O Brasil iniciou nesta quarta-feira a conexão de Roraima à rede elétrica nacional, em processo que permitirá o desligamento gradual de usinas termelétricas fósseis que suprem o Estado, o único do país que até então não recebia energia elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN).
A interligação é viabilizada pela conclusão das obras do linhão de transmissão Manaus-Boa Vista, empreendimento que foi licitado há 14 anos e enfrentou uma série de dificuldades para sair do papel, ligadas principalmente ao licenciamento ambiental, por atravessar terras indígenas dos Waimiri Atroari.
Segundo o governo, a conexão ao restante do país proporcionará maior segurança energética para Roraima, além de confiabilidade no suprimento e perspectiva de desenvolvimento econômico, permitindo a instalação de indústrias no Estado.
Também deverá haver importante economia de custos com compra de combustíveis que hoje abastecem as usinas termelétricas locais de Roraima.
Essa economia, estimada em valor superior a R$600 milhões por ano, ajudará a aliviar a conta de luz de todos os consumidores do país, já que hoje os combustíveis são subsidiados pela Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), paga via encargo na conta de luz.
O Brasil havia retomado neste ano a importação de energia da Venezuela, após anos de interrupção, como alternativa para ajudar a reduzir custos com suprimento de Roraima.
Do ponto de vista ambiental, o governo previu que o desligamento gradual de termelétricas na região reduzirá as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em mais de 1 milhão de toneladas de CO₂ por ano.
A integração de Roraima foi celebrada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em visita à sede do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) em Brasília.
Durante o evento, Lula ressaltou que “poucos países” têm um sistema elétrico totalmente interligado como o Brasil, e que isso ajudará a proporcionar maior integração energética também com países vizinhos.
“O dia que os países da América do Sul tiverem consciência da importância de um sistema como esse, a gente pode interligar todo potencial hídrico da América do Sul, e a gente pode ser uma potência muito maior, fazendo com que nunca mais um país tenha problema de falta de energia porque podemos fazer transmissão de um para o outro”.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse no evento que o linhão que conecta Manaus a Boa Vista consegue escoar muito mais energia do que a demanda atual de Roraima, o que abre espaço para que o empreendimento possa ajudar a trazer ao país energia gerada em países vizinhos como Venezuela e Guiana.
Chamado de Linhão de Tucuruí, o empreendimento é de responsabilidade da Transnorte Energia (TNE), concessionária detida por Eletrobras e Alupar. Ao todo, envolveu a construção de 724 quilômetros de linhas de transmissão de 500 mil volts (500 kV) e três subestações, somando R$2,6 bilhões em investimentos.
Fonte: InfoMoney