Royalties do petróleo e a dependência econômica do Amapá; projeção aponta alta de 62% no PIB estadual

Estado aposta nos royalties de uma possível exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas como oportunidade para dinamizar a economia e enfrentar entraves estruturais históricos
Município de Cutias, localizado na costa amapaense. Foto: Divulgação

A revista PIM Amazônia dá continuidade à série “Petróleo na Amazônia: riqueza em jogo entre promessas e riscos”, que analisa os impactos econômicos, sociais e ambientais da possível exploração de petróleo na margem equatorial brasileira. Nesta segunda reportagem, o foco recai sobre a distribuição de royalties e as implicações fiscais e sociais para o Amapá, estado que está no centro das expectativas em torno da Bacia da Foz do Amazonas. A matéria dá sequência à cobertura que, na edição anterior, abordou o debate sobre licenciamento ambiental e as controvérsias que cercam o avanço da atividade petrolífera na região.

A exploração de petróleo e gás natural no Brasil é regulada por um marco legal que prevê compensações à sociedade, por meio do pagamento de royalties e de “participação especial”, para as empresas que operam nos campos produtores. A lógica é que, como os hidrocarbonetos são bens não renováveis e de alto valor econômico, parte da receita deve voltar para a União, aos estados e municípios produtores ou impactados. Os royalties funcionam, então, como uma espécie de “aluguel” que empresas, como a Petrobras, pagam ao governo por usar os recursos naturais.

Legislação

A cobrança e a divisão dos royalties do petróleo no Brasil são resultado de um conjunto de leis criadas para garantir que a riqueza obtida com a exploração de um recurso natural, finito e pertencente à União, seja compartilhada entre os diferentes níveis de governo. A história começa em 1989, com a Lei nº 7.990, que introduziu pela primeira vez o conceito de compensação financeira para estados e municípios produtores de petróleo e gás natural. A ideia era simples: compensar financeiramente os entes que sofressem impacto ambiental ou infraestrutural pela atividade.

Com o tempo, o modelo foi aperfeiçoado: em 1997, veio a Lei nº 9.478, conhecida como Lei do Petróleo, que consolidou o regime de concessões e definiu de forma mais detalhada como e quanto as empresas deveriam pagar de royalties. A norma fixou a alíquota básica entre 5% e 10% do valor da produção, podendo chegar a 15% conforme as características do campo: profundidade, localização e volume extraído.

Já em 2010, a Lei nº 12.351, que regulamentou a exploração do pré-sal, alterou esse artigo da lei anterior e confirmou a alíquota de 15% para as novas áreas sob o regime de partilha de produção, estabelecendo também novas formas de rateio entre União, estados e municípios.

A última grande mudança ocorreu em 2013, com a Lei nº 12.858, que determinou que parte dos royalties e das participações especiais fosse obrigatoriamente aplicada em educação e saúde. A lei exige que 75% das receitas de royalties sejam destinados à educação pública e 25% à saúde, tanto nos estados quanto nos municípios. Na prática, esses recursos podem financiar desde a construção de escolas e hospitais até programas de capacitação de professores, compra de equipamentos, atenção básica e melhoria de infraestrutura de saneamento ligada à saúde pública.

O Amapá em alguns números

Para ilustrar esse cenário, com base nos dados mais recentes do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), referentes ao ano de 2021, o Amapá registrou um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de 0,688, número na faixa considerado médio, já que, para ser considerado alto, é preciso estar acima de 0,700. Já sua capital, Macapá, apareceu na última posição entre as 21 capitais brasileiras avaliadas no novo ranking do IDHM de 2022. O estudo, que considera indicadores de renda, educação e longevidade, apontou um índice de 0,695 para a capital amapaense.

Dados divulgados em 2024 pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostram que o estado lidera a evasão escolar na região Norte, com 7% dos jovens fora da sala de aula, índice que é mais que o dobro da média nacional, de 2%. A situação é ainda mais crítica entre adolescentes de 15 a 17 anos, faixa etária mais afetada pela exclusão escolar.

Em termos de desempenho, o Amapá também não conseguiu alcançar a meta nacional do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2023. O estado obteve 5,0 nos anos iniciais do ensino fundamental, abaixo da média nacional de 6,0; 4,3 nos anos finais, frente à média de 5,0; e 3,8 no ensino médio, enquanto a média nacional ficou em 4,3.

Na saúde, a taxa de mortalidade infantil (óbitos de menores de 1 ano por mil nascidos vivos) foi estimada em aproximadamente 21 em 2023, valor superior ao da média da Amazônia Legal e ao restante do Brasil.

Palavra do economista

O economista Charles Chelala, especialista em Desenvolvimento de Áreas Amazônicas e professor da Universidade Federal do Amapá (Unifap), explica que o estado hoje está entre os estados mais dependentes economicamente do país, disputando sempre as últimas posições com o estado de Roraima. Segundo ele, a cada R$ 10 empregados em salários, cerca de R$ 7 saem para servidores públicos, e estima-se que 57 % do Produto Interno Bruto (PIB) seja gerado pela administração pública. Essa situação decorre de dois fatores principais:

Legado de ex-território: o Amapá foi ex-território federal e, historicamente, os ex-territórios têm forte presença do setor público.

Infraestrutura privada pouco desenvolvida: a infraestrutura é muito deficitária. O Amapá é o único estado brasileiro que não está conectado rodoviariamente ao restante do país, enfrenta dificuldades na transmissão e distribuição de energia elétrica, e apresenta um dos mais baixos índices de saneamento. As rodovias federais principais, a BR‑156 e a BR‑210, não estão completamente pavimentadas.

