Israel x Hamas: 8º voo com repatriados pousa no RJ

Aeronave chegou ao Brasil na madrugada desta segunda-feira. Até agora, 1410 pessoas e mais de 50 animais domésticos foram retirados de Israel
Brasileiros repatriados no 8º voo vindo de Israel. Imagem: reprodução/ TV Globo

Da Redação, com informações do G1

Uma aeronave KC-30, da Força Aérea Brasileira, pousou às 4h desta segunda-feira, 23, no Rio de Janeiro, trazendo a bordo mais 209 brasileiros que estavam em áreas de conflito, em Israel, além de nove animais de estimação.

Este foi o oitavo voo de repatriação. De acordo com o último balanço do governo federal, desde 10 de outubro, 1.410 brasileiros, três bolivianas e mais de 50 animais domésticos foram transportados do território israelense para o Brasil. Outra aeronave, um VC-2 (Embraer 190) da Presidência da República, está no Cairo, capital do Egito, aguardando autorização para resgatar brasileiros.

No último domingo (22), o Ministério das Relações Exteriores informou, em nota, que, tendo em conta as condições locais atuais e a operação regular do aeroporto de Ben Gurion, em Tel Aviv, não estão previstos voos adicionais para brasileiros em Israel.

Ainda segundo o Itamaraty, há um grupo de 30 brasileiros e familiares diretos que aguardam retirada da Faixa de Gaza, abrigado nas localidades de Khan Younis e Rafah, nas proximidades da fronteira com o Egito. “O governo brasileiro, por meio do Escritório de Representação do Brasil em Ramala, mantém permanente contato com eles”.

Embaixador explica como funciona o suporte aos brasileiros em Gaza

O embaixador do Brasil na Palestina, Alessandro Candeas, explicou nesta segunda-feira, 23, como funcionam os trabalhos operacionais da Embaixada para repatriar os brasileiros que estão no meio do conflito entre Israel e Hamas, que começou em 7 de outubro.

O trabalho da Embaixada foi dividido em três etapas. A primeira buscou salvar os brasileiros que estavam na zona de combate. Para tal, os brasileiros foram enviados para o sul de Gaza, em Rafah e Khan Younes. A segunda etapa visa “aliviar a catástrofe humanitária, enviando recursos para que eles (brasileiros) possam procurar alimentos, água”, disse o embaixador do Brasil na Palestina em vídeo.

Funcionários da Embaixada contaram em vídeo que desde o começo do conflito estão em contato via grupo de WhatsApp com os brasileiros para saber quais são as necessidades deles — alimentar e de segurança, por exemplo – e entender como conseguem oferecer as ajudas de cada um.

Além disso, uma funcionária da Embaixada gravou um vídeo onde conta que através das informações passadas no WhatsApp conseguem saber onde estão os brasileiros e se supostamente se deslocaram para outra região.

“(Dessa forma), é informado ao governo israelense (a localidade dos brasileiros) para que não seja bombardeada (…) Temos a segurança que as casas onde estão os brasileiros não serão bombardeadas”, afirmou a funcionária.

Já a terceira etapa consiste na repatriação dos brasileiros através da fronteira do sul de Gaza.

Os funcionários da Embaixada estão divididos em duas equipes. A primeira fica em Jerusalém, onde estão os diplomatas e oficinais de chancelaria. Enquanto em Hamala, capital da Palestina, estão os funcionários que cuidam do operacional e oferta de suporte aos brasileiros.

Eles criaram um formulário virtual para falar as famílias das pessoas que estão na zona de conflito e conseguir informações para uma possível evacuação. Há ainda um telefone 24 horas da Embaixada para todos os cidadãos conseguirem tirar dúvidas.

Destroços de uma mesquita destruída após ataques israelenses em Gaza. Foto: REUTERS/ Anas al-Shareef

Número de mortos na guerra passa de 6 mil

Mais de seis mil pessoas já perderam a vida na guerra entre Israel e o Hamas, que começou no dia 7 de outubro, após ataques do grupo terrorista ao território israelense.

No último domingo, 22, o Ministério da Saúde palestino informou que o número de mortos na Faixa de Gaza subiu para 4.651 vítimas. Destas, 40% seriam crianças. O número de feridos em Gaza também subiu, e foi para 15.898.

Em Israel, foram confirmadas em torno de 1,4 mil mortes e mais de 4 mil feridos, a maior parte deles no dia 7.

Nesta madrugada, mais de 50 palestinos foram mortos em ataques aéreos à Faixa de Gaza, segundo autoridades médicas palestinas. Israel tinha avisado que iria intensificar os ataques no norte de Gaza, mas o sul também foi alvo de novos bombardeios.

A ofensiva aconteceu horas depois de Israel pedir mais uma vez que os habitantes de Gaza se deslocassem para o sul da região. Segundo o exército israelense, um dos líderes do Hamas e dezenas de terroristas foram mortos em ataques noturnos em Gaza.

Reféns – Israel também atualizou o número de reféns sob poder do grupo terrorista – 212. Na sexta-feira, 20, as duas primeiras reféns foram libertadas, mãe e filha americanas.

Três comboios com alimentos e medicamentos entraram em Gaza

No último sábado, 21, os 20 primeiros caminhões com mantimentos e meicamentos puderam entrar em Gaza pela passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, após dias de negociações. O segundo comboio, com 19 caminhões, foi autorizado a entrar no domingo. O terceiro comboio entrou nesta segunda-feira, com mais de uma dúzia de caminhões. Uma grande quantidade de outros veículos ainda aguardam na fronteira de Gaza com o Egito para entrar com a ajuda enviada por vários países e organizações de caridade.

A Organização das Nações Unidas (ONU) informou que o cenário é desastroso: não há eletricidade desde o dia 11, a insegurança alimentar só aumenta e o sistema de saúde está à beira do colapso.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu um “cessar-fogo humanitário” para “acabar com o pesadelo” durante uma “Cúpula da Paz” no Cairo, que teve a participação de políticos e ministros das Relações Exteriores de países árabes e países ocidentais, assim como da União Europeia, em contraste com a decisão do governo dos Estados Unidos de enviar um representante de menor escalão.

Caminhão com ajuda humanitária atravessa a passagem de Rafah. Foto: Mohammed Assad/ AFP

A ONU insistiu na necessidade de enviar combustível a Gaza, um produto vital para o funcionamento dos hospitais no território em que vivem 2,4 milhões de habitantes, que também precisam de água e energia elétrica.

Ao menos 17 funcionários da Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA) estão entre os mortos em Gaza, lamentou no último sábado o comissário-geral do organismo, Philippe Lazzarini.

*Matéria atualizada às 14:43, de 23/10/2023, para inserir as informações do terceiro comboio com suprimentos

Entrevistas

Rolar para cima