Uma tecnologia climática inédita que mapeia áreas de vulnerabilidade ambiental em todo o território nacional será lançada durante a COP30, em Belém (PA). A ferramenta, chamada Plataforma Natureza ON, foi desenvolvida pelo MapBiomas e pela Fundação Grupo Boticário, com tecnologia do Google Cloud, e estará disponível de forma pública e gratuita.
A inovação pretende identificar áreas suscetíveis a eventos climáticos extremos, como inundações, deslizamentos de terra e secas, oferecendo alternativas sustentáveis baseadas na natureza. A apresentação oficial ocorrerá no painel “Dados, inteligência artificial e novas tecnologias aliados à ação climática”, no dia 11 de novembro.
Tecnologia climática a serviço da adaptação ambiental
Segundo o coordenador técnico do MapBiomas, Marcos Rosa, a tecnologia climática reúne dados climáticos, geológicos e de terreno para gerar cenários de vulnerabilidade e riscos.
“Organizamos informações que apoiam diagnósticos, priorização e monitoramento, oferecendo dados consistentes e transparentes para que gestores e a sociedade tomem decisões melhor informadas”, afirmou Rosa.
A plataforma visa apoiar gestores públicos e a sociedade civil na adoção de Soluções Baseadas na Natureza (SBN) — ações que aproveitam processos naturais para reduzir impactos ambientais e promover resiliência urbana.
Exemplos incluem arborização urbana, renaturalização de rios, parques lineares e sistemas naturais de drenagem, que ajudam a controlar enchentes, reter carbono e aumentar a permeabilidade do solo.
Como a ferramenta funciona
Na Plataforma Natureza ON, o usuário poderá consultar o nível de vulnerabilidade climática de uma rua, bairro, município, território ou bacia hidrográfica.
A tecnologia climática analisará os riscos do local e sugerirá soluções sustentáveis personalizadas.
Em uma área sujeita a inundações, por exemplo, a ferramenta pode recomendar jardins de chuva, telhados verdes, biovaletas, lagos de retenção ou parques alagáveis — soluções que reduzem os riscos e melhoram a qualidade de vida das comunidades.
De acordo com o MapBiomas e a Fundação Grupo Boticário, a expectativa é que o uso da plataforma reduza riscos climáticos, fortaleça a resiliência urbana e promova a conservação da biodiversidade.
MapBiomas: histórico de monitoramento ambiental
Desde 2015, o MapBiomas é reconhecido por utilizar dados geoespaciais e inteligência artificial para o monitoramento ambiental do Brasil.
A iniciativa já produziu mapas anuais de cobertura e uso da terra, validou mais de 470 mil alertas de desmatamento — sendo 280 mil na Amazônia — e identificou atividades ilegais, como garimpos e pistas clandestinas, incluindo 70 áreas em terras Yanomami.
A tecnologia climática da nova plataforma se baseia nesse histórico, integrando informações ambientais, geológicas e socioeconômicas para apoiar políticas públicas e estratégias de mitigação.
Adaptação e planejamento urbano sustentável
A diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes, destaca que a ferramenta vai além do monitoramento:
“A tecnologia climática contribuirá para a recomendação de soluções efetivas para os desafios dos territórios, especialmente nos centros urbanos. É uma resposta urgente às mudanças climáticas”, afirmou.
A iniciativa deve influenciar políticas de planejamento urbano resiliente, orientar planos de prevenção a desastres naturais e estimular investimentos em infraestrutura verde.
Além disso, a plataforma será atualizada continuamente, acompanhando novas informações ambientais e climáticas geradas por instituições de pesquisa e órgãos públicos.
Parcerias e dados abertos
O projeto é resultado da parceria entre MapBiomas, Fundação Grupo Boticário e Google Cloud, reforçando a importância da colaboração entre tecnologia e meio ambiente.
Todos os dados estarão disponíveis em escala nacional, com acesso gratuito, para pesquisadores, gestores públicos, jornalistas e cidadãos.
Leia Também: Com reforço nacional, Amazonas envia embarcações para COP30
Por Gabriele Oliveira, estagiária de jornalismo, sob a supervisão de Francisco Gomes
Com informações da Agência Brasil



