Itamaraty confirma morte de carioca que estava desaparecida em Israel

Karla Stelzer Mendes era a terceira brasileira dada como desaparecida durante a invasão do Hamas a uma rave, no sábado. Outros dois brasileiros que estavam na festa também morreram
Karla Stelzer. Foto: Reprodução

Da Redação, com informações do G1 e Agência Brasil

O embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, confirmou na manhã desta sexta-feira, 13, durante entrevista ao canal de TV GloboNews, a morte de Karla Stelzer Mendes, única brasileira que seguia como desaparecida após a invasão de terroristas do Hamas a uma festa de rave que ocorria em uma região no sul de Israel, logo no início da ofensiva contra o país, no sábado, 7.

“Acabamos de confirmar que ela faleceu, e o enterro dela é hoje [sexta]. O filho dela, que está servindo ao Exército aqui, acabou de nos avisar”, disse Meyer aos jornalistas da emissora.

Pouco depois, o Itamaraty divulgou uma nota sobre o falecimento. “O governo brasileiro lamenta e manifesta seu profundo pesar com a morte da cidadã brasileira Karla Stelzer Mendes, de 42 anos, terceira vítima fatal brasileira dos atentados ocorridos no último dia 7 de outubro em Israel. Ao solidarizar-se com a família, amigas e amigos de Karla, o Governo brasileiro reitera seu total repúdio a todos os atos de violência contra a população civil.”

Karla Stelzer Mendes tinha cidadania israelense. O marido dela também morreu. A brasileira deixa um filho de 19 anos, que faz parte do Exército local.

Três mortos – Na sexta-feira, 10, já haviam sido confirmadas as mortes de outros dois brasileiros que estavam na mesma festa: Bruna Valeanu e Ranani Nidejelski Glazer.

Ranani chegou a postar um vídeo em uma rede social, quando estava em um bunker (esconderijo construido para resistir a bombardeios), com a namorada, mas esconderijo foi descoberto e atacado pelo Hamas.

Terceiro voo com repatriados chega ao Brasil

A aeronava KC-390 Millenium, da Força Aére Brasileira (FAB), pousou em Recife (PE), às 6h07 desta sexta-feira, 13, trazendo 69 pessoas. Cinco passageiros desembarcaram na capital pernambucana e os demais seguiram para a Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos.

Até o momento, quase 500 brasileiros já deixaram Israel em três voos da FAB, desde o início da guerra entre o país e o grupo terrorista Hamas, controla a Faixa de Gaza. O primeiro grupo chegou ainda na quarta-feira.

Terceiro voo com repatriados pousou primeiro em Recife. Foto: João Risi/ Audiovisual – PR

Até domingo, pelo menos outras duas aeronaves devem trazer mais brasileiros para o solo nacional. O maior desafio, no momento, é conseguir retirar os brasileiros que estão na Faixa de Gaza. Uma aeronave VC-2 (Embraer 190) está pronta, no Aeroporto de Roma, aguardando sinal verde das autoridades egípcias para a operação. O avião pousará no Egito, já que a expectativa é que os brasileiros saiam pelo posto de fronteira de Rafah, que conecta Gaza com a Península do Sinai, no território egípcio.

Em entrevista à TV Brasil, o embaixador do Brasil no Egito, Paulino Franco de Carvalho Neto, afirmou que pelo menos 22 brasileiros que estão em Gaza e manifestaram desejo de sair. Ele disse ainda que Rafah foi bombardeado três vezes nesta semana.

Lula pede criação de corredor humanitário

Na quinta-feira, 12, o presidente Lula conversou por telefone com o presidente de Israel, Isaac Herzog. Depois, por meio de suas redes sociais, Lula afirmou ter pedido o estabelecimento de um corredor humanitário para a saída, não apenas de brasileiros, mas de todos que quiserem deixar a Faixa de Gaza, que tem sofrido um bombardeio sem precedentes, por parte de Israel.

“Não é possível que os inocentes sejam vítimas da insanidade daqueles que querem a guerra. Transmiti meu apelo por um corredor humanitário para que as pessoas que queiram sair da Faixa de Gaza pelo Egito tenham segurança. E que o Brasil está à disposição para tentar encontrar um caminho para a paz”, escreveu Lula.

Em Israel, o sistema de governo é parlamentarista. O presidente é o chefe de Estado, eleito pelo Parlamento do país. O Poder Executivo é exercido pelo primeiro-ministro, o chefe de governo, escolhido entre o partido ou coalizão que obtenha a maioria das cadeiras no Legislativo. Atualmente, esse cargo é ocupado por Benjamin Netanyahu

Até quinta-feira, autoridades locais já contabilizam 1,2 mil mortes e mais de 5 mil feridos na Faixa de Gaza, além de pelo menos 180 mil desabrigados.
Em Israel, segundo a emissora pública Kan, o número de mortos havia aumentado para 1,3 mil desde o último sábado.

Israel dá 24 horas para palestinos deixarem a Cidade de Gaza

O Exército israelense emitiu um aviso pedindo que os moradores da Cidade de Gaza deixem suas casas em direção ao sul da região em até 24 horas. A informação foi confirmada em um vídeo publicado em redes sociais das forças militares do país.

O porta-voz do exército afirmou que a “evacuação é para a própria segurança” dos habitantes da Faixa de Gaza e recomendou que as pessoas só voltem à Cidade de Gaza quando o governo israelense permitir. Palestinos temem que a ordem seja um indicativo de que o Exército israelense entre por terra em Gaza.

Campo de refugiados de Jabalia, na Faixa de Gaza, após um dos ataques feitos por Israel. Foto Mohammed Abed/ AFP

Pouco tempo antes do pronunciamento nas redes sociais do exército, a Organização das Nações Unidas (ONU) disse, em comunicado, que os militares israelenses avisaram que todos os palestinos na região norte da Faixa de Gaza, cerca de 1,1 milhão de pessoas, deveriam migrar para o sul. No entanto, segundo as informações do Exército, o alerta é apenas para a Cidade de Gaza, que tem 677 mil habitantes.

Israel também afirmou que, nos próximos dias, as operações na Cidade de Gaza serão “significativas” e que os moradores da região não devem se aproximar ou tentar ultrapassar a fronteira.

Segundo a ONU, o comunicado foi enviado pouco antes da meia-noite no horário local. Assim, as 24 horas serão completadas às 18 horas desta sexta-feira, 13, no horário de Brasília. A Organização afirmou que já transferiu seu centro de operações centrais para o sul de Gaza.

Salama Marouf, chefe do gabinete de comunicação do Hamas, disse à agência que o aviso é “propaganda falsa, com o objetivo de semear confusão entre os cidadãos e prejudicar a nossa coesão interna” e que orienta os cidadãos palestinos a “não se envolverem nestas tentativas”.

O porta-voz da ONU Stephane Dujarric pediu que, se qualquer ordem de ataque por Israel for confirmada, seja rescindida, “evitando o que poderia transformar o que já é uma tragédia numa situação calamitosa”. De acordo com o porta-voz, “as Nações Unidas consideram impossível que tal movimento ocorra sem consequências humanitárias devastadoras”, já que não haveria tempo hábil para a movimentação de todo esse contingente de pessoas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) também apelou às autoridades israelenses, dizendo que mover as pessoas que estão em estado grave nos hospitais de Gaza, incluindo aquelas com suporte de respiração, é uma “sentença de morte”.

Dezenas de tanques de guerra estão sendo colocados por Israel na fronteira de Gaza, antes de uma invasão terrestre planejada pelas forças militares do país para combater o Hamas.

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