Nesta semana, o Instituto Trata Brasil, em parceria com a EX ANTE Consultoria, divulgou o estudo “Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento na Amazônia Legal”, que apresenta os principais ganhos da universalização do acesso à água potável, coleta e tratamento de esgoto na região.
O levantamento aponta impactos socioeconômicos superiores a R$ 330 bilhões até 2040, com destaque para a região Norte, formada pelos estados do Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia, Roraima, Pará, Tocantins, Maranhão e Mato Grosso. Segundo dados IBGE, os 772 municípios da Amazônia Legal concentram 26,65 milhões de habitantes, o equivalente a 13,1% da população brasileira, e ocupam quase 60% do território nacional.
Déficit e impactos ambientais
O maior déficit identificado no sistema de saneamento da região está no tratamento de esgoto: apenas 16,8% do volume gerado recebe tratamento antes de ser devolvido ao meio ambiente. Estima-se que as bacias hidrográficas recebam cerca de 851,5 milhões de m³ por ano de esgoto residencial não tratado, o que equivale a 2,3 trilhões de litros de água poluída despejados diariamente em córregos e rios da Amazônia.
Retorno econômico e social
O estudo calcula que, para cada R$ 1,00 investido em saneamento, o retorno em ganhos econômicos e sociais será de R$ 5,10 — acima da média projetada para o Brasil.
Entre os principais benefícios estão:
- Saúde pública: redução de gastos com internações por doenças de veiculação hídrica;
- Educação: queda no absenteísmo escolar;
- Produtividade do trabalho: menos afastamentos por problemas de saúde;
- Valorização imobiliária: aumento no valor dos imóveis em áreas atendidas;
- Turismo e meio ambiente: preservação de rios, córregos e lagos, além de estímulo a atividades econômicas ligadas ao setor.
Ganhos e projetos
Entre 2024 e 2040, os benefícios devem alcançar R$ 516,6 bilhões, sendo R$ 273,7 bilhões em ganhos diretos (renda gerada por investimentos e impostos) e R$ 242,9 bilhões pela redução de perdas ligadas às externalidades. No mesmo período, os custos devem somar R$ 186,5 bilhões, resultando em um saldo positivo de R$ 330,1 bilhões.
Após 2040, estima-se que os ganhos de renda total atinjam R$ 176,2 bilhões, frente a custos de R$ 113,5 bilhões, gerando um saldo adicional de R$ 342,1 bilhões. No total, os ganhos de bem-estar devem somar R$ 972,1 bilhões a partir de 2024.
Estados e capitais em destaque
Os maiores ganhos líquidos da universalização, até 2040, devem ser observados no Pará (30,4%), Maranhão (19,1%) e Mato Grosso (16,1%), que juntos concentram mais de 65% dos benefícios da região.
Na análise per capita, os destaques ficam para Rondônia, Acre e Amazonas. Entre as capitais, os maiores ganhos por habitante devem ocorrer em Rio Branco, com R$ 735,93, seguida por Porto Velho, com R$ 706,14, e Macapá, com R$ 650,65.
Fonte: Por Amanda Gabriele, estagiária sob a supervisão de Kamilly Pequeno MTB (2309/AM). Com informações do Instituto Trata Brasil.
