David Almeida nasceu e foi criado no Morro da Liberdade, na Zona Sul de Manaus. Filho de Rosa Almeida e Benedito Almeida, é Bacharel em Direito pela Universidade Luterana de Manaus (Ulbra).
Foi deputado estadual por três mandatos consecutivos, sendo o primeiro em 2006, o segundo em 2010 e o terceiro mandato conquistado nas eleições de 2014. Neste mandato assumiu a Liderança do Governo junto ao Poder Legislativo, assim como a 2ª Vice-presidência da casa pelo período de 2015/2016. Foi eleito Presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas para o biênio 2017/2018.
Em 2017 foi governador interino do Amazonas entre os meses de maio e outubro. Em 2020, David Almeida foi eleito prefeito da cidade de Manaus pelo Avante. Confira a seguir a entrevista exclusiva onde o prefeito fala de turismo, economia, micro e pequenas indústrias e do projeto “Nosso Centro” que promete mudar a realidade do centro histórico de Manaus.
A PRINCIPAL ATIVIDADE ECONÔMICA DO AMAZONAS, E DE MANAUS TAMBÉM, É A INDÚSTRIA, COM A MAIORIA DAS EMPRESAS LOCALIZADAS NO DISTRITO INDUSTRIAL. DURANTE DUAS DÉCADAS AS VIAS DO DISTRITO FICARAM ABANDONADAS, PRECÁRIAS, INSEGURAS, O QUE CAUSAVA INDIGNAÇÃO NA POPULAÇÃO E AOS EMPRESÁRIOS DO POLO INDUSTRIAL. VÁRIAS GESTÕES MUNICIPAIS SEMPRE FORAM RESISTENTES EM ATUAR NO DISTRITO. O QUE O LEVOU A ASFALTAR E ATUAR NAS RUAS DAQUELA REGIÃO?
Aquele bairro interliga zonas da cidade, e é ali que está situado o Distrito Industrial. Manaus é uma cidade de primeiro mundo, da porta das fábricas para dentro. Eu via essa triste realidade das ruas do distrito estarem em péssimas condições e isso nos fez tomar uma atitude. Porque os investidores vêm da Ásia, da Europa, da América, e escolhem a cidade que você é o prefeito para investir, trazendo tecnologia e gerando emprego. E ali tinha uma briga, se a área era federal, estadual ou municipal.
“QUANDO EU ASSUMI EU NÃO FIZ ESSA DISCUSSÃO, E NÓS EXECUTAMOS A RECUPERAÇÃO DAS RUAS DO DISTRITO INDUSTRIAL, DANDO AOS INDUSTRIAIS ESSA MELHOR CONDIÇÃO DE ESCOAR A PRODUÇÃO”
Quando eu assumi eu não fiz essa discussão. Eu procurei a Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), e com os recursos que nós tínhamos e um convênio em vigência, nós executamos a recuperação das ruas do Distrito I, dando aos industriais essa melhor condição de escoar a produção. Imagina, uma Moto Honda [a fábrica], de empresários japoneses, que saia do portão da fábrica e com 200 metros quebrava a carreta cheio de produtos para fazer a sua exportação. Isso trazia prejuízos para as empresas e para a cidade, e assim refizemos praticamente as ruas do Distrito dando a essas empresas uma melhor condição de escoar a produção.
SÃO EMPLACADOS EM MANAUS TODOS OS MESES APROXIMADAMENTE 3 MIL NOVOS CARROS E O TRÂNSITO DA CIDADE SE TORNA AINDA MAIS COMPLEXO COM TANTOS CARROS CIRCULANDO. QUAIS AS AÇÕES DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE NECESSÁRIAS PARA SUPERAR ESTE PROBLEMA?
Nós estamos investindo em mobilidade urbana, tecnologia e em engenharia. Estamos construindo três grandes viadutos, completos viários, e fazendo vinte e duas intervenções no trânsito da cidade de Manaus que vão dar melhor fluidez, além de alargar avenidas para que nós possamos diminuir o grande impacto que causa na vida das pessoas que utilizam no transporte os seus veículos para que eles possam ganhar mais tempo para estar com sua família, e ter melhor qualidade de vida.
“NÓS ESTAMOS INVESTINDO EM MOBILIDADE URBANA, TECNOLOGIA E EM ENGENHARIA”
Então, essas intervenções têm nos proporcionado dinamizar o trânsito, destravar em vários lugares e assim que estiver tudo pronto, nós vamos ter certamente uma cidade com melhor mobilidade urbana.
EM 2023 FOI ENTREGUE PELA PREFEITURA O DISTRITO INDUSTRIAL DE MICRO E PEQUENAS INDÚSTRIAS (DIMICRO). QUAL A IMPORTÂNCIA DOS PEQUENOS NEGÓCIOS PARA A CIDADE?
