Durante reunião de cerca de 50 minutos com Donald Trump neste domingo (26/10), em Kuala Lumpur, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil deseja restabelecer uma relação de confiança com os Estados Unidos e pediu a suspensão imediata das tarifas impostas às exportações brasileiras. O encontro ocorreu à margem da 47ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).
Lula ressaltou que não há motivo para atritos entre os dois países e defendeu o diálogo como caminho para a resolução de impasses comerciais. “O Brasil tem interesse de ter uma relação extraordinária com os Estados Unidos. Não há nenhuma razão para que haja qualquer desavença entre Brasil e Estados Unidos, porque nós temos certeza que, na hora em que dois presidentes sentam em uma mesa, cada um coloca seu ponto de vista, cada um coloca seus problemas, a tendência natural é encaminhar para um acordo”, disse.
Em julho, Trump havia anunciado um tarifaço de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos, decisão que agravou o clima diplomático entre as duas nações. Na ocasião, a Casa Branca também revogou vistos de viagem de ministros brasileiros e de integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF), além de adotar outras sanções.
A conversa contou com a presença do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio. O Itamaraty classificou o diálogo como “produtivo” e destacou que Lula e Trump demonstraram disposição para “abrir uma nova fase de cooperação econômica” entre os dois países.

“O Brasil tem interesse de ter uma relação extraordinária com os Estados Unidos. Não há nenhuma razão para que haja qualquer desavença entre Brasil e Estados Unidos, porque nós temos certeza que, na hora em que dois presidentes sentam em uma mesa, cada um coloca seu ponto de vista, cada um coloca seus problemas, a tendencia natural é encaminhar para um acordo”, afirmou o presidente.
Trump elogia trajetória de Lula, sinaliza revisão de tarifas e planeja visita ao Brasil
Segundo Mauro Vieira, o encontro entre Lula e Donald Trump foi “muito positivo” e resultou na autorização do norte-americano para iniciar imediatamente as negociações de revisão do tarifaço imposto aos produtos brasileiros. “A reunião foi muito positiva, o saldo final é ótimo. O presidente Trump declarou que dará instruções a sua equipe para que comece um processo, um período de negociação bilateral, que deve se iniciar hoje ainda, porque é para tudo ser resolvido em pouco tempo”, disse o chanceler.
Vieira contou que a conversa entre os dois líderes foi descontraída e que Trump expressou admiração pela trajetória política de Lula. “Trump declarou admirar o perfil da carreira política do presidente Lula, já tendo sido duas vezes presidente da República, tendo sido perseguido no Brasil, se recuperado, provado sua inocência, voltado a se apresentar e, vitoriosamente, conquistando o terceiro mandato”, relatou.
O chanceler confirmou ainda a intenção de Trump visitar o Brasil, embora a data não tenha sido definida. “O presidente Lula aceitou também e disse que irá, com prazer, aos Estados Unidos. Trump disse que admira o Brasil e que gosta imensamente do povo brasileiro”, acrescentou.
Lula quer ser interlocutor entre EUA e Venezuela
Também segundo o ministro das Relações Exteriores, Lula disse que a América do Sul é uma região de paz e que é necessário buscar soluções aceitáveis.
“O presidente Lula levantou o tema e disse que a América Latina e a América do Sul, onde estamos, é uma região de paz. E ele se prontificou a ser um contato, um interlocutor, como já foi no passado, com a Venezuela, para se buscar soluções que sejam mutuamente aceitáveis e corretas entre os dois países”, ressaltou.
Nas últimas semanas, os Estados Unidos enviaram tropas terrestres e um porta-aviões para o Caribe. O governo Trump bombardeou embarcações, sob a justificativa de estar combatendo as rotas de narcotráfico que abastecem os Estados Unidos. Trata-se da mais recente operação da campanha antidrogas do presidente Donald Trump na região.
Para o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, o reforço militar na região objetiva tirá-lo do poder.
Fonte: Agência Brasil



