Ouro do século XXI ganha projeção em Roraima

Concentração de terras raras acima do esperado é descoberta no município de Caracaraí
Foto: Divulgação

No início de setembro, uma elevada concentração de terras raras foi detectada em rochas e argilas de uma área privada de 36 hectares, conhecida como Complexo Mineral Barreira, na zona rural de Caracaraí, município localizado na região centro-sul de Roraima, a 140 quilômetros da capital Boa Vista. A detecção foi feita por pesquisadores vinculados ao curso de geologia da Universidade Federal de Roraima (UFRR), que já vinham conduzindo inspeções nessa e em outras áreas do estado.

A frente da pesquisa, estão o geólogo Vladimir de Souza, doutor em bioestratigrafia, Carlos Eduardo Lucas Vieira, doutor em geociências, e Lorena Malta Feitosa, mestre em geofísica e atualmente doutoranda. O trio da UFRR aceitou o convite dos proprietários da área e iniciaram os estudos em agosto. Atualmente,  eles se concentram em coletas iniciais e análises que já apontam indícios promissores.

Após indícios dos elementos, um dos proprietários do Complexo convocou os especialistas para uma análise mais precisa. De acordo com o professor Vladimir,  os materiais foram colocados em um microscópio eletrônico e, em seguida, submetidos a uma metodologia chamada EPS, que aplica difração de raio-x no material.

“A partir disso, a gente constatou que realmente existiam nas amostras vários elementos ‘terras raras’ com concentração bem alta. Só lembrando que é uma análise semi-quantitativa, ou seja, o princípio da pesquisa. Mas ela foi feita aqui no laboratório com total rigor, o que confirmou o que ele [o proprietário] prospectou. No momento, estamos submetendo a área a questões inerentes à geofísica para ver a questão de anomalias. Podemos dizer que tem grande potencial econômico, realmente, pela quantidade”, disse o professor em entrevista concedida à revista PIM Amazônia.

Terras raras, denominadas o ouro do século XXI, são um grupo de 17 elementos químicos que incluem os 15 da série dos lantanídeos – lantânio, cério, praseodímio, neodímio, promécio, samário, európio, gadolínio, térbio, disprósio, hólmio, érbio, túlio, itérbio e lutécio –, além do ítrio e do escândio, que embora não pertençam diretamente a essa série, possuem propriedades químicas semelhantes e são encontrados nos mesmos tipos de depósitos minerais.

As concentrações encontradas em Caracaraí foram as seguintes: európio (2.890 PPM), neodímio (1.090 PPM), ítrio (1.600 PPM) e itérbio (160 PPM).  PPM refere-se à contagem Partes Por Milhão. Para fins de prospecção, vale ressaltar que o Complexo da Barreira possui uma área superior a 100 mil hectares.

“Se você for relacionar a ocorrência na superfície, alguns elementos estão cem vezes, duzentas vezes acima do que está na superfície. O que já é um resultado excelente. E se você relacionar às jazidas já conhecidas, como na China e outros lugares no Brasil, eles chegam a ser cinco vezes, dez vezes maiores. Na análise de concentração, verificamos até a possibilidade de isso aumentar e termos ocorrência de outros minerais críticos, porque as terras raras nunca ocorrem sozinhas. Então, isso é muito relativo”, pontuou o professor.

Localizado em Caracaraí, Roraima, Complexo da Barreira, onde foi descoberta alta concentração de terras raras, possui uma área superior a 100 mil hectares.
Complexo da Barreira, onde foi descoberta alta concentração de terras raras, possui uma área superior a 100 mil hectares. Foto: Divulgação

“A gente já viu a ocorrência de titânio nas análises de cromo, que é um mineral extremamente estratégico e de paládio. Então, há uma associação mineral muito grande lá. E outra, a pesquisa nunca para, né? Porque mesmo que você faça a exploração econômica de uns elementos, à medida que você vai explorando, você vai sempre encontrando mais coisas e vai sempre analisando, né? Então, uma coisa leva a outra. É isso que eu queria te dizer. Não tem muitas outras coisas de interesse econômico além das terras raras.

Esses elementos são fundamentais para a indústria moderna porque apresentam características magnéticas, luminiscentes e eletroquímicas únicas, além de serem peças-chave da transição energética. O európio, por exemplo, é usado em fósforos que dão mais eficiência a lâmpadas LED e telas de baixo consumo, reduzindo o gasto de energia em larga escala. Além disso, é aplicado em alguns tipos de células fotovoltaicas e fibras ópticas, que contribuem para melhorar a transmissão de dados e a eficiência de sistemas de energia solar. Já o neodímio é usado em ímãs superpotentes presentes em caixas de som e motores elétricos.

Sem terras raras, também não haveria celulares, computadores, televisores de tela plana ou fones de ouvido. Além do mais, os elementos possuem aplicação estratégica em radares, mísseis, sistemas de guiagem, satélites e até equipamentos espaciais, o que lhes confere peso militar e geopolítico. Por tudo isso, o potencial detectado em Caracaraí pode transformar Roraima em um hub estratégico para o setor mineral no Brasil.

