Manaus foi incluída entre as 21 regiões metropolitanas contempladas pelo Estudo Nacional de Mobilidade Urbana (ENMU), elaborado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que projeta o futuro dos sistemas de transporte público de média e alta capacidade (TPC-MAC) no país. De acordo com o relatório, a capital amazonense poderá receber investimentos estimados em R$ 2,85 bilhões para implantação de quatro novos projetos de corredores de ônibus elétricos (BRTs), totalizando 48 quilômetros de extensão.
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O levantamento, concluído em setembro de 2025, integra a estratégia de longo prazo do BNDES para ampliar a oferta de transporte coletivo nas principais metrópoles brasileiras, reduzindo a dependência do transporte individual motorizado. Em Manaus, a proposta foca na expansão da rede de corredores exclusivos e na adoção de veículos elétricos, considerados essenciais para reduzir custos operacionais e emissões de gases de efeito estufa. O estudo destaca que o município não possui atualmente metrô ou VLT em operação e que a modernização da malha de BRTs representa a alternativa mais viável tecnicamente e financeiramente para atender à crescente demanda urbana.
Segundo o BNDES, os projetos previstos para Manaus poderão reduzir em até 32,7% o tempo médio de deslocamento diário e diminuir em 8% as emissões de CO₂, em comparação aos níveis atuais. Também está prevista uma redução de 8% nos custos operacionais por viagem, reflexo da transição para modais mais eficientes e integrados. Esses ganhos, ressalta o documento, não se limitam à mobilidade: a expectativa é que os novos corredores contribuam para melhorar a qualidade de vida urbana, reduzir acidentes de trânsito e valorizar áreas servidas pelo transporte público.
Em termos de retorno econômico, o estudo calcula que as obras em Manaus poderiam gerar R$ 1,823 bilhão em benefícios sociais e ambientais até 2054, somando ganhos de tempo, redução de sinistros, menor custo de operação e menor emissão de poluentes. O BNDES projeta ainda que a capital amazonense evite cerca de 10 mortes por ano em acidentes de trânsito nas áreas beneficiadas pelas intervenções, um reflexo direto da migração do transporte individual para o coletivo.
O relatório nacional prevê que o conjunto de 187 projetos distribuídos pelas 21 regiões metropolitanas do país demandará cerca de R$ 434 bilhões em investimentos até 2054, dos quais R$ 2,85 bilhões correspondem a Manaus. Para viabilizar essas iniciativas, o banco pretende estruturar modelos de parceria público-privada (PPP) e propor fontes alternativas de financiamento, como fundos garantidores federais e estaduais. A previsão é que as primeiras propostas de financiamento e governança sejam apresentadas em 2026.
Os novos corredores projetados para a capital deverão integrar a estratégia nacional de mobilidade sustentável, que visa fortalecer o transporte coletivo e reduzir o uso de combustíveis fósseis. Com a eletrificação dos veículos e a reorganização das linhas de ônibus alimentadoras, o sistema tende a ganhar eficiência e cobertura, conectando zonas hoje mal atendidas. O BNDES estima que as melhorias poderão aumentar em mais de 30% o acesso da população a empregos e serviços públicos em até 45 minutos de deslocamento.
Ao consolidar os dados de Manaus, o estudo reforça o papel estratégico da cidade na agenda de transição energética e mobilidade verde da Amazônia. A capital, que concentra mais de 2,2 milhões de habitantes e enfrenta gargalos históricos no transporte público, surge agora como uma das beneficiárias diretas da política nacional de infraestrutura urbana de baixo carbono, um movimento que, se concretizado, pode transformar a forma de se deslocar na maior metrópole da região Norte.
Com informações do BNDES
