Seca na Amazônia: Impactos ambientais vão além da floresta

O alerta é sobre a incapacidade de recuperação de florestas tropicais como a Amazônia, dado ao aumento de eventos climáticos extremos, de nível semelhante a seca histórica que atingiu a região em 2023
Foto: Divulgação

Nesta terceira e última reportagem da série “Seca na Amazônia”, abordamos os impactos ocasionados no meio ambiente pela forte seca ocorrida no último ano, e como isso tem relação com as mudanças climáticas que estão sendo observadas por todo o planeta.

O estudo ‘Critical slowing down of the Amazon forest after increased drought occurrence’ (Desaceleração crítica da floresta amazônica após aumento na ocorrência de secas, em tradução livre), publicado em 20 de maio de 2024, pela revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), traz um novo alerta sobre a incapacidade de recuperação de florestas tropicais como a Amazônia, dado ao aumento de eventos climáticos extremos, de nível semelhante a seca histórica que atingiu a região em 2023. 

O estudo enfatiza que fenômenos como as secas estão se tornando mais frequentes na Amazônia, em um grau que foge a naturalidade, causando efeitos negativos à saúde e ao funcionamento da floresta. Dessa forma, o ecossistema está tendo menos tempo para se recuperar, e por isso perde aos poucos sua capacidade de resiliência (reconstrução), podendo se aproximar de um estado crítico e, até mesmo, de um ponto de não retorno. 

Em outros termos, isso significa que o impacto de devastação do bioma atinge um nível tão intenso que fica impraticável o processo de reconstrução para o seu estado original. É possível afirmar que há, até mesmo, a possibilidade de biomas como a Amazônia se tornarem um outro tipo de vegetação, com a aparência semelhante à de savana, porém com perda de biodiversidade e diminuição na capacidade de absorver carbono da atmosfera. 

“SEM DÚVIDA, A FLORESTA AMAZÔNICA EVOLUIU EM DEZENAS E DEZENAS DE MILHÕES DE ANOS, ENTÃO, LOGICAMENTE, AS FLORESTAS FORAM SE ADAPTANDO A FENÔMENOS CLIMÁTICOS EXTREMOS”. 
Carlos Nobre, cientista

O climatologista e cientista brasileiro referência mundial em mudanças climáticas, Carlos Nobre, ressalta que todas essas consequências, em termos de velocidade das mudanças climáticas, são resultado de ações humanas. 

“Sem dúvida, a floresta amazônica evoluiu em dezenas e dezenas de milhões de anos, então, logicamente, as florestas foram se adaptando a fenômenos climáticos extremos. Lógico, quando a gente observa esses últimos milhões de anos, tivemos vários períodos glaciais ou até períodos de menos chuva onde a floresta diminuiu de área, mas essas são evoluções naturais.”, enfatiza o especialista. 

Ao se falar de eventos climáticos extremos, é preciso destacar que se tratam de fenômenos atmosféricos que ocorrem com uma intensidade ou frequência muito além das condições normais de um determinado local e período. Esses eventos podem causar danos significativos ao meio ambiente, infraestrutura e comunidades humanas, incluindo uma ampla gama de ocorrências climáticas e meteorológicas, como vistos na estiagem de 2023, na região amazônica.

Contudo, esses eventos estão cada vez mais frequentes, não só na Amazônia, mas em outras partes do país e também no resto do mundo. Mais recentemente, no final de abril de 2024 chuvas intensas avançaram sobre o estado do Rio Grande do Sul, levando o nível do Rio Guaíba para acima dos 5 metros, de acordo com dados da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). As chuvas danificaram infraestruturas como aeroportos, estradas, ferrovias, redes de energia elétrica e transportes públicos, sem contar os impactos na parte residencial de áreas urbanas e rurais. 

No estado do Acre, já se acende um alerta sobre um possível novo evento climático extremo em menos de 1 ano. O estado presenciou enchentes que atingiram mais de 100 mil habitantes entre fevereiro e março e, atualmente, o rio Acre registra níveis abaixo do comum para o período. O manancial chegou a 2,52 metros em maio, menor marca para o mês nos últimos cinco anos. A região também enfrenta um baixo índice de chuvas, somente durante o mês, até o dia 24 de maio, choveu apenas 54,1 milímetros na capital, sendo que o esperado era de 108 milímetros.

