A professora Tanara Lauschner tomou posse, na noite desta sexta-feira (04/07), como reitora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) para o quadriênio 2025–2029. A cerimônia ocorreu no auditório Eulálio Chaves, no Campus Universitário Senador Arthur Virgílio Filho, em Manaus, e reuniu autoridades, pesquisadores, estudantes, técnicos, docentes e representantes de instituições científicas. O ato contou com a presença da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, e do presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ricardo Galvão.
Nomeada por decreto presidencial publicado no Diário Oficial da União em 2 de julho de 2025, Lauschner é a segunda mulher a assumir a reitoria da Ufam. Ao lado do vice-reitor eleito Geone Maia Corrêa — o primeiro oriundo de um campus do interior —, ela foi eleita em segundo turno com mais de oito mil votos válidos (53,5%) na consulta acadêmica realizada em abril.

Durante a posse, a nova reitora destacou os compromissos centrais da gestão.
“Nosso compromisso é com a mudança verdadeira, aquela que nasce do diálogo, que acolhe a diversidade, que respeita os saberes tradicionais e que ousa sonhar, junto com a sociedade, um futuro mais justo, solidário e sustentável”, declarou.
Interiorização, permanência e protagonismo amazônico
Em seu discurso, Lauschner afirmou que a nova gestão irá intensificar a presença da universidade nos municípios do interior do Amazonas, reforçando políticas de permanência estudantil e fomentando ações de ciência, inovação e extensão que dialoguem com a realidade amazônica. Ela também prometeu criar espaços de escuta ativa, combater o assédio e valorizar docentes, técnicos e estudantes.
“Estamos aqui unidos e unidas por um mesmo desejo: retomar o protagonismo da Ufam como uma universidade amazônica, inclusiva, plural e transformadora”, afirmou.
A nova reitora ainda pontuou o papel da universidade no enfrentamento ao negacionismo e na valorização da ciência como bem público.
“Aqui está a presença de pesquisadores e pesquisadoras que todos os dias lutam por financiamento, resistem ao negacionismo e seguem afirmando que a ciência é um bem público.”
A cerimônia foi marcada por um ritual indígena de purificação, realizado no cortejo de entrada da nova gestão, e pelo uso de um traje cerimonial confeccionado pelo estilista indígena Sioduhi, referência na moda indígena contemporânea. A escolha dos elementos reforçou o compromisso com a valorização da identidade amazônica e dos povos originários.
Fortalecimento da ciência na Amazônia
A cerimônia de posse também trouxe falas contundentes em defesa da ciência na região Norte. O presidente do CNPq, Ricardo Galvão, reforçou o compromisso da agência com a pesquisa na Amazônia:
“O protagonista da ciência na Amazônia tem que ser o amazônida. A pesquisa tem que ser baseada aqui. Fazer ciência no Norte do país não é fácil, mas podem contar com o CNPq, junto com a reitora Tanara Lauschner, para promovermos um avanço científico substancial”, pontuou.
A ministra Luciana Santos enfatizou os desafios enfrentados por mulheres na ciência e reforçou a necessidade de políticas que garantam sua permanência e ascensão na carreira científica.
“Somos a maioria não só da população brasileira, mas a maioria das universitárias, a maioria nas bolsas de iniciação científica. Mas quando chega à bolsa de produtividade, que é o ápice da carreira científica, há uma redução de 35% da participação das mulheres. Precisamos seguir abrindo caminho para que outras venham conosco e depois de nós”, defendeu.
Para o vice-reitor empossado, Geone Maia Corrêa, a gestão reafirma o compromisso com a multicampia da Ufam e a presença no interior do estado.
“Eu sei o quanto é desafiador, mas também extraordinário, fazer parte de uma universidade multicampi, que alcança o interior do Amazonas com a mesma seriedade e compromisso que temos com a capital. Esse é o nosso maior patrimônio: sermos uma universidade para todos e todas”.
Também participaram da solenidade a reitora da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Kátia do Nascimento; o reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), José Daniel Diniz; a reitora de gestão de pessoas da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Luciana de Gouveia; a deputada estadual Alessandra Campêlo; e o deputado federal Sidney Leite, que coordena a bancada do Norte na Câmara dos Deputados.

Leite destacou a necessidade de ampliar os recursos públicos para pesquisa na região.
“Uma das prioridades da bancada do Norte é corrigir o orçamento da educação e garantir maior aporte para ciência e tecnologia na Amazônia. Precisamos aproximar o Polo Industrial de Manaus, inclusive no que diz respeito aos recursos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), da rede de pesquisa das nossas universidades”, afirmou.
Compromissos de gestão
Encerrando seu discurso, Tanara reforçou que conduzir a Ufam será um desafio coletivo: “Sei que representar tantas histórias e conduzir nossa universidade é uma responsabilidade imensa, mas também sei que temos um grupo competente e comprometido em fazer o melhor. É nosso papel fortalecer a democracia dentro da Universidade Federal do Amazonas”, concluiu.
Fonte: da Redação.