Norte tem 80% das rodovias em más condições

Estudo da Confederação Nacional do Transporte mostrou que maioria das estradas do região foi classificada como regular, ruim ou péssima
Foto: Everton Scabelo/ PRF-Arquivo

Da Redação, com informações da CNN e Agência Brasil

A BR-174, no trecho entre as cidades de Presidente Figueiredo e Borba, no Amazonas, é a pior rodovia do Brasil. A classificação está em um levantamento divulgado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgado nesta quarta-feira, 29. A entidade analisou a situação de 111 mil quilômetros de estradas em todo o país, o que corresponde a 67.659 quilômetros da malha federal e a 43.843 quilômetros dos principais trechos estaduais.

Mas o Amazonas não está sozinho no ranking das piores rodovias do país. A lista tem ainda estradas nos estados do Pará, Amapá e Acre (veja abaixo), que corroboram para o resultado final do estudo da CNT, onde 80% das estradas do Norte do país foram classificadas como em condição regular, ruim ou péssima. Nos trechos analisados foram encontrados 1.019 pontos críticos, como finalização com problema, buracos na via e pontes caídas.

Ainda segundo o estudo, o governo teria que investir R$ 11,5 bilhões em reconstrução e restauração de rodovias na região. As rodovias do Amazonas (100%), do Acre (99,3%) e do Amapá (94,5%) são as que aparecem em pior situação.

Na contramão desses números está a região sudeste. Aproximadamente 56% das rodovias federais objetos do estudo estão em condição assinalada como regular, ruim ou péssima. Em alguns estados, esse percentual cai significativamente.

É o caso de São Paulo, com 26%. Ou seja, 74% da malha é classificada como ótimo ou bom. Na sequência de melhores rodovias da região aparece o Rio de Janeiro.

No balanço geral, 67,5% das rodovias do país estão em más condições

O levantamento da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) foi feito em parceria com o Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte e mostrou que 67,5% das rodovias brasileiras têm sua extensão classificada como regular, ruim ou péssima, enquanto 32,5% foi classificada como ótima ou boa. “Os percentuais demonstram uma relativa estabilidade no estado geral da malha rodoviária brasileira, em comparação com os resultados do ano passado, que apresentavam, respectivamente, 66% e 34% para os mesmos níveis de classificação”, avaliou a entidade.

A classificação do estado geral compreende três características da malha rodoviária: pavimento, sinalização e geometria da via. Levam-se em conta variáveis como condições do pavimento, das placas, do acostamento, de curvas e de pontes.

Em 2023, 56,8% do pavimento, 63,4% da sinalização e 66% da geometria dessas vias foram avaliados como regular, ruim e péssima, percentuais que também ficaram próximos aos registrados no ano passado: 55,5%, 60,7%, 63,9%, respectivamente.

“A realidade que o estudo expõe reforça o que a CNT vem defendendo há anos: a necessidade de continuar mantendo investimentos perenes e que viabilizem a reconstrução, a restauração e a manutenção das rodovias”, disse a CNT, em nota.

“Os investimentos em infraestruturas, no Ploa [Projeto de Lei Orçamentária Anual] de 2024, sofreram uma redução de 4,5% no volume de recursos para o setor em relação ao autorizado no orçamento para infraestrutura de transporte em 2023. Diante desse cenário, a CNT trabalha para viabilizar um aumento na dotação, por meio de emendas para intervenções prioritárias em 2024, em consonância com as prioridades do transporte e da logística do país”, informou a CNT.

Vigilância – A pesquisa mostra que a falta de qualidade da pavimentação das rodovias impacta no preço do frete e, consequentemente, no preço dos produtos para o consumidor final. “Sem rodovias de qualidade, o consumo de combustível fóssil e a emissão de gases também aumentam. Esses prejuízos são calculados no âmbito da sustentabilidade, por meio do desperdício de óleo diesel”, explica a entidade.

A estimativa da CNT é que, este ano, 1,139 bilhão de litros de diesel sejam consumidos de forma desnecessária pela modalidade rodoviária do transporte nacional. A queima dessa quantidade de combustível fóssil deve resultar na emissão de 3,01 milhões de toneladas de gases poluentes na atmosfera.

Público × privado – O estudo mostra que as rodovias públicas, que representam 76,6% da extensão pesquisada este ano, apresentam percentuais maiores de avaliações negativas (77,1%). Já entre as rodovias concessionadas, que representam 23,4% da extensão pesquisada em 2023, 64,1% da extensão da malha foram classificadas como boa e ótima.

Pontos críticos – Os principais pontos críticos registrados nas rodovias brasileiras, e citados pela CNT, incluem quedas de barreiras, erosões nas pistas, buracos grandes, pontes caídas e pontes estreitas. “Tratam-se de problemas na infraestrutura que interferem na fluidez dos veículos, oferecendo riscos à segurança dos usuários, aumentando significativamente a possibilidade de acidentes e gerando custos adicionais ao transporte”, alerta.

Dentre as intervenções classificadas como prioritárias pela entidade, estão a eliminação de 2.684 pontos críticos, sendo 207 quedas de barreiras; cinco pontes caídas; 504 erosões nas pistas; 1.803 unidades de coleta com buracos grandes; 67 pontes estreitas; e 62 outros tipos de pontos críticos que possam atrapalhar a fluidez da via.

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