NO ESTADO DO ACRE, JÁ SE ACENDE UM ALERTA SOBRE UM POSSÍVEL NOVO EVENTO CLIMÁTICO EXTREMO EM MENOS DE 1 ANO

Paralela a realidade brasileira, a passagem de um tornado em Iowa, nos Estados Unidos, deixou ao menos cinco mortos e 35 feridos na noite de 22 de maio. Outros 15 condados no País foram colocados em estado de emergência por causa do tornado. 

No México, nove estados enfrentaram, também no final de maio, uma onda de calor. As temperaturas chegaram a 51º C por conta de um fenômeno chamado domo de calor. Isso acontece quando uma área de alta pressão atmosférica se forma sobre uma região, criando uma “cúpula” que aprisiona o ar quente. Isso resulta em temperaturas muito altas que podem durar vários dias ou até semanas. Em consequência, mais de 80 macacos morreram desidratados. 

Carlos Nobre esclarece que a ocorrência desses eventos foge do caminho natural dos ecossistemas, sendo resultado do agravamento do aquecimento global, sendo esse aquecimento consequência da ação humana. Ele explica que um exemplo disso são os gases hoje presentes na atmosfera. Nobre informa que mais de 99% deles, como gás carbônico, o metano, óxido nitroso e entre outros, são decorrência da ação antrópica, como a queima de combustíveis fósseis, desmatamento, queimadas, indústria, agropecuária e uso de hidrofluorcarbonetos. 

 “ISSO NÃO É COISA NATURAL, ESSA VELOCIDADE EM TERMOS DE MUDANÇA CLIMÁTICA NA ESCALA EM QUE NÓS ESTAMOS VENDO. ANTES NÓS TÍNHAMOS UMA SECA UM POUCO MAIS FORTE A CADA DUAS DÉCADAS, HOJE NÓS TEMOS DUAS SECAS FORTES POR DÉCADA”.
Carlos Nobre, cientista

“Isso não é coisa natural, essa velocidade em termos de mudança climática na escala em que nós estamos vendo. Antes nós tínhamos uma seca um pouco mais forte a cada duas décadas, hoje nós temos duas secas fortes por década. Então, tem sido muito rápido e traz um risco muito grande para os ecossistemas. Tivemos esse recorde de seca em 2023, um registro histórico, que ao mesmo tempo também bateu o recorde de temperatura. Vemos que, por exemplo, mais de 90% dos incêndios na Amazônia são por conta da ação humana”, ressalta o pesquisador. 

Ainda neste século, a Amazônia já havia registrado outros cenários de estiagem extrema e prolongada, quase sempre associados à ocorrência do fenômeno climático El Niño: a primeira em 2005, a segunda em 2010, a terceira em 2015 e 2016.

Para 2023, Carlos Nobre avalia a soma de duas principais forças como causa do cenário de mega seca, sendo elas, claro, não o único motivo para a dimensão da estiagem. Uma dessas forças é o tão falado El Niño, fenômeno climático caracterizado pelo aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico central e oriental. Tal aquecimento altera os padrões climáticos globais, afetando a temperatura, os ventos e a precipitação em diferentes partes do mundo.

Durante o fenômeno, os ventos alísios, que normalmente sopram de leste para oeste, ao longo do Pacífico equatorial, enfraquecem ou mudam de direção, alterando os padrões de circulação atmosférica. Com o aquecimento das águas e a alteração dos ventos, deslocam-se as áreas de convecção, regiões na atmosfera onde ocorre o movimento ascendente de ar quente e úmido, mudando a distribuição de chuvas e tempestades. Contudo, o pesquisador enfatiza que, embora afete a Amazônia, esse é um processo normal. 

“Então, isso aí existe há milhões de anos, a floresta sempre evoluiu com esse clima. Esse é um dos fatores de seca. O outro fator é quando o Oceano Atlântico ao norte do Equador está muito quente, fazendo com o que o ar desça até a Amazônia, o que também induz a seca”, afirma. 

