O Brasil tinha 1,7 milhão de pessoas trabalhando por meio de plataformas digitais e aplicativos de serviços em 2024, o equivalente a 1,9% da população ocupada no setor privado. O número representa um aumento de 25,4% em relação a 2022, com a entrada de mais 335 mil trabalhadores nesse tipo de ocupação, segundo o módulo Trabalho por meio de plataformas digitais 2024 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A pesquisa mostra que 58,3% (964 mil) dos trabalhadores atuavam em aplicativos de transporte, incluindo táxis, enquanto 29,3% (485 mil) trabalhavam com entregas de produtos e 7,8% (294 mil) prestavam serviços gerais ou profissionais por meio das plataformas. A maior expansão proporcional foi registrada entre as plataformas de serviços gerais e profissionais, que cresceram 52,1% em dois anos.
A região Sudeste concentra mais da metade dos trabalhadores por aplicativo (53,7%), enquanto a região Norte tem a menor participação de pessoas que utilizam plataformas para serviços gerais ou profissionais (8,3%), menos da metade da média nacional.
O estudo aponta que 86,1% dos plataformizados são trabalhadores por conta própria e 6,1% empregadores. A maioria atua nos setores de transporte, armazenagem e correio (72,5%), com predominância de condutores de automóveis e motocicletas.
Em 2024, o rendimento médio mensal dos trabalhadores plataformizados (R$ 2.996) foi 4,2% maior que o dos não plataformizados (R$ 2.875), diferença menor que a registrada em 2022 (9,4%). Apesar disso, a jornada semanal dos plataformizados foi mais longa (44,8 horas) que a dos demais (39,3 horas), o que reduziu o rendimento-hora para R$ 15,40, valor 8,3% inferior ao dos não plataformizados (R$ 16,80).
A informalidade atinge 71,1% dos trabalhadores por aplicativo, frente a 43,8% dos demais ocupados. Apenas 35,9% dos plataformizados contribuem para a previdência, contra 61,9% dos não plataformizados.
Entre os 1,9 milhão de condutores de automóveis do país, 43,8% (824 mil) trabalhavam com aplicativos. A renda média dos motoristas de aplicativo (R$ 2.766) foi superior à dos não plataformizados (R$ 2.425), mas eles registraram jornadas maiores (45,9 horas semanais contra 40,9 horas) e maior informalidade (83,6%).
Entre os condutores de motocicletas, 33,5% (351 mil) exerciam atividades por aplicativos em 2024, cerca de um terço da categoria. Eles tiveram rendimento médio de R$ 2.119, superior ao dos não plataformizados (R$ 1.653), mas também com informalidade elevada (84,3%) e baixa contribuição previdenciária (21,6%).
O levantamento mostra ainda que 83,9% dos trabalhadores por aplicativo são homens, e quase metade (47,3%) tem entre 25 e 39 anos. A maioria possui ensino médio completo ou superior incompleto (59,3%).
Com informações da Agência IBGE