População em Gaza se desespera com risco iminente de invasão de tropas israelenses

"Não quero morrer’, disse, entre lágrimas, brasileira que não sabe para onde ir. Governo de Israel deu 24 horas para as pessoas saírem da cidade de Gaza em direção ao sul. Prazo termina no fim da tarde desta sexta-feira.
Destruição em Gaza após um dos ataques de Israel, em 10 de outubro. Foto_REUTERS/ Mohammed Salem

Da Redação, com informações do G1 e GloboNews

Shahed Al Banna, uma jovem brasileira de 18 anos, que está em Gaza falou nesta sexta-feira, 13, com exclusividade à emissora de TV GloboNews e revelou que o grupo de pessoas que está na mesma escola onde ela está abrigada desde o início do contra-ataque israelense à investida do grupo terrorista Hamas, no último dia 7, foi orientado a sair com urgência, mas não tem para onde ir. Durante a entrevista, a brasileira chorou, disse que “todos estão desesperados” e não sabem o que fazer para deixar o local.

“A situação está desesperadora, está difícil. As crianças estão chorando. Eu estou em uma escola. E a irmã da igreja disse que a escola não é mais um lugar seguro. Não podemos mais ficar aqui, os israelenses vão atacar todos os lugares. Eles mandaram o povo de Gaza sair. Todos os brasileiros aqui estão desesperados, não sabemos para onde ir. Temos que ir para o Sul, mas não sabemos quem vai nos receber. Não temos o que fazer, não sei”, disse Shahed.

Muito emocionada, a jovem disse estar “com medo de morrer” e disse que está junto a familiares e a outros brasileiros. E que com o aviso do governo de Israel, todos teriam que deixar alimentos para trás. “Estou há seis dias sem dormir. Estou tonta, já não sei mais o que pensar, já não sei o que fazer”, disse a jovem.

Shahed Al Banna, é brasileira e está em Gaza. Foto: Reprodução/GloboNews

Enquanto Shahed falava com a reportagem da GloboNews, fortes estrondos foram ouvidos. Ela relatou que a escola onde estão foi atacada mais de uma vez. “Essa escola é um lugar que já foi atacado muitas vezes ontem, antes de ontem. Não é um lugar seguro, zero segurança. Agora a gente vai ter que sair do lugar”, disse.

Muito emocionada, Shahed chorou ao relatar a situação do local onde está, acompanhada da irmã e da avó. Segundo ela, na escola estão um total de 26 brasileiros e mais familiares destas pessoas. Todos aguardam a chance de ir embora, mas têm medo do caminho até o Sul de Israel em meio aos bombardeios.

“Quando eu falei com o embaixador (brasileiro), ele disse que tem dois ônibus para nos levar para o Sul, que é onde os israelenses mandaram o povo daqui ir, e todo mundo está indo para lá. O caminho para lá é muito perigoso, eles estão jogando bombas nas pessoas. A nossa vida, se a gente for nesses ônibus, não é garantida”, explicou.

As explosões se intensificaram enquanto Shahed falava ao vivo com a reportagem. O grupo, então, foi orientado a deixar rapidamente a escola onde estavam abrigados. Pelo menos três brasileiros, inicialmente dados como desaparecidos, já tiveram suas mortes confirmadas – todos vítimas de um ataque do Hamas a Israel, no sábado, 7.

Na quinta-feira, 12, o presidente Lula conversou por telefone com o presidente de Israel, Isaac Herzog. Depois, por meio de suas redes sociais, Lula afirmou ter pedido o estabelecimento de um corredor humanitário para a saída, não apenas de brasileiros, mas de todos que quiserem deixar a Faixa de Gaza, que tem sofrido um bombardeio sem precedentes, por parte de Israel.

O Exército israelense emitiu um aviso orientando que os moradores da Cidade de Gaza deixem suas casas em direção ao sul da região em até 24 horas. A informação foi confirmada em um vídeo publicado em redes sociais das forças militares do país.

Segundo a ONU, o comunicado foi enviado pouco antes da meia-noite no horário local. Assim, as 24 horas serão completadas às 18 horas desta sexta-feira, 13, no horário de Brasília. O porta-voz da ONU Stephane Dujarric pediu que, se qualquer ordem de ataque por Israel for confirmada, seja rescindida, “evitando o que poderia transformar o que já é uma tragédia numa situação calamitosa”.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) também apelou às autoridades israelenses, dizendo que mover as pessoas que estão em estado grave nos hospitais de Gaza, incluindo aquelas com suporte de respiração, é uma “sentença de morte”.

Veja, abaixo, a íntegra do comunicado divulgado pelo Governo de Israel ao moradores da Cidade de Gaza:

“As Forças de Defesa de Israel apelam que todos os cidadãos da Cidade de Gaza evacuem suas casas em direção ao sul, para sua própria segurança e proteção, e se mudem para a área sul de Wadi Gaza, como mostrado no mapa.

A organização terrorista Hamas travou uma guerra contra o Estado de Israel e a Cidade de Gaza é uma área onde operações militares acontecem. Essa evacuação é para a sua própria segurança.

Você poderá retornar para a Cidade de Gaza apenas quando outro pronunciamento permitir que isso seja feito. Não se aproxime da área da cerca de segurança com o Estado de Israel.

Os terroristas do Hamas estão escondidos na Cidade de Gaza, dentro de túneis que ficam abaixo de casas e dentro de prédios lotados de cidadãos inocentes de Gaza.

Cidadãos da Cidade de Gaza, evacue para o sul para a sua própria segurança e a segurança de seus familiares, e se distancie dos terroristas do Hamas, que estão te usando como um escudo humano.

Nos próximos dias, as Forças de Defesa de Israel continuarão com operações significativas na Cidade de Gaza, com esforços extensivos para evitar ferir civis.”

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