O Brasil apresentará, durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém (PA), a RAIZ (Resilient Agriculture Investment for Net Zero Land Degradation) — uma iniciativa internacional voltada à recuperação de áreas degradadas e ao compartilhamento de tecnologias sustentáveis em diferentes regiões do mundo.
Liderada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a ação conta com o apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) e da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
A RAIZ surge em resposta à crescente demanda global por segurança alimentar e preservação dos ecossistemas produtivos. Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 2 bilhões de hectares de terras estão degradados no planeta, afetando diretamente 3,2 bilhões de pessoas. Dados da FAO indicam que 10 milhões de hectares de florestas são desmatados a cada ano, enquanto o Global Forest Watch (2024) aponta perda de 6,7 milhões de hectares de florestas tropicais primárias em 2023.
De acordo com o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, a RAIZ representa a contribuição brasileira à agenda global de sustentabilidade:
“O que estamos levando à COP é o resultado de políticas concretas. O Brasil tem mostrado que é possível produzir de forma sustentável e quer compartilhar esse conhecimento com o mundo”, afirmou.
Recuperação de áreas degradadas e cooperação internacional

A iniciativa conta com apoio técnico da FAO e de diversas instituições parceiras. O objetivo é ampliar experiências bem-sucedidas, como o programa Caminho Verde, liderado pelo Mapa, fortalecendo a cooperação internacional voltada à recuperação de áreas degradadas, à redução de emissões e à geração de renda para comunidades rurais.
Durante a COP30, o lançamento da RAIZ reunirá governos, instituições financeiras e organismos multilaterais dispostos a unir esforços para ampliar o alcance das ações em larga escala.
Leia Também: Tecnologia climática do MapBiomas será lançada na COP30
Programas brasileiros alinhados à RAIZ
A proposta está alinhada a programas nacionais que promovem o uso sustentável da terra, como o Solo Vivo e o Caminho Verde Brasil. Ambos integram ciência, tecnologia e inclusão produtiva para transformar áreas improdutivas em sistemas agrícolas sustentáveis e de alta eficiência.
O Solo Vivo, lançado em Mato Grosso, atua na recuperação de áreas degradadas e no fortalecimento da agricultura familiar. Com investimento de R$ 42,8 milhões, o programa já beneficia mil famílias agricultoras em dez municípios mato-grossenses, combinando análises técnicas de solo, tecnologias digitais e capacitação gratuita.
Já o Caminho Verde Brasil, criado pelo Decreto nº 11.815/2023, prevê a recuperação de 40 milhões de hectares de pastagens degradadas ou de baixa produtividade até 2035. Em sua primeira fase, o programa dispõe de R$ 30,2 bilhões do Eco Invest Brasil, com meta de restaurar até 3 milhões de hectares. O governo também negocia novas parcerias com a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA).
Brasil reforça papel de liderança na sustentabilidade global
Com o lançamento da RAIZ na COP30, o Brasil reafirma seu compromisso com a recuperação de áreas degradadas e com a sustentabilidade ambiental. A estratégia busca unir inovação, cooperação e políticas públicas para impulsionar uma agricultura mais resiliente e neutra em emissões de carbono, consolidando o país como referência global em produção sustentável.
Gabriele Oliveira, estagiária de jornalismo, sob a supervisão de Francisco Gomes
Com informações da Agência Gov



