Nível de renda, desemprego, confiança nas instituições públicas, religião, nível de instrução e casamento. Esses são alguns dos fatores que influenciam de forma positiva ou negativa a satisfação dos indivíduos com a vida. A conclusão está na Sondagem de Bem-Estar, pesquisa pioneira realizada no país, com cariocas e paulistanos, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IBRE). A média de felicidade entre moradores da Cidade Maravilhosa foi de 7,91, enquanto que a média entre os paulistanos foi ligeiramente maior, ficando em 7,96, em escala que vai até 10.
O intuito era identificar os fatores que contribuem para o nível de bem-estar do brasileiro, dando subsídios para a formulação de políticas públicas. A relação entre renda e felicidade foi um dos pontos analisados. Seguindo tendência encontrada em outros países, o bem-estar aumenta com a renda a taxas decrescentes, isto é, a cada acréscimo de renda, o ganho de bem-estar vai se reduzindo. De acordo com a Sondagem, pessoas que ganham até R$ 1.200 apresentam média de satisfação de 7,58 pontos. De R$ 1.200 até R$ 2.600 a média foi de 7,77. Já entre os que ganham mais de R$ 10 mil reais, o indicador ficou em 8,22.
A pesquisa também identificou que os casados apresentam níveis de bem-estar superiores aos dos solteiros, um diferencial que depende do número de anos de união. A partir do décimo quinto ano de matrimônio, a felicidade média cai e chega a ser inferior à dos solteiros. A partir dos 30 anos de casamento volta a subir. Em relação à idade, pessoas entre 30 e 44 anos mostraram maior nível de bem-estar (8,25), acima das demais médias, que ficaram entre 7,80 e 7,93.
“A pesquisa confirma que a renda não é o único fator determinante da satisfação com a vida. Fatores como a confiança no governo, a percepção da qualidade dos serviços públicos ou se a pessoa está desempregada afetam significativamente o bem-estar do brasileiro”, destacou Viviane Seda Bittencourt, coordenadora da Sondagem de Bem-Estar do FGV IBRE. Segundo o estudo, o desemprego afeta não só a renda do indivíduo e da família como também sua autoestima.
O levantamento foi realizado em 2016, quando o Brasil já sofria com a grave crise política e econômica, mas também realizava a principal competição esportiva do mundo: as Olimpíadas. Em meio a esse cenário, o brasileiro mostrou nível elevado de felicidade.
“A incidência de resultados favoráveis em diversas pesquisas de satisfação com a vida em países da América Latina tem chamado a atenção de estudiosos. Os pesquisadores têm atribuído esses resultados a fatores diversos como, por exemplo, à força das relações interpessoais (amigos, família etc) nesses países. O nosso estudo confirma em parte o fato para o caso brasileiro ao mostrar que ter um bom relacionamento com a família aumenta o nível de satisfação com a vida”, explicou a especialista.
*Informações Fundação Getúlio Vargas