Por isso, Chelala destaca a importância das atividades a jusante, ou seja, aquelas que ocorrem antes da produção propriamente dita, como construção de plataformas, formação de cadeias de fornecedores, serviços e qualificação profissional local. Ele aponta que os royalties da produção de petróleo poderiam alimentar receitas municipais semelhantes às de municípios como Campos dos Goytacazes (RJ) e Vitória (ES).

“É claro que existe o conceito da ‘maldição do petróleo’, locais com petróleo que, paradoxalmente, têm população pobre, mas esse risco pode ser mitigado se houver coordenação entre poderes públicos, sociedade civil e a empresa produtora com forte compromisso socioambiental”, alerta.

Para o professor, se o estado for vítima de um projeto extrativista isolado, surgem problemas: o influxo de trabalhadores atrai pessoas ao estado que já tem alta taxa de desemprego e poucas alternativas, o que gera pressão sobre serviços públicos e infraestrutura local.

Em 2024, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) estimou que a exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas poderia acrescentar R$ 10,7 bilhões ao PIB do Amapá, representando um aumento de 62,2% na economia estadual, além da geração potencial de 53.916 empregos. O estudo considerou a hipótese de exploração de um bloco por estado, com produção de 100 mil barris por dia, preço médio do barril a US$ 80 e taxa de câmbio de R$ 4,93.

Segundo o professor Chelala, antes mesmo da produção propriamente dita, dos 16 municípios amapaenses, nove cresceram em população, embora em ritmo moderado. “O município que mais cresceu foi Oiapoque, onde a presença de sondas e atividades exploratórias gerou pressão imobiliária, aumento de emprego, fortalecimento da universidade local, a Universidade Federal do Amapá, e melhoria na arrecadação municipal”, aponta.

O especialista também enfatiza os programas sociais, advindos da Petrobras, que resultaram em dezenas de milhões de reais em editais para educação, meio ambiente e outras iniciativas na região norte do estado. “O efeito já se faz sentir, principalmente porque o mercado local ainda é pequeno: uma simples movimentação relevante provoca impacto elevado”, inclui.

Quem recebe

Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a fatia que cada ente recebe depende de onde está o campo de produção.  Há duas situações principais:

Operação de exploração de petróleo em terra
Operação em terra. Foto: Divulgação

Produção em terra (onshore) – Quando a extração acontece em solo, rios ou ilhas, a divisão padrão é:

  • Município produtor: 30%
  • Estado produtor: 20%
  • União: 50% (distribuídos entre ministérios, Marinha, ANP e fundos especiais).

Essas porcentagens estão previstas no Decreto nº 1.899/1996 e confirmadas pela ANP.

Navio para exploração de petróleo em em alto mar
Sonda da Petrobras para exploração de petróleo em alto mar. Foto: Divulgação

Produção no mar (offshore)

Quando o campo fica em alto-mar, como é o caso da Bacia da Foz do Amazonas, a repartição é um pouco diferente:

●  Estados confrontantes: 26,25%

●  Municípios confrantes: 22,5%

●  Municípios com terminais, portos ou instalações de embarque e desembarque de petróleo e gás: 7,5%

●  Fundo Especial da União: 15%

●  Comando da Marinha: 20%

●  ANP e Ministério de Minas e Energia: cerca de 8% (somados, para fiscalização e regulação).

No caso de campos offshore, nenhum município pode ser considerado produtor, porque o petróleo é extraído na plataforma continental, uma área que pertence à União, não ao município ou ao estado (neste caso, eles são denominados “confrontantes” e são definidos por projeções geodésicas do IBGE sobre a costa). Na Bacia da Foz do Amazonas, só haverá municípios confrontantes, porque toda a produção prevista é offshore.

Municípios com Instalações de Embarque e Desembarque (IED) de petróleo e gás (portos, monobóias ou pontos de entrega do gás), mesmo sem serem “produtores” ou “confrontantes”, podem receber por abrigarem infraestrutura ligada ao escoamento/entrega da produção. A Bacia da Foz do Amazonas abrange o litoral do Amapá e parte do Pará, estados confrontantes que podem receber, se houver produção offshore.

Calçoene, município costeiro do Amapá, poderá ser um dos beneficiados pelos royalties advindos da exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas.
Calçoene, município costeiro do Amapá, poderá ser um dos beneficiados pelos royalties advindos da exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas. Foto: Divulgação

No Amapá, os municípios costeiros listados pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) incluem Oiapoque, Calçoene, Amapá e Macapá, Cutias, Itaubal, Santana e Mazagão. Macapá é considerado município costeiro por conta das ilhas do arquipélago do Bailique, que ficam no estuário. Isso não significa que todos receberão; significa apenas que estão na zona costeira que o IBGE usa como base técnica para projetar confrontação quando houver campo definido. A ANP/IBGE publicarão a lista de confrontantes do(s) campo(s) assim que houver produção.

Municípios com IED (se vierem a existir no AP) também podem ter direito, mesmo sem serem “confrontantes”, desde que a IED esteja tecnicamente vinculada ao escoamento/entrega da produção (petróleo/gás) daquele sistema. A ANP e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) enfatizam a vinculação técnica e não apenas a “presença física” da instalação.

Quem não recebe

Municípios sem produção em terra, sem confrontação marítima e sem IED não têm direito a royalties de produção, entendimento aplicado pela ANP e confirmado em decisões judiciais. Manaus e Boa Vista, por exemplo, não possuem confrontação com a Bacia da Foz do Amazonas nem IEDs de petróleo e gás associadas a ela.

Da mesma forma, municípios do Amapá, como Laranjal do Jari, Vitória do Jari e Tartarugalzinho, também não recebem repasses, uma vez que não atendem aos critérios técnicos exigidos. Só haveria direito ao benefício caso fosse implantada alguma IED do sistema de escoamento vinculada diretamente à produção dentro de seus territórios, o que, até o momento, não ocorre.


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