A nossa economia é incentivada pela indústria. Nós temos isenção de impostos, em função da nossa constituição e dos investimentos, para que aqui possa ter algum desenvolvimento. É interessante que esses recursos, na verdade esses impostos, essa isenção, esse incentivo, ele não se faz para o pequeno, só para o grande investidor. E a prefeitura viu isso, e construiu o Dimicro, que é o Distrito de Micro e Pequenas Empresas de Manaus. A prefeitura construiu um grande complexo, financiando o maquinário, dando assistência técnica e ajudando na revenda. Nós fomos buscar lá na periferia aquele cidadão que tinha uma ferramentaria, aquele outro que tinha uma tornearia mecânica, e que incomodam os seus vizinhos, pagavam aluguel. Trouxemos esses pequenos empresários para dentro do Dimicro, que tem aí a condição de poder produzir mais e melhor, e com o custo menor e com assistência técnica.
“É INTERESSANTE QUE ESSE INCENTIVO SÓ ERA FEITO PARA O GRANDE INVESTIDOR. A PREFEITURA VIU ISSO E CONSTRUIU O DIMICRO, QUE É O DISTRITO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE MANAUS”
E agora nós estamos trabalhando para que nós possamos construir lá mesmo, dentro do Dimicro, uma escola técnica para formação de mão de obra para o Distrito Industrial, juntamente com a pequena empresa. Vale ressaltar que essa iniciativa, para que nós pudéssemos inaugurar, teve a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin, que quando veio aqui, estava na condição de presidente da república em exercício, dada a importância desse investimento.
MANAUS TEM UM POTENCIAL PARA SER PARTE DA GRANDE ROTA DE TURISMO DO PAÍS, MAS TEMOS POUCOS PONTOS TURÍSTICOS NA CIDADE QUE INSTIGUE A VINDA DE VISITANTES. RECENTEMENTE A PREFEITURA INAUGUROU O MIRANTE LÚCIA ALMEIDA QUE JÁ É CONSIDERADO O NOVO CARTÃO POSTAL DE MANAUS E PROMETE FOMENTAR O TURISMO. COMO A PREFEITURA PRETENDE ESTIMULAR AINDA MAIS O TURISMO NA CIDADE DE MANAUS?
O centro [bairro] das grandes cidades no Brasil, elas têm muitos problemas em relação a ocupação dos centros comerciais. As pessoas acabam saindo do centro, e com essa ausência das pessoas acabam tendo muitos problemas. Por exemplo, o lugar que nós estamos aqui é no início da cidade de Manaus, na avenida Sete de Setembro, às margens do rio Negro, ao lado do porto de Manaus. Isso aqui era um prédio abandonado que servia para a moradia de mais de cem pessoas, com prostituição, consumo de drogas. E nós tivemos a ideia de transformar esse lugar num lugar aprazível para que nós pudéssemos ter acesso ao rio.
Manaus foi uma cidade construída de costas para o rio, o rio lindo que nós temos que é o rio Negro, mas os moradores de Manaus não tinham essa visão do rio Negro, e nós com a concepção deste projeto nós queríamos dar essa oportunidade, essa condição para que o morador pudesse ter acesso, e o turista que quando aportar aqui em nosso porto ele possa vir visitar, contemplar a nossa natureza, o nosso grande rio, a nossa grande floresta, a ponte que é uma obra prima da engenharia, e com isso nós mudamos a concepção do centro da cidade de Manaus.
“COM ESSA OBRA NÓS JÁ CONSEGUIMOS ATRAIR MUITOS TURISTAS E ATRAIR A POPULAÇÃO DA CIDADE, FAZENDO DESSE LOCAL UM NOVO PONTO TURÍSTICO”
Essa é uma primeira etapa. Nós construímos o mirante, nós construímos o Largo da Ilha de São Vicente, tudo dentro desse complexo, com o casarão Thiago de Melo. Muito provavelmente nos próximos dias vamos entregar o Pier Turístico que é uma outra obra que faz parte desse projeto “Nosso Centro”, para posteriormente, nesse entorno que nós estamos, construir moradias para servidores públicos, para que nós possamos reabitar o centro histórico de Manaus, garantindo a esse centro histórico uma boa área de convivência e, acima de tudo, de turismo, gastronomia, cultura, entretenimento. Com essa obra nós já conseguimos atrair muitos turistas e atrair a população da cidade, fazendo desse local um novo ponto turístico na cidade.
ESTE COMPLEXO MARCA O INÍCIO DE UMA NOVA FASE DO CENTRO HISTÓRICO. PODERIA FALAR DE DETALHES DO PROJETO NOVO CENTRO E QUE OUTRAS INTERVENÇÕES PODEM SER ESPERARADAS?
Nós temos um residencial de 275 apartamentos muito próximo, a 200 metros daqui que vai integrar toda essa área do início da cidade de Manaus. A área portuária, a área próxima ao rio Negro, no início da 7 de Setembro, e o nosso próximo passo é ocupar para que nós possamos reabitar essa área, e posteriormente mais a médio e longo prazo, temos alguns prédios aqui que estão abandonados, alguns são do governo federal, outro do governo estadual, para que nós possamos ocupá-los com secretarias, com estruturas públicas, assim atraindo o comércio para essa área que já está sendo vitalizado.