Ainda assim, o especialista reforça, que independente da soma das forças desses dois fenômenos, o que de fato, provoca esse agravamento são as ações humanas que levaram o planeta ao estado de aquecimento global.

Em 2023, com as grandes ondas de calor que tiveram seu pico principalmente entre setembro e outubro, os impactos ambientais foram incontáveis, desde a queda dos níveis dos rios, ao aumento da temperatura das águas, o que provocou a morte de peixes e mamíferos aquáticos como botos e peixe-bois. 

No lago Tefé, no Médio-Solimões, localizado no interior do Amazonas, a temperatura da água chegou a 39,1 graus Celsius (ºC) no dia 28 de setembro. 153 botos foram encontrados mortos na região: 130 cor-de-rosa e 23 da espécie tucuxi. Em uma semana, a perda foi de cerca de 10% da população de botos do local, de acordo com Miriam Marmontel e André Coelho, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), e Mariana Paschoalini Frias, do WWF-Brasil. Já no final de outubro, 23 carcaças de botos-vermelhos e tucuxis foram encontradas em um lago no município de Coari, no interior do Amazonas.

Em “DECLARAÇÃO SOBRE A SECA AMAZÔNICA DE 2023 E SUAS CONSEQUÊNCIAS IMPREVISTAS” os pesquisadores Flávia Costa e José Marengo, do Painel Científico para a Amazônia (SPA), destacam que os impactos da seca não se restringem ao período da estiagem em si. “Os impactos de médio e longo prazo incluem a degradação florestal perto de áreas desmatadas; aumento da mortalidade das árvores e diminuição do crescimento, redução dos sumidouros de carbono florestal e impactos negativos nas sociobioeconomias comunitárias”, explicam. 

Eles também informam que a seca de 2023 é a mais extrema jamais vista no registro histórico, e de alguma forma única já que iniciou durante a pré-estação chuvosa, enquanto nos eventos anteriores, a seca ocorreu no pico da estação chuvosa (verão austral). O evento combinou a redução generalizada das chuvas na maior parte do centro-oeste da Bacia Amazônica – 100 a 300 mm abaixo da média na Amazônia boliviana e nos estados brasileiros do Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia – com um inverno austral mais quente devido ao El Niño, e quatro ondas de calor com temperaturas do ar de 2Cº a 5Cº mais quentes que o habitual no inverno e na primavera austral. Como resultado, vários grandes rios sofreram as reduções mais extremas nos níveis de água desde 1902.

Como consequências inesperadas tiveram-se, por exemplo, em Quito e outras cidades do Equador, a escassez de energia durante até 4 horas por dia desde o final de outubro, por causa da redução da produção de energia das barragens amazônicas. Situação semelhante ocorreu em Rondônia devido à seca histórica do rio Madeira. 

Na Amazônia brasileira, os incêndios aumentaram 52,3% durante a seca de 2023 (setembro e outubro) em relação a agosto. Os pesquisadores destacam que os incêndios não destroem apenas as florestas; aumentam também o estresse térmico para plantas e animais, emitem carbono para a atmosfera e produzem enormes ondas de fumaça que cobrem as cidades. Estima-se que 150.000 pessoas tiveram problemas de saúde.

De acordo com dados da Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Amazonas (Sema), de 1º de agosto de 2023 a 31 de dezembro de 2023 foram registrados 17.267 focos de calor no Amazonas – uma redução de -11,09% com relação ao mesmo período do ano anterior, ainda assim, mesmo com essa queda, os resultados da seca como um todo ainda foram marcantes. 

O secretário da Sema, Eduardo Taveira, esclareceu que, para 2024, a secretaria está integrando um grupo de trabalho com o comitê técnico para lidar com as consequências da estiagem, liderados pela Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros, além de atuar na implementação do plano de prevenção e combate ao desmatamento e as queimadas. 

