas nas carcaças de botos. Foto: Miguel Monteiro

Um outro problema já constatado pelas equipes que atuam na região é que alguns animais estão feridos pelas lâminas dos barcos a motor, pois não há profundidade para que mergulhem o suficiente para escapar das hélices. O ICMBio segue reforçando as ações para proteger as espécies, bem como adotando protocolos sanitários para a destinação das carcaças.

Comando de Incidentes – Até o momento, o Comando de Incidentes conta com 48 profissionais, entre veterinários, biólogos, servidores do Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA) e da Divisão de Emergência Ambiental, além de instituições parceiras e voluntários envolvidos na logística para viabilizar as ações das equipes de intervenção. Ainda neste fim de semana, o Ibama integrará o Comando de Incidentes.

A capitania dos Portos de Tefé está apoiando na fiscalização, ordenamento e desobstrução do lago para facilitar a passagem dos animais em busca de trechos mais profundos e evitar o agravamento da crise.

Outro incidente está sendo acompanhado em Alto Juruá, envolvendo uma grande mortandade de peixes. Esse evento está em avaliação pelos Centros de Pesquisa do ICMBio.

O Comando de Incidentes também articulou junto à concessionária dos aeroportos de Manaus e Tefé para viabilizar o pouso de aeronave locada pelo Greenpeace para translado de suprimentos para atendimento à emergência. Essa mesma aeronave fará o transporte de amostras até a capital, Manaus.

Além disso, a Polícia Militar designou equipes para fazer a guarda das Bases da Emergência, como o acampamento onde veterinários realizam necropsias e coletas de amostras biológicas para análises histopatológicas, imuno-histoquímicas e metagenômica. Esse trabalho ocorre em parceria com a USP, UFRJ, Laboratórios LAPCON e Lutzs.

O Comando de Incidentes é coordenado pelo Instituto Chico Mendes, com apoio do Instituto Mamirauá, Instituto de Proteção Ambiental da Amazônia – IPAAM, Polícia Militar de Tefé, Secretaria de Municipal de Meio Ambiente de Tefé, Exército Brasileiro, Concessionária dos Aeroportos Manaus Vinci, R3 Animal, Sea Shepherd, Aquasis, Instituto Aqualie, USP, INPA, UFRJ, WWF- Brasil, Universidade Nilton Lins, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e voluntários.

Entrevistas

Rolar para cima