Especialistas da ONU acusam Israel de crimes contra a humanidade

Relatores do Alto Comissariado para os Direitos Humanos criticam ataque a hospital, dizem que o cerco total à Gaza é violação aos direitos humanitário e penal e alertam para o risco de genocídio
Palestinos choram por familiares mortos em ataques israelenses no sul da da Faixa de Gaza. Foto: Mohammed Salem

Da Redação, com informações da Agência Brasil

Treze dias após o início do conflito entre Israel e o Hamas um grupo composto por sete relatores do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OHCHR) expressou na quinta-feira, 19, indignação contra o cerco total à Faixa de Gaza, que vem deixando a população sem energia, medicamentos, água e alimentos necessários para sua sobrevivência.

Os relatores da ONU ressaltaram a indignação contra o ataque ao Hospital Al Ahli Arab, na cidade de Gaza, que, conforme os últimos números divulgados, matou mais de 470 civis em 17 de outubro, e acusaram Israel de cometer crimes contra a humanidade, alertando para o risco de genocídio na região. “O ataque ao Hospital Al Ahli Arab é uma atrocidade”. Israel, no entanto, nega ter alvejado a unidade de saúde.

Hospital foi alvo de ataque aéreo. Israel nega a autoria. Foto: Reprodução/ Redes sociais

“Estamos igualmente indignados com o ataque mortal, no mesmo dia, a uma escola da UNRWA [Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente] localizada no campo de refugiados de Al Maghazi, que abrigou cerca de 4 mil pessoas deslocadas, bem como a dois campos de refugiados densamente povoados”, afirmaram os especialistas.

“O cerco total a Gaza, juntamente com ordens de evacuação inviáveis ​​e transferências forçadas de população, é uma violação do direito humanitário e penal internacional. Também é indescritivelmente cruel”, disseram os especialistas.

O grupo da ONU diz que há uma campanha em curso por parte de Israel que resulta em crimes contra a humanidade em Gaza. “Considerando as declarações feitas por líderes políticos israelenses e seus aliados, acompanhadas pela ação militar em Gaza e pela escalada de prisões e assassinatos na Cisjordânia, existe também um risco de genocídio contra o povo palestino.”

“Estamos consternados com a inação da comunidade internacional”, dizem especialistas

“Não há justificativas ou exceções para tais crimes. Estamos consternados com a inação da comunidade internacional face à guerra beligerante”, afirmaram os especialistas.

Campo de refugiados de Jabalia, na Faixa de Gaza, após um dos ataques feitos por Israel. Foto: Mohammed Abed/ AFP

O documento é assinado pelo relator sobre Direitos Humanos à Água Potável e ao Saneamento, Pedro Arrojo Agudo; pela relatora Especial sobre a Situação de Direitos Humanos no Território Palestino Ocupado, Francesca Albanese; pela relatora Especial sobre Violência contra Mulheres e Meninas, Reem Alsalem; pela relatora Especial sobre os Direitos Humanos de Pessoas Deslocadas Internamente, Paula Gaviria Betancur; pelo relator Especial sobre o Direito à Alimentação, Michael Fakhri; pela relatora Especial sobre o Direito de Todos ao Gozo do Mais Alto Padrão de Saúde Física e Mental, Tlaleng Mofokeng; e pelo relator Especial sobre o Direito à Moradia, Balakrishnan Rajagopal.

Em nota, a Embaixada de Israel no Brasil destacou que as acusações contra o país não partiram diretamente da ONU e que está seguindo o que diz o direito internacional. “Israel está agindo de acordo com o direito internacional e não foi acusado pela ONU de o violar”.

Informações divulgadas pela OHCHR, em 19/10, indicam que o número de mortos na Faixa de Gaza chegou a 3.785, incluindo pelo menos 1.524 crianças, enquanto mais de 12.000 ficaram feridas. Já em Israel, de acordo com fontes oficiais, 1.400 pessoas foram mortas e mais de 4.600 ficaram feridas desde que o grupo terrorista Hamas iniciou o conflito, em 7 de outubro. Pelo menos 203 pessoas são mantidas em cativeiro em Gaza, incluindo israelenses e estrangeiros, de acordo com estimativas israelenses.

Ataques – No dia 7 de outubro, o grupo Hamas fez ataques aéreos e terrestres ao território israelense, invadindo casas e levando reféns. Israel respondeu de imediato, com dezenas de aviões de combate iniciando bombardeio a vários pontos da Faixa de Gaza. Com a escalada da violência, áreas residenciais, escolas foram bombardeados.

No ataque ao Hospital Ahli Arab, não há um número oficial de mortos, apenas estimativas que oscilam entre 200 e 500 pessoas. O Hamas acusa Israel de ter liderado o ataque aéreo ao hospital. Militares israelenses, no entanto, negam a responsabilidade pela ação e alegam que a unidade foi atingida por um lançamento fracassado de um foguete pela Jihad Islâmica.

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