Vladimir de Souza, doutor em Bioestratigrafia e professor na Universidade Federal de Roraima.

O professor Vladimir, no entanto, diz que, para se falar em jazida, ainda há muitos passos a serem feitos. “Para provar se é uma jazida, ainda tem que ser feito mais estudos geológicos. Você vai ter que fazer cubagem, concentração, ver onde estão os principais alvos para fazer uma mineração. Então, ainda tem vários passos a serem feitos. Mas o primeiro já foi realizado, que são essas análises confirmando a ocorrência”.

As pesquisas, segundo o especialista, não costumam ser demoradas, contanto que não haja interrupções. Por isso, a importância do devido aporte financeiro. “Pesquisa geológica é muito cara. Se você tem recurso, essa pesquisa pode ser rápida. Em alguns meses, você já teria uma ideia da quantidade desses elementos. Por exemplo, gramas por tonelada, tipo de material, toda essa questão”.

Apesar de não serem tão escassas, as terras raras são difíceis de encontrar em grandes quantidades concentradas. Geralmente aparecem misturadas a outros minerais. O adjetivo “rara” refere-se à dificuldade em separar e processar os elementos.

Em entrevista, o empresário Lusérgio Barreira defendeu a legalidade do projeto, afirmando que todas as operações contam com as autorizações necessárias do Conselho de Defesa Nacional (CDN) e da Agência Nacional de Mineração (ANM). Segundo ele, o interesse pelo empreendimento já ultrapassou as fronteiras do Brasil: investidores estrangeiros, inclusive da Índia, sinalizaram disposição em aplicar recursos no negócio. Barreira acrescentou que há, inclusive, estudos para a instalação de uma unidade de beneficiamento mineral no município de Caracaraí.

“Apenas em um terreno de 36 hectares, estima-se que a exploração possa se estender por quase duas décadas. No total, são mais de 100 mil hectares sob processo de requisição. Esse volume de reservas pode transformar Caracaraí em referência na arrecadação de Roraima, com a geração de mais de mil postos de trabalho diretos”, frisou.

Hoje, a China mantém posição dominante no mercado mundial de terras raras, especialmente porque controla tanto a extração quanto o processamento desses minerais estratégicos. Em 2023, o país foi responsável por cerca de 69% da produção global de minério de terras raras, segundo dados do Serviço Geológico dos Estados Unidos, citados pelo portal Mining Technology. Já o Science Direct, em estudo que trata de projetos globais dos minérios, aponta que cerca de 85% do processamento de óxidos de terras raras é feito no país asiático.

Esse domínio garante à China uma vantagem estratégica: mesmo que outros países possuam reservas, grande parte do mundo depende da infraestrutura chinesa para transformar o minério em insumos utilizáveis pela indústria de alta tecnologia.

“Processar” significa separar os diferentes elementos raros uns dos outros, purificar os minérios, convertê-los em substâncias químicas ou metais que a indústria consegue usar, não basta extrair a rocha bruta. Para muitos países, mesmo que haja minério, sem essa etapa de refino eles dependem da China ou de empresas chinesas.

A política da China realmente tem usado o controle de exportações de terras raras como ferramenta estratégica: em abril de 2025, o governo chinês impôs restrições à exportação de vários elementos médios e pesados de terras raras (como samário, gadolínio, térbio, disprósio, lutécio, escândio e ítrio), bem como de ímãs permanentes, por meio uma nova portaria do Ministério do Comércio e da Administração Geral das Alfândegas. 

Essas medidas, justificadas por razões de segurança nacional e obrigações de não proliferação, exigem que exportadores obtenham licenças especiais para enviar esses materiais para o exterior. Segundo informou a agência Reuters, a China também aumentou o escrutínio sobre o setor de ímãs de terras raras (tracking system), atrasos ou negações nas licenças estão afetando cadeias de produção no exterior, sobretudo para indústrias que dependem desses elementos para eletrônicos, veículos elétricos e defesa.

O Brasil detém, segundo o USGS, em 2025, cerca de 23% das reservas globais de terras raras, ficando atrás apenas da China, mas ainda responde por cerca de 1% da produção mundial. Projetos nacionais de referência, como o da Serra Verde (GO), mostram que sair do “potencial” para a produção comercial é uma travessia longa, intensiva em capital e tecnologia, e que depende de preços, financiamento e capacidade de processamento (separação, refino e imãs permanentes).

Política local já se move

Após a divulgação dos achados, parlamentares de Roraima passaram a defender prioridade para o tema e visitaram a área pesquisada pela UFRR. Esse movimento político ajuda a destravar agendas, como infraestrutura, regularização fundiária e segurança jurídica, mas não substitui etapas de licenciamento nem a comprovação técnico-econômica do depósito. 

