Fed e BCE podem cortar reservas bancárias em 90% em meio a inflação e juros altos

Dois maiores bancos centrais do mundo vêm elevando taxas em ritmo acelerado e desfazendo algumas de suas grandes compras de títulos

Federal Reserve e o Banco Central Europeu (BCE) podem reduzir até 90% do dinheiro que injetaram nos bancos na última década, agora que a inflação e os juros altos tornam essa liquidez extra desnecessária, mostrou um estudo de um economista do Fed nesta quinta-feira (22).

Os dois maiores bancos centrais do mundo vêm elevando os juros em ritmo acelerado para conter a inflação e desfazendo algumas de suas grandes compras de títulos, que inundaram os bancos com dinheiro quando o crescimento dos preços era lento e os custos dos empréstimos estavam em zero.

O documento do Fed, que será apresentado às principais autoridades de bancos centrais na próxima semana, no encontro anual do BCE em Portugal, investiga a questão de quanto dinheiro o Fed e o BCE devem manter no sistema bancário para satisfazer a demanda por reservas agora que o estímulo monetário não é mais necessário.

Seu autor, um consultor sênior do Federal Reserve Board, estima que o Fed poderia reduzir as reservas totais de seus atuais US$ 6 trilhões para entre US$ 600 bilhões e US$ 3,3 trilhões, dependendo se aceitaria títulos governamentais ou ativos menos cobiçados em troca.

Da mesma forma, o BCE pode reduzir sua própria provisão de liquidez de 4,1 trilhões de euros atualmente para apenas 521 bilhões de euros, se aceitar apenas títulos do governo alemão, ou 1,4 trilhão de euros contra outros ativos.

Nenhum dos cenários é totalmente plausível no curto prazo, já que tanto o Fed quanto o BCE têm uma mistura de títulos governamentais e outros tipos de dívida em seus balanços.

O documento se concentra estritamente na oferta e demanda de reservas e na relativa conveniência de ativos recebidos pelos bancos centrais em troca e não considera outras variáveis; por exemplo, o BCE está começando a debater se deve mudar sua estrutura atual, na qual as reservas são amplas e os custos de empréstimos para os bancos fixados na taxa de juros que o banco central paga sobre os depósitos.

O documento também não leva em conta os possíveis efeitos colaterais de um grande balanço patrimonial, como inflar o preço de alguns ativos financeiros ou enfraquecer o incentivo para que os governos executem uma política fiscal sólida.

Fonte: Reuters

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