Vacinação contra a dengue começa em fevereiro, em 52 cidades da Amazônia

Ministério da Saúde divulgou a lista das localidades prioritárias para receber o imunizante Qdenga, que inclui municípios de 5 estados da região
A ministra da Saúde, Nísia Trindade (ao centro), durante entrevista coletiva sobre as estratégias para controle da dengue. Foto: José Cruz/ Agência Brasil

Por Ana Danin, PIM Amazônia, com informações da Agência Brasil

As 52 cidades selecionadas na Amazônia Legal integram uma lista de 521 municípios brasileiros, de 37 regiões de saúde consideradas endêmicas para a doença, segundo o Ministério da Saúde (MS). Para essas localidades, a vacinação será iniciada a partir de fevereiro.

A pasta já havia anunciado que não seria possível começar a imunização em todo o país e que seriam avaliadas áreas prioritárias para um público específico, já definido como crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra maior número de hospitalizações por dengue logo após os idosos, público para o qual a vacina ainda não foi liberada.

Em todo o país, as regiões selecionadas atendem a três critérios:

  • São formadas por municípios de grande porte, com mais de 100 mil habitantes;
  • Registram alta transmissão de dengue no período 2023-2024;
  • Têm maior predominância do sorotipo DENV-2.

Pelo mapeamento do MS, 16 estados e o Distrito Federal têm cidades que preenchem esses requisitos. No caso da Amazônia, os municípios estão nos seguintes estados: Acre, Amazonas, Maranhão, Roraima e Tocantins, esse último foi estado que teve o maior número de cidades selecionadas: 14.

Abaixo, clique no nome de cada estado para ver em quais municípios a vacinação será iniciada em fevereiro:

A lista completa, com os 521 municípios brasileiros onde a imunização será feita a partir do próximo mês, pode ser acessada aqui.

O Acre, que em 2023 registrou um aumento de 106% nos casos de dengue e está em situação de emergência por conta da doença desde último dia 5 já havia solicitado prioridade na imunização.

“A nossa briga é, e vamos usar o decreto de situação de emergência para isso, para que o Acre seja um dos primeiros estados a serem contemplados”, afirmou o secretário de Saúde do Acre, Pedro Pascoal, durante coletiva de imprensa realizada no último dia 18.

O mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e de outras doenças. Foto: John Eisele / Colorado State University Photography

Primeiras doses da vacina chegaram ao Brasil no sábado

O Ministério da Saúde recebeu no sábado, 20, as primeiras doses da vacina contra a dengue que será oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). As doses do imunizante Qdenga foram oferecidas sem cobrança pelo laboratório japonês Takeda Pharma. Inicialmente havia sido divulgado que esse primeiro quantitativo seria de 720 mil doses, porém, no comunicado feito hoje, o MS mencionou a disponibilidade de 757 mil doses, neste primeiro momento.

“A definição de um público-alvo e regiões prioritárias para a imunização foi necessária em razão da capacidade limitada de fornecimento de doses pelo laboratório fabricante da vacina”. A primeira remessa com cerca de 757 mil doses chegou ao Brasil no último sábado. O lote faz parte de um total de 1,32 milhão de doses fornecidas pela farmacêutica.”

“Outra remessa, com mais de 568 mil doses, está com entrega prevista para fevereiro. Além dessas, o Ministério da Saúde adquiriu o quantitativo total disponível pelo fabricante para 2024: 5,2 milhões de doses. De acordo com a empresa, a previsão é que sejam entregues ao longo do ano, até dezembro. Para 2025, a pasta já contratou 9 milhões de doses.”

Ainda segundo o Ministério da Saúde, os critérios para a distribuição das doses pelos municípios foram acordados com os conselhos das Secretarias de Saúde de estados e municípios. Até o momento, não foi divulgado quando a imunização contra a dengue poderá ser realizada no restante do país.

Doses – O esquema vacinal será composto por duas doses, com intervalo de três meses entre elas. O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público. A Qdenga, produzida pelo laboratório Takeda, foi incorporada ao SUS em dezembro do ano passado, após análise da Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS (Conitec).

País registrou ao menos 12 mortes nas primeiras três semanas de 2024

O Brasil registrou, nas três primeiras semanas de 2024, 12 mortes por dengue e 120.874 casos prováveis da doença. No mesmo período do ano passado, foram contabilizados 26 óbitos e 44.753 casos prováveis.

Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 25, pelo Ministério da Saúde. Há ainda 85 óbitos em investigação. “Vivemos um momento de grande preocupação em relação à dengue”, avaliou a ministra Nísia Trindade. 

Segundo o MS, os quatro sorotipos da dengue circulam no país atualmente – inclusive o sorotipo 3, que não circulava de forma epidêmica no Brasil há mais de 15 anos. O sorotipo 1 é classificado atualmente como predominante.

Chikungunya – Dados do Informe Semanal das Arboviroses Urbanas mostram ainda que o país registrou, nas três primeiras semanas de 2024, 7.063 casos de chikungunya, doença também transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. O coeficiente de incidência é de 3,5 casos para cada grupo de 100 mil habitantes – uma redução de 34,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Foi confirmada uma morte pela doença e oito estão em investigação.

Zika – Já os dados de zika divulgados pela pasta são referentes ao segundo semestre de 2023, quando a doença registrou 1.954 casos prováveis, sendo 116 casos em gestantes. Não houve nenhum óbito e a taxa de incidência ficou em 1 caso para cada grupo de 100 mil habitantes. O vírus, igualmente transmitido pelo Aedes aegypti, está associado a complicações neurológicas como microcefalia congênita e síndrome de Guillain-Barré.

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