“A secretaria tem um projeto, para contratação a partir de julho, dos brigadistas para a atuação dos municípios prioritários. Também estamos apoiando o corpo de bombeiros no projeto emergencial junto ao fundo da Amazônia de 45 milhões. Além disso, já adiantamos com a Defesa Civil a entrega a de caixas d’águas e perfuração de poços para que a gente possa amenizar pelo menos do ponto de vista da dessa adaptação a essas mudanças climáticas”, apontou.

A Amazônia pode perder sua essência como bioma? 

Como citado anteriormente, uma das preocupações no cenário de secas intensas mais eminentes, é o processo de descaracterização da Amazônia, transformando o bioma em uma vegetação semelhante à de uma savana. Já na década de 90, o pesquisador Carlos Nobre estudava esse processo, que na época intitulou de ‘savanização’. 

“O que eu mostrei no artigo sobre o tema é que se o desmatamento cresce até certo ponto na Amazônia, em todo sul da Amazônia, do Atlântico até a Bolívia, a estação seca, passaria a ser mais do que seis meses, além da diminuição da chuva em 30% O clima não manteria o bioma. Então, a Amazônia ficaria parecida com a Savana muito degradada, mas perderia a biodiversidade e perderia o armazenamento de carbono em comparação ao Cerrado”, explicou. 

Naquela época, há 35 anos, o nível de desmatamento na Amazônia ainda era de 7%, então a análise foi feita como uma espécie de um alerta prévio. De maneira subsequente, foram feitos outros estudos. Um deles projetava que, se não houvesse nenhum desmatamento, apenas com a mudança climática, se a temperatura global chegasse a mais 4 graus, ainda haveria savanização. Já um outro estudo mostrou, em uma realidade com o planeta em uma condição antes do aquecimento global, com 40% de desmatamento se perde a floresta.

“Agora que está acontecendo aquecimento global e desmatamento, nosso estudo mostrou que se o desmatamento passar para 20 a 25%, hoje está mais ou menos 17%, e o aquecimento global subir em 2 a 2,5 graus a média da temperatura global, hoje já está em 1,5 Cº, se esses dois fenômenos acontecerem passa do ponto de não retorno. Passando do ponto de não retorno, pelo menos 50% da floresta se degrada. Alguns estudos mais recentes mostraram que pode degradar em até 70%, só vai sobrar floresta lá na Beira dos Andes onde  tem muita chuva”, alerta. 

Outro ponto de destaque, dentro desse cenário, é o fato de que cada vez mais a floresta está perdendo sua capacidade de absorção de carbono. Naturalmente, a floresta Amazônica funciona como um sumidouro de carbono, absorvendo mais CO₂ do que libera graças à fotossíntese realizada pelas plantas. Durante a fotossíntese, as plantas convertem CO₂ e água em glicose e oxigênio, equilibrando a respiração celular das plantas e de outros organismos. No entanto, o aumento das temperaturas globais e outros fatores relacionados ao aquecimento global estão perturbando esse equilíbrio delicado. 

Temperaturas mais altas aumentam a taxa de respiração celular das plantas, resultando na liberação de mais CO₂. Além disso, as secas prolongadas na Amazônia reduzem a capacidade das árvores de realizar fotossíntese eficientemente, devido à menor disponibilidade de água. A morte de árvores, frequentemente causada por secas severas, também libera CO₂ à medida que a biomassa se decompõe. Paralelamente, o desmatamento e as queimadas intensificam ainda mais a liberação de CO₂ armazenado nas árvores, exacerbando a situação.

“No sudeste da Amazônia, sul do Pará e norte do Mato Grosso, a floresta virou fonte de carbono, ou seja, ela perde mais carbono do que ela armazena. Eu não tô falando da emissão de carbono pela queima, pelo desmatamento, eu tô falando da floresta. Lá na década de 90, a floresta amazônica removia entre um e dois bilhões de toneladas de gás carbônico, agora uma boa parte da floresta continua absorvendo, mas nessas regiões a floresta já perde mais do que absorve, e esse é um dado super preocupante”, enfatiza Carlos Nobre.

As florestas tropicais como um todo, possuem um grande impacto na manutenção do clima global e estabilidade ambiental. Além da Amazônia, as duas maiores são a Floresta do Congo (África) e a Floresta da Indonésia (Ásia) também responsáveis por armazenar uma grande quantidade de dióxido de carbono (CO2). 