HÁ 3 ANOS TIVEMOS UMA DAS MAIORES CHEIAS DO RIO NEGRO DA HISTÓRIA. ANO PASSADO, NO OUTRO EXTREMO, TIVEMOS A MAIOR SECA DOS ÚLTIMOS 120 ANOS. COMO A PREFEITURA DE MANAUS PRETENDE ATUAR PARA MINIMIZAR OS IMPACTOS DA ESTIAGEM NA ÁREA SOCIAL, ECONÔMICA E ATÉ AMBIENTAL?
Eu acrescento aí, nós tivemos também o pior momento da história mundial, a pior crise da história mundial, o Covid-19 que se abateu com maior intensidade na cidade de Manaus. Nós tivemos um problema sério de saúde aqui, que nós já conseguimos contornar. Hoje nós conseguimos dar a volta por cima em saúde básica. Hoje a cidade de Manaus é a cidade número um em atenção básica, nos atendimentos da saúde primária.
“NÓS ENFRENTAMOS A MAIOR CHEIA, A MAIOR VAZANTE, A MAIOR DE TODAS AS CRISES SANITÁRIAS E AINDA ASSIM, A CIDADE DE MANAUS ESTÁ PREPARADA PARA ESSA PRÓXIMA ESTIAGEM”
Nós enfrentamos a maior cheia, a maior vazante, a maior de todas as crises sanitárias e ainda assim, a cidade de Manaus está preparada para essa próxima estiagem, muito provavelmente maior do que a que nós tivemos ano passado. Nós já fomos até as comunidades, já estamos perfurando poços artesianos, a nossa Defesa Civil já está fazendo o planejamento para que quando chegue o tempo de dificuldade, nós estejamos preparados, comprando alimentos, comprando mantimentos, dando aos nossos irmãos ribeirinhos infraestrutura.
Por exemplo, aqui as nossas estradas são os nossos rios e infelizmente os nossos rios secaram e ficamos sem o transporte. Nós conseguimos para cada comunidade rural aqui na cidade de Manaus, ribeirinha, que não tinha o seu transporte, o motor de popa e o barco de alumínio para fazer o transporte dessas pessoas. Nós chegamos nas estruturas da prefeitura com alimento, água para abastecimento e, acima de tudo, levando para essas pessoas o braço amigo do poder público.
O CENTRO COMERCIAL E HISTÓRICO DE VÁRIAS CIDADES SEMPRE É MUITO VALORIZADO COMO PONTO TURÍSTICO E GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA. JÁ TIVEMOS COMO BASE ECONÔMICA DO AMAZONAS O COMÉRCIO DA ZFM, REALIDADE DIFERENTE DE HOJE. HÁ ALGUM PLANO NESTE SENTIDO PARA O CENTRO HISTÓRICO E COMERCIAL DE MANAUS? COMO A PREFEITURA PODE FOMENTAR O COMÉRCIO NO CENTRO?
Investindo em equipamentos públicos como esse. São quatro investimentos em um investimento. Para você ter uma ideia, essa obra no centro da cidade de Manaus é a maior obra depois do Teatro Amazonas, que foi feita a mais de cem anos atrás. Então nós temos aqui um complexo que atrai os turistas, colocando a cidade de frente para o rio. Fizemos primeiro o “Casa de Praia” na Ponta Negra, que era uma cracolândia e transformamos num local de lazer, de turismo, e assim nós estamos fazendo aqui no Centro.
E nós temos a primeira obra do Niemayer do norte nordeste do Brasil, que já temos aquele serviço lá do Encontro das Águas, que é o Mirante do Encontro das Águas. Isso atrai o turista, a gente pode atrair o turismo étnico, o turismo de aventura. Tudo isso para que nós possamos fazer com que Manaus seja uma cidade atrativa turisticamente, já que perdemos a condição de fazer turismo comercial, e essa condição nós não temos mais. Então, nós estamos preparando Manaus com equipamentos e aparelhos turísticos, para que nós possamos atrair o nosso turista, e ele possa fazer aqui da cidade de Manaus um porto seguro, para consumir os produtos que aqui nós temos para oferecer.
OBRIGADO POR NOS RECEBER AQUI E COMPARTILHAR UM POUCO DESSES NOVOS PROJETOS QUE MANAUS HÁ MUITO TEMPO PRECISAVA RECEBER. O SENHOR QUER FAZER ALGUMA CONSIDERAÇÃO FINAL?
Nós estamos trabalhando para que Manaus possa ter melhores serviços públicos. Trabalhamos para que tenhamos a melhor saúde, a melhor educação, melhorando a infraestrutura da cidade para que nós possamos atrair mais turistas para cá e mais empresas para que possam fazer investimentos na nossa cidade. Portanto, eu quero agradecer a oportunidade de você poder levar Manaus para os leitores da Revista e para quem te assiste e acima de tudo, dizer que Manaus está de braços abertos para receber todos os visitantes aqui.
