Guerra em Israel: primeiros repatriados desembarcam em Brasília

Aeronave KC-30 da FAB pousou na capital federal na madrugada desta quarta-feira, trazendo 211 passageiros, após 14 horas de um voo direto, que partiu de Tel Aviv
Passageiros comemoram no desembarque em solo brasileiro. Foto: Reprodução/ Instagram @itamaratygovbr

Da Redação, com informações da Agência Brasil, Globo News e G1

Alívio, gratidão, alegria, emoção. Esses foram alguns sentimentos compartilhados pelos primeiros brasileiros resgatados em Israel, ao se verem longe da guerra, que em poucos dias já acumula um saldo de milhares de mortos e feridos, além de indícios de crimes de guerra, mencionados pela Organização das Nações Unidas, partindo tanto do grupo Hamas – que iniciou o conflito no sábado, 7, invadindo, sequestrando e matando civis; quanto do Governo de Israel, que, ao contra-atacar, além dos bombardeios, vem privando civis palestinos de energia, água e comida.

O primeiro avião trazendo brasileiros de Israel pousou em Brasília por volta das 4h10 desta quarta-feira, 11,. A aeronave KC-30 da Força Aérea Brasileira (FAB), com 211 passageiros, decolou de Tel Aviv na terça-feira e fez voo de cerca de 14 horas direto para a capital federal. Do total, 107 passageiros desembarcaram em Brasília e 104 seguiram para o Rio de Janeiro em dois aviões da FAB.

Em entrevista à Globo News, um casal, identificado apenas como Jacinta e Maurílio, contou que estava fazendo turismo religioso, com um grupo de igreja, quando o conflito começou. “As companhias aéreas simplesmente abandonaram a gente, cancelaram todos os voos e, se a gente não tivesse sido repatriado, certamente, a gente estaria em perigo e abandonado porque não dava para ir para a Jordânio ou para o Egito, que seriam as únicas fugas que nós teríamos”, destacou Maurílio, agradecido pelo rápido envio da aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) a Israel.

Egon Laufer, outro passageiro ouvido pela emissora, que também fazia turismo religioso em Israel, lembrou dos momentos de incerteza vivenciados logo no início do conflito. “Nós tivemos momentos que nós nos sentimos sem ter uma noção de quando sairíamos daquela situação e sem saber o que seria o dia de amanhã”, afirmou. “Nós víamos os jatos, os mísseis. Em duas situações tivemos que ser colocados no bunker (esconderijo) do hotel e algumas pessoas ficaram em pânico. Então, nós tínhamos uma certa paz e, ao mesmo tempo, uma certa aflição”, recordou.

Até domingo, 15, estão previstos mais quatro voos na chamada Operação Voltando em Paz, coordenada pelos ministérios da Defesa e das Relações Exteriores. Neste primeiro momento, a estimativa é retirar 900 brasileiros que estão em Israel e na Palestina.

As próximas aeronaves com repatriados pousarão no Rio de Janeiro, em Recife, em São Paulo e as duas últimas no Rio de Janeiro. Para o deslocamento até o destino final de cada um as passagens serão custeadas pela empresa aérea Azul. A parceria é uma articulação da Presidência da República com a companhia.

O Itamaraty já colheu os dados de pelo menos 2,7 mil brasileiros interessados em deixar a região e voltar ao Brasil. A maioria é de turistas que visitavam Tel Aviv e Jerusalém quando, no último sábado, o Hamas, que governa a Faixa de Gaza, deflagrou um ataque contra o território israelense. Seguiu-se, então, forte reação militar de Israel, que passou a bombardear a Faixa de Gaza.

A ministra substituta das Relações Exteriores, Maria Laura da Rocha, disse hoje que o objetivo do governo é “trazer todos de volta”. Ela, o ministro da Defesa, José Múcio, e o comandante da Aeronáutica, Marcelo Damasceno, receberam os repatriados na Base Aérea de Brasília.

Neste primeiro momento, o Itamaraty priorizou o traslado de cidadãos que residem no Brasil e visitavam a região do conflito sem ter passagem de volta. Uma segunda etapa da operação está sendo planejada, após a conclusão desses primeiros cinco voos.

Ao menos dois brasileiros morreram, vítimas do Hamas

No confronto no último fim de semana, os brasileiros Ranani Nidejelski Glazer e Bruna Valeanu, ambos de 24 anos, morreram. Os dois foram vítimas do ataque do Hamas a um festival de música eletrônica que ocorria no Sul de Israel, próximo à Faixa de Gaza. Segundo a imprensa israelense, só no local, já foram localizados 260 mortos.

Há ainda uma brasileira desaparecida. A carioca Karla Stelzer, de 41 anos, vive em Israel há mais de dez anos e, como Bruna e Ranani, também participava da rave Universo Paralello.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, em torno de 14 mil brasileiros vivem em Israel e 6 mil na Palestina. Além disso, muitos turistas visitam a região, seja para conhecer locais considerados sagrados, seja para participar de eventos.

Porta-voz Israelense diz haver brasileiros entre os reféns do Hamas

O Ministério da Defesa de Israel anunciou nesta quarta-feira, 11, que há brasileiros entre as pessoas feitas de reféns pelo Hamas em Gaza.

“Há (entre os reféns) norte-americanos, britânicos, franceses, alemães, italianos, brasileiros, argentinos e ucranianos”, disse o porta-voz Jonathan Conricus, sem dar mais detalhes. Portanto, não é possível afirmar ainda se Karla Stelzer Mendes, a brasileira que segue desaparecida, esteja entre os reféns. Procurado pelo g1, o Itamaraty ainda não informou se já foi comunicado sobre esta questão.

Orientações – A Embaixada do Brasil em Tel Aviv está recebendo, por meio de formulário em seu site, a inscrição de interessados em repatriação.

Os plantões consulares da embaixada em Tel Aviv (+972 (54) 803 5858) e do Escritório de Representação em Ramala (+972 (59) 205 5510), com whatsapp, permanecem em funcionamento para atender pessoas em situação de emergência. O plantão consular geral do Itamaraty, em Brasília, também pode ser contatado pelo telefone +55 (61) 98260-0610.

O Escritório de Representação em Ramala, na Cisjordânia, segue em contato com os cerca de 50 brasileiros que vivem na Faixa de Gaza e prepara a retirada daqueles que desejam deixar a região, em coordenação com a Embaixada do Brasil no Cairo, no Egito, país fronteiriço.

Segundo Damasceno, a FAB está mapeando os aeroportos no Norte e Nordeste para realizar a operação de resgate.

O Itamaraty reforça ainda a orientação de que todos os brasileiros que estão na região e que tenham passagens aéreas, ou condições de adquiri-las, embarquem em voos comerciais a partir do Aeroporto Internacional Ben Gurion, que continua a operar, ainda que com restrições.

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