Desenvolvido em Manaus e testado em fazendas no interior de São Paulo, o IoTree é uma plataforma de Internet das Coisas (IoT) voltada para o monitoramento remoto de uso da água e crescimento da floresta, com aplicação direta em pesquisas de manejo e genética e na gestão florestal da maior produtora de celulosa do mundo, a Suzano.
O sistema, desenvolvido em parceria Instituto SENAI de Inovação em Microeletrônica (AM) e a startup Agroambiência, representa um salto qualitativo em relação às metodologias tradicionais de manejo. Com o IoTree, as informações podem ser acessadas remotamente e em tempo real, reduzindo custos, aumentando a quantidade de áreas a serem monitoradas e fortalecendo o compromisso com práticas sustentáveis.
A iniciativa foi selecionada no edital Missão Industrial (Bio)soluções: o futuro a partir da árvore, lançado em 2023 pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e a empresa Suzano. Os 14 projetos selecionados receberam, ao todo, R$ 16,1 milhões para o desenvolvimento de soluções inovadoras ligadas à bioeconomia. O IoTree, único que envolve microeletrônica, entrou em execução no final de 2024 e a entrega final está prevista para março de 2026.
Sistema usa bateria e energia solar
A gerente de Pesquisa e Desenvolvimento em Sustentabilidade da Suzano, Yhasmin Paiva Rody, reforça a relevância da parceria com o SENAI Amazonas. “Estamos desenvolvendo equipamentos na vanguarda de tecnologias que permitem medir a floresta com alta conectividade. Essa inovação fortalece o agronegócio sustentável, ajuda a proteger nossos biomas e contribui com o Brasil e com o mundo. Estamos inovando em prol de um desafio tão relevante como as mudanças climáticas – e ao mesmo tempo gerando florestas do futuro”, defende Yhasmin.
A solução técnica envolve o desenvolvimento de hardware e software, com nós-sensores acoplados a árvores específicas dentro das áreas de experimento da Suzano, equipados com sensores de dendrometria e fluxo de seiva. Esses dados são transmitidos por rede LoRa a um gateway concentrador, que os envia para uma plataforma digital de acesso remoto, podendo ser visualizados via navegador web ou aplicativo para celular. O sistema opera com alimentação via bateria e energia solar, superando os desafios de conectividade e fornecimento de energia nas áreas florestais remotas.
“Desenvolvemos uma plataforma de internet das coisas para monitorar dados de crescimento e fluxo de seiva dos eucaliptos e florestas nativas, fundamentais para o controle de qualidade, estimativas de carbono e a gestão de recursos hídricos”, destaca o pesquisador do Instituto SENAI, Carlos Raimundo Junior.
O especialista destaca ainda a sofisticação da tecnologia desenvolvida em Manaus. “Chegamos a um nível de precisão que permite medir pequenas variações no crescimento da floresta ao longo do dia e relacionar com mudanças no clima. É um avanço que traz benefícios não só à Suzano, mas a toda a cadeia de pesquisa florestal”.
Um marco para o ecossistema de inovação do Amazonas
Para o diretor do SENAI Amazonas, Rogério Pereira, o projeto IoTree é um marco para o fortalecimento da inovação industrial no estado. “Essa iniciativa deu ao Instituto SENAI de Inovação a oportunidade de mostrar sua competência técnica ao atender uma demanda real da indústria. Mais do que um produto, o projeto permite derivar soluções similares para outros setores industriais. Isso amplia o impacto da nossa atuação no ecossistema nacional de inovação”, acredita o diretor do SENAI.
O projeto também envolveu testes laboratoriais intensos, com validações em câmara climática, desenvolvimento de software e hardware próprio, redução significativa no custo dos sensores e criação de protótipos por impressão 3D. A equipe técnica conta com oito profissionais diretamente envolvidos, além de suporte administrativo, parceiros e os próprios pesquisadores da Suzano.
Perspectivas e próximos passos
Segundo o diretor do Instituto, Élvio Dutra, o projeto está na fase final de testes em campo. “Estamos recolhendo os equipamentos que foram instalados nas fazendas da Suzano para realizar os últimos testes e validações. A entrega do protótipo final à Suzano está prevista para outubro deste ano, permanecendo em campo até março de 2026, quando se encerra o projeto”, adianta Élvio Dutra.
A iniciativa também tem como mérito a complementaridade de expertise das instituições envolvidas: a Suzano com o manejo florestal, o SENAI com a microeletrônica e a Agroambiência com a engenharia agroflorestal.
O projeto IoTree também foi inscrito na 11ª edição do Prêmio Valor Inovação Brasil 2025, realizado pela Strategy& (consultoria estratégica da PwC) e pelo jornal Valor Econômico. O resultado saiu no mês passado e o projeto foi um dos vencedores. A empresa Suzano foi a primeira colocada no ranking setorial Papel e Celulose.
Rede de inovação da indústria contribuiu com 0,66% do PIB
O Instituto SENAI em Microeletrônica, no Amazonas, é uma das 27 unidades da rede de inovação do SENAI, criada em 2012 por demanda do setor produtivo, que via a necessidade de transformar pesquisa aplicada em inovação para o mercado. Hoje, após mais de uma década de operação, um estudo da Universidade de Lund, na Suécia, com o Instituto Fraunhofer, da Alemanha, mostrou o impacto econômico da rede: em oito anos de operação, os institutos contribuíram com 0,66% do PIB do Brasil (na média anual).
Fonte: Agências de Notícias da Indústria
