A Guiana anunciou a construção de uma estrada avaliada em cerca de R$ 5,4 bilhões (aproximadamente US$ 1 bilhão) para ligar a capital, Georgetown, à cidade de Lethem, na fronteira com Roraima. O projeto prevê uma rodovia de cerca de 500 quilômetros, com previsão de conclusão até 2030, segundo informou o Ministério de Obras Públicas à agência de notícias Agence France-Presse (AFP).
Atualmente, o transporte de mercadorias entre a costa atlântica da Guiana e a fronteira brasileira é feito em um percurso que pode levar até 21 dias. Com a nova rodovia, esse tempo cairá para aproximadamente 48 horas, de acordo com estimativas do governo guianês.
O traçado da estrada passa pela região conhecida da Linden-Lethem Road, também chamada de “El Sendero”, cortando florestas tropicais, planícies e colinas até a fronteira. O projeto foi dividido em quatro trechos e prevê a construção de cerca de 50 pontes. Atualmente, a viagem leva cerca de 15 horas em estradas de terra, com dificuldades agravadas pela chuva e poeira durante os períodos de seca.
A iniciativa ocorre em meio a um cenário de forte crescimento econômico na Guiana, impulsionado pelas reservas de petróleo. Em 2015, o país possuía um PIB de U$ 4,2 bilhões; em 2024, esse valor saltou para U$ 24 bilhões. O país registrou expansão de 63% em 2022, 34% em 2023 e 43% em 2024, segundo o Banco Mundial.
O ministro de Obras Públicas da Guiana, Juan Edghill, defendeu o empreendimento e afirmou que a estrada será “um ponto de inflexão para o futuro do país”, e detalhou:
“A rodovia, quando estiver pronta, vai nos conectar com a ponte Takatu, que leva ao norte do Brasil. É é um mercado de 20 milhões de pessoas”. O montante supera em mais de 20 vezes a população da Guiana, que hoje está estimada em 800 mil habitantes.
O ministro também destaca que a rota se conectaria ao porto de águas profundas de Palmyra, localizado no nordeste, perto da fronteira com o Suriname, e atualmente em construção.
Impactos estratégicos em Essequibo
Segundo uma fonte anônima citada pela AFP, a estrada também terá função estratégica, facilitando o transporte de tropas e equipamentos militares para a região de Essequibo, território administrado pela Guiana, mas reivindicado pela Venezuela há décadas. O Ministro Edghill enfatizou que “Esquibo faz parte da Guiana”, destacando que ali se encontram comunidades indígenas, áreas de mineração e grande parte da atividade florestal.
A disputa territorial entre Guiana e Venezuela se intensificou desde a descoberta de petróleo na região, transformando Essequibo em um dos pontos mais sensíveis da geopolítica sul-americana.
Fonte: da redação com informações da Agência ANP e do site Click Petróleo e Gás