Para o senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR), o Governo Federal deve tratar a descoberta como prioridade de Estado, garantindo legislação adequada, fiscalização rigorosa e planejamento de longo prazo para que o potencial mineral se converta em avanços tecnológicos, econômicos e sociais para todo o país. O parlamentar argumentou também que o local pesquisado está distante de terras indígenas e de áreas de preservação ambiental.

“O local da descoberta está distante mais de 60 quilômetros de áreas indígenas e mais de 50 quilômetros de áreas de preservação ambiental, minimizando assim os riscos socioambientais. Estamos preparados e munidos de conhecimento, tecnologia e comprometimento social e ambiental. Mas, para alcançar esse objetivo, será necessário que o Governo Federal entenda que a questão das terras raras precisa ser tratada como uma prioridade estratégica para o nosso povo, e não pode ser negociada como uma simples mercadoria primária, salientou.

Já o senador Chico Rodrigues (PSB-RR) comentou o assunto, em entrevista à TV Senado, sob um viés de relevância geopolítica e geoestratégica. “A gente sabe das dificuldades que os Estados Unidos têm hoje em receber essa matéria prima da China e nós – obviamente com investimentos aqui no Brasil, com exploração acompanhada e com desenvolvimento em tecnologia – podemos fazer uma negociação com o governo americano para que essas terras raras entrassem também nesse processo de associação e discussão. É algo bom para os Estados Unidos, para o Brasil, mas acima de tudo, é bom para a humanidade”, salientou.

Em 10 de setembro, uma comitiva da Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Roraima (ALERR) realizou uma visita técnica ao Complexo, com vistas a conhecer de perto o potencial da área e obter subsídios para enriquecer os debates sobre o desenvolvimento econômico do estado. Na ocasião, foi demonstrado in loco a alta concentração dos minerais na propriedade rural.

Em 10 de setembro, uma comitiva da Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Roraima realizou uma visita técnica ao Complexo.
Em 10 de setembro, uma comitiva da Comissão de Minas e Energia da ALERR realizou uma visita técnica ao Complexo. Foto: Divulgação

O presidente da Comissão, deputado Idazio da Perfil (MDB-RR), destacou a contribuição a ser realizada pela Casa Legislativa no tocante ao debate sobre o tema. “A gente vai passar a ter algumas sessões itinerantes para esclarecer o que são terras raras para a população. Nós iremos apoiar essa iniciativa, pois a gente quer que Roraima se desenvolva mais ainda, sabendo que isso vai gerar arrecadação de impostos, geração de empregos e vai melhorar a vida do nosso povo”, afirmou.

Domínio chinês

A China, historicamente, concentrou não apenas a produção mineral, mas também o refino, a metalurgia e a fabricação de ímãs permanentes. O país tem usado essa posição estratégica como instrumento de poder econômico e diplomático. Em abril, Pequim decretou “export controls” sobre sete elementos de terras raras e seus derivados (óxidos, ligas e ímãs), exigindo licenças para exportação e impondo restrições aos que querem escoar essas matérias-primas ao exterior.

Conforme noticiou a agência Reuters, o governo chinês emitiu, este ano, as primeiras cotas de mineração e fundição para o setor de terras raras, sem grande publicidade, em meio à crescente tensão global. Só duas empresas estatais estariam elegíveis para participar dessas cotas, o que indica um controle mais rígido sobre quem produz e quem pode exportar.

Para os Estados Unidos, essa dependência representava um risco estratégico: um relatório do Escritório de Contas do Governo aponta que, embora os Estados Unidos ainda tenham depósitos de terras raras, a capacidade doméstica de processamento é quase inexistente, a maior parte do minério americano era exportada para ser refinada na China antes de voltar como produto tecnológico. Em resposta, os EUA têm buscado reverter essa dependência. 

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Um estudo do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, sigla em inglês) defende que o país precisa reconstruir expertise técnica e estabelecer “hubs” de processamento de terras raras fora da influência chinesa, para interromper a cadeia que alimenta a dependência.

A Lynas Corporation, mineradora australiana considerada a maior produtora de terras raras fora da China, tem chamado atenção para os obstáculos à expansão do setor. Em agosto, a empresa afirmou haver “incertezas consideráveis” sobre a construção de sua planta de processamento no Texas, em parceria com o Departamento de Defesa dos EUA, citando custos elevados e atrasos no cronograma. O caso evidencia que, mesmo em países aliados de Washington, projetos de diversificação da cadeia enfrentam prazos longos e altos investimentos, o que ajuda a explicar a dificuldade de reduzir rapidamente a dependência em relação à China.

No âmbito diplomático, a União Europeia também se movimentou. Em julho, o Parlamento Europeu aprovou resolução crítica às restrições chinesas, considerando que os controles de exportação de terras raras afetam a segurança industrial, energética e de defesa nos países membros. Em razão disso, as indústrias automotiva, eletrônica e de defesa europeias relatam atrasos de produção por causa da escassez dos elementos.


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