61 terras indígenas dos estados de Mato Grosso, Tocantins e Maranhão contarão com um aporte de R$ 10 milhões não reembolsáveis para restauração florestal em suas áreas. O anúncio do edital foi feito na última sexta-feira (10/10) pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e faz parte de mais uma chamada de projetos do “Floresta Viva”. A ação é fruto de parceria com a Fundação Bunge e a Agrícola Alvorada S.A.
A implantação dos projetos contemplados no novo edital do Floresta Viva irá fortalecer o Arco da Restauração, iniciativa do BNDES em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) voltada à recuperação de áreas degradadas no bioma Amazônia. O objetivo é formar um grande cinturão verde de proteção ambiental, integrando esforços públicos e privados pela restauração ecológica.
As terras indígenas incluídas no edital foram selecionadas para potencializar as ações do governo federal voltadas à prevenção e ao combate de incêndios florestais, em sintonia com as estratégias de manejo integrado do fogo e de recuperação de áreas degradadas. Juntas, as regiões de Mato Grosso, Tocantins e Maranhão concentram aproximadamente metade das brigadas indígenas de combate ao fogo em atividade no país.
O programa também prevê medidas de apoio à restauração ambiental e de fortalecimento da cadeia produtiva em territórios indígenas, estimulando práticas sustentáveis de agricultura familiar. A iniciativa aposta na adoção de sistemas agroflorestais, modelo que concilia produção de alimentos com conservação da biodiversidade e manutenção dos serviços ecossistêmicos.
O lançamento do edital ocorreu durante o seminário “BNDES Florestas do Brasil por todo o planeta”, realizado na sede do Banco, no Rio de Janeiro. O evento reuniu representantes dos setores público e privado para debater o papel da restauração florestal e da bioeconomia no desenvolvimento nacional, além de marcar o início do BNDES Florestas, plataforma que reunirá e dará visibilidade às ações do banco na área ambiental.
“O BNDES tem utilizado diversos instrumentos para apoiar a conservação e o restauro dos biomas brasileiros, alinhado à política do governo do presidente Lula no combate e na mitigação das mudanças climáticas”, afirmou o presidente do banco, Aloizio Mercadante.
Segundo ele, o edital representa mais um passo nessa direção, ao apoiar projetos de recuperação de áreas degradadas em uma zona de transição entre Amazônia e Cerrado, essencial para a regulação hídrica e a estabilidade climática regional.
Entre os parceiros privados, a Fundação Bunge e a Agrícola Alvorada se destacam como cofinanciadores da chamada pública. Para Cláudia Buzzette Calais, diretora-executiva da Fundação Bunge, a colaboração reforça o compromisso da entidade com a agricultura sustentável e inclusiva. “A construção de uma agricultura de baixo carbono exige uma visão sistêmica, que valorize tanto a inclusão social quanto a responsabilidade ambiental, integrando grandes produtores, agricultores familiares e povos tradicionais”, destacou.
Na mesma linha, o Country Manager da Bunge no Brasil, Rossano de Angelis Jr., ressaltou que a parceria amplia o alcance das ações de restauração e práticas regenerativas no campo. “O projeto Semêa, que integra o nosso programa de Agricultura Regenerativa, envolve pequenos agricultores e povos tradicionais em boas práticas por uma economia de baixo carbono, reforçando o compromisso da empresa com um futuro mais resiliente para o agronegócio brasileiro”, disse.
Já o CFO da Agrícola Alvorada, Leandro Wendt, destacou que a participação no Floresta Viva reafirma o papel estratégico da sustentabilidade no agronegócio contemporâneo. “Investir na regeneração de áreas indígenas é contribuir para a conservação ambiental e para práticas produtivas equilibradas, alinhadas ao compromisso de longo prazo com as regiões onde atuamos”, afirmou.
O edital prevê um aporte total de R$ 10 milhões, sendo metade dos recursos provenientes do BNDES. A outra parte é composta por R$ 4 milhões da Fundação Bunge e R$ 1 milhão da Agrícola Alvorada. Além disso, estão destinados R$ 971 mil à gestão dos projetos, sob responsabilidade do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), e R$ 149 mil para certificação de carbono.
Criado pelo BNDES, o Floresta Viva investe em restauração ecológica de biomas brasileiros, contribuindo para a conservação da biodiversidade, o aumento da disponibilidade de recursos hídricos, a redução da erosão e o sequestro de carbono, além de gerar empregos e renda. A iniciativa está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e às metas globais de mitigação das mudanças climáticas e preservação da biodiversidade.
Com este, já são 13 editais lançados no âmbito do programa, que somam R$ 358 milhões mobilizados e mais de 80 projetos aprovados ou em fase de aprovação. Os investimentos devem viabilizar a restauração de mais de 10 mil hectares de áreas degradadas em biomas brasileiros, consolidando o Floresta Viva como uma das principais frentes de recuperação ambiental no país.
Com informações da Agência BNDES Notícias