As três florestas reciclam muita água, mantendo a temperatura da superfície mais baixa, além de resguardar uma enorme quantidade de biodiversidade. São 60.000 espécies diferentes de árvores, 80% das espécies de anfíbios, 75% das espécies de aves e 68% das espécies de mamíferos do mundo. 

A região dos trópicos viu uma redução de 11,1 milhões de hectares de cobertura de árvores em 2021, conforme indicado por dados recentes da Universidade de Maryland publicados no Global Forest Watch. 3,75 milhões de hectares dessa perda ocorreram em florestas tropicais primárias. Essa quantidade de perda equivale a uma taxa de desmatamento de 10 campos de futebol por minuto. A destruição das florestas tropicais primárias em 2021 resultou na emissão de 2,5 gigatoneladas de dióxido de carbono, o que é equivalente às emissões anuais de combustíveis fósseis da Índia.

“ESSA FOI UMA REUNIÃO LIDERADA PELO BANCO MUNDIAL, COM O REPRESENTANTE DO CONGO DA INDONÉSIA E TAMBÉM DO
BRASIL, ONDE A DISCUSSÃO É JUSTAMENTE ENCONTRAR CAMINHOS PARA QUE A GENTE TENHA AS ECONOMIAS DA FLORESTA EM PÉ
EDUARDO TAVEIRA, SECRETÁRIO DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE

No final de maio, o Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), participou do fórum para apresentar as propostas de REDD+ (sigla para Redução de Emissões provenientes do Desmatamento e da Degradação Florestal), anunciadas pelo governador Wilson Lima em 2024. A agenda em Bali, na Indonésia, ocorreu entre os dias 23 e 29 do mês.

O evento propôs um intercâmbio de conhecimentos para a valorização da economia de florestas tropicais. O secretário de Estado do Meio Ambiente, Eduardo Taveira, procurou mostrar o pioneirismo da proposta mercadológica de carbono no Amazonas, que, segundo dados da Sema, pode gerar mais de R$8 bilhões em créditos de carbono.

“Essa foi uma reunião liderada pelo Banco Mundial, com o representante do Congo da Indonésia e também do Brasil, onde a discussão é justamente encontrar caminhos para que a gente tenha as economias da floresta em pé. O que passa pelo serviços ambientais como, por exemplo, o REDD +, em que o estado do Amazonas já avançou, onde assinamos os primeiros contratos para a geração de créditos de carbono em unidades de conservação e também o manejo Florestal”, explicou o secretário. 

Taveira informa que até o final do ano espera lançar o primeiro edital de concessão de uma floresta pública estadual para o manejo florestal tanto madeireiro, quanto não madeireiro. Ele ainda reforça que as agendas para encontrar soluções para que se possa minimizar o impacto da economia tradicional, ou transformar essa economia tradicional numa economia de baixas emissões, é um desafio global. 

Como primeira agenda, o secretário participou de uma mesa redonda sobre Florestas Tropicais para Ações Climáticas, seguido da Cerimônia de Abertura do Intercâmbio de Conhecimento Sul-Sul, com representantes dos governos do Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo.

Caminhos para evitar o ponto de não retorno

Carlos Nobre explica que se for possível, até 2030, zerar o desmatamento e, até 2050, zerá todas as emissões globais dos gases efeito estufa, não só brasileiras, trabalhando um processo paralelo de reflorestamento de pelo menos 50% das áreas já desmatadas na Amazônia, o crescimento da média da temperatura do planeta não chegaria nem a dois graus. Por sua vez, os estudos também apontam que nesse cenário a Amazônia não passaria do ponto de não retorno. 

“De novo, nós estamos reduzindo os desmatamentos, temos que reduzir também as degradações. As emissões dos gases de efeito estufa continuam altas, 2022 bateu recordes, 2023 se estima que foi de 1% a 2% a mais que em 2022. Esse parece ser um enorme desafio, não estamos caminhando nessa velocidade, se não conseguirmos, o risco de perder a Amazônia é gigantesco”, conclui o pesquisador. 

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