O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Amazonas (Senai/AM), por meio do Instituto Senai de Inovação em Microeletrônica (ISI/ME), está desenvolvendo uma solução inovadora em P&D que alia tecnologia e sustentabilidade florestal.
A iniciativa, batizada de IoTree, foi selecionada em edital nacional lançado em 2023 pelo Senai/DN, em cooperação com a Suzano, a maior produtora de celulose do mundo. O projeto entrou em execução no final de 2024 e a entrega final está prevista para março de 2026.
Desenvolvido em Manaus e testado em campo em fazendas da Suzano, no interior de São Paulo, o IoTree é uma plataforma de Internet das Coisas (IoT) voltada para o monitoramento remoto do uso da água e do crescimento da floresta, com aplicação direta em pesquisas de manejo e genética e na gestão florestal da companhia.
O projeto representa um salto qualitativo em relação às metodologias tradicionais. Com o IoTree, as informações podem ser acessadas remotamente e em tempo real, reduzindo custos, aumentando a quantidade de áreas monitoradas e fortalecendo o compromisso com práticas sustentáveis.
Tecnologia para floresta
A gerente de Pesquisa e Desenvolvimento em Sustentabilidade da Suzano, Yhasmin Paiva Rody, reforça a relevância da parceria com o Senai Amazonas. “Estamos desenvolvendo equipamentos na vanguarda de tecnologias que permitem medir a floresta com alta conectividade. Essa inovação fortalece o agronegócio sustentável, ajuda a proteger nossos biomas e contribui com o Brasil e com o mundo. Estamos inovando em prol de um desafio tão relevante como as mudanças climáticas — e, ao mesmo tempo, gerando florestas do futuro”.
A escolha do ISI/ME como executor do projeto não foi por acaso. A proposta submetida pelo instituto foi a de maior valor entre as 99 concorrentes de todo o país, sendo uma das 17 selecionadas no edital de 2023 — o único projeto da área de microeletrônica com foco em soluções florestais digitais.
Desenvolvimento e execução
A solução técnica envolve o desenvolvimento de hardware e software, com nós-sensores acoplados a árvores específicas dentro das áreas de experimento da Suzano, equipados com sensores de dendrometria e fluxo de seiva. Esses dados são transmitidos por rede LoRa a um gateway concentrador, que os envia para uma plataforma digital de acesso remoto, podendo ser visualizados via navegador web ou aplicativo para celular.
O sistema opera com alimentação via bateria e energia solar, superando os desafios de conectividade e fornecimento de energia nas áreas florestais remotas.
Carlos destaca ainda a sofisticação da tecnologia desenvolvida em Manaus. “Chegamos a um nível de precisão que permite medir pequenas variações no crescimento da floresta ao longo do dia e relacionar com mudanças no clima. É um avanço que traz benefícios não só à Suzano, mas a toda a cadeia de pesquisa florestal”.
Além do ISI/ME, o projeto conta com a startup Agroambiência, responsável pela interface agroflorestal.
IoTree, um marco para o Senai Amazonas
Para o diretor do SENAI Amazonas, Rogério Pereira, o projeto IoTree é um marco para o fortalecimento da inovação industrial no estado.
“Essa iniciativa deu ao Instituto Senai de Inovação a oportunidade de mostrar sua competência técnica ao atender uma demanda real da indústria. Mais do que um produto final, o projeto permite derivar soluções similares para outros setores industriais. Isso amplia o impacto da nossa atuação no ecossistema nacional de inovação”.
O projeto também envolveu testes laboratoriais intensos, com validações em câmara climática, desenvolvimento de software e hardware próprio, redução significativa no custo dos sensores e criação de protótipos por impressão 3D. A equipe técnica conta com oito profissionais diretamente envolvidos, além de suporte administrativo, parceiros e os próprios pesquisadores da Suzano.
Sustentabilidade, inovação e impacto industrial
O projeto IoTree é um exemplo claro do potencial transformador da tríade formada por educação técnica, pesquisa aplicada e cooperação com a indústria.
Com foco na sustentabilidade, o Instituto Senai de Inovação em Microeletrônica (ISI/ME) reafirma sua vocação como um centro de excelência em microeletrônica no Brasil, colocando a Amazônia no mapa da inovação industrial de alta tecnologia.
Ao atender com sucesso uma das maiores empresas do mundo no setor florestal, o Senai Amazonas também fortalece sua missão de preparar a indústria para o futuro, mostrando que soluções sustentáveis, digitais e conectadas podem, sim, nascer no coração da floresta amazônica.
Com informações da Fieam