Roraima é líder nacional em focos de queimada neste início de ano

Estado responde sozinho por 22% dos focos de calor registrados de janeiro até quinta-feira, revelam os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)
Incêndio em Amajari (RR). Foto: Samantha Rufinog/ 1 RR

Da Redação, com informações da Agência Brasil e g1 RR

Apenas esta semana, o estado de Roraima já registrou mais de mil focos de queimadas. Desde o início do mês, são 1.691 focos ativos e, ao estender a análise para desde o primeiro dia de janeiro, até quinta-feira, 22, o registro é de 2.295 focos de calor. Os dados foram divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o cenário revela que o estado ocupa o primeiro lugar no ranking de todo o Brasil, respondendo sozinho por mais de 22% dos focos registrados no país em 2024 (7.957 focos de calor).

Os focos de calor são locais com altas temperaturas, passíveis de serem atingidos por incêndios. Segundo o Inpe, atualmente, Roraima tem 8 dos 10 municípios do Brasil com o maior número de focos de calor. A cidade de Mucajaí é a com o maior número de focos, 277; seguida por Caracaraí (264), Amajari (224), Rorainópolis (180), Iracema (114), Boa Vista (107), Alto Alegre (106) e Bonfim (97).

O estado passa por um período de forte estiagem, agravado pela influência do fenômeno do El Niño. Três municípios já decretaram situação de emergência: Amajari, Uiramutã e Normandia.

Bombeiros atuam na orientação a moradores para não usar o fogo na “limpeza” das terras

O Corpo de Bombeiros de Roraima aponta a prática local de atear fogo para “limpar” a terra como uma dos fatores que agravam a situação, uma vez que o fogo pode sair de controle. Na quarta-feira, o comandante-geral da corporação, Coronel Anderson Carvalho, visitou o município de Amajari, na região que abrange as localidades de Vila Nova e Vila do Trairão. O objetivo foi orientar os moradores sobre medidas de prevenção e segurança diante dos incêndios florestais na região.

“Hoje, nós temos seis equipes distribuídas em quatro pontos, combatendo os incêndios. Orientamos a população para que não façam queimadas, porque neste momento, com ventos fortes, vegetação seca e altas temperaturas é muito difícil controlar. Então, é melhor evitar”, disse o comandante em uma rede social.

Calamidade – A situação fez com que a Assembleia Legislativa enviasse ao governo de Roraima uma indicação para ser decretado estado de calamidade pública e situação de emergência devido ao avanço das queimadas. Segundo o vice-presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Cabral (Cidadania), a iniciativa tem por objetivo buscar apoio das instituições estaduais para mitigar os danos causados pelos incêndios.

“Diante deste cenário alarmante, de seca extrema e estiagem duradoura, Roraima encontra-se em estado de emergência ambiental, sendo, portanto, nas atribuições que compete a este parlamentar, requisitar informações sobre possível plano de fortalecimento ao combate às queimadas e os dados de sua execução inicial, com referência a recursos humanos e materiais já em campo”, disse Cabral.

No dia 6 de fevereiro, o Ministério do Meio Ambiente declarou estado de emergência ambiental para riscos de incêndios florestais em Roraima entre os meses de setembro de 2024 a abril de 2025. O estado já está sob alerta do ministério para incêndios florestais até abril de 2024.

Liberação de queimadas – O site g1 divulgou nesta sexta-feira, 23, que em meio ao período de estiagem, o Greenpeace Brasil alertou que o governo de Roraima liberou 55 licenças ambientais para queimadas, sendo responsável pelo aumento de focos, segundo a organização. Ao g1, o governo de Roraima disse que a alegação não procede, pois “a maioria das autorizações expedidas pelo órgão não foram utilizadas”. Disse ainda que a maioria dos incêndios são de incêndios florestais, como os que ocorreram em Amajari, ao Norte de Roraima.

O ciclo de queimadas foi suspenso pelo governo na quarta-feira, 21, por tempo indeterminado. No dia 16 de fevereiro, o calendário elaborado pela Fundação Estadual do Meio Ambiente e Meios Hídricos (Femarh) havia sido prorrogado para até 9 de março em 12 municípios.

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