Em 2017, a Zona Franca de Manaus completou 60 anos de incentivos fiscais, e a caminho do centenário. Isso se deu graças à quarta prorrogação do modelo, em 2014, que alargou seu prazo de vigência para 2073. Quando foi criada, em 1957, o objetivo de seus idealizadores era propiciar condições econômicas para o interior da Amazônia se desenvolver e reduzir a importação de produtos manufaturados. Por meio dos incentivos fiscais do projeto foi criado o Polo Industrial de Manaus (PIM) formado por empresas de pequeno, médio e grande porte que juntas geraram desenvolvimento, que se estendeu para as atividades de serviços e o comércio. Mas afinal, como está o projeto futuro deste modelo de desenvolvimento econômico, criado pelos militares para desenvolver a região. Especialistas da área econômica e defensores da ZFM dão seus pontos de vista.
Para especialistas da área econômica, o modelo vem se desfigurando há vários anos e nem as salvaguardas constitucionais têm sido suficientes para conduzi-lo a um futuro promissor. O economista Roderick Castello Branco, não tem conhecimento de ação organizada com o objetivo de integrar agentes econômicos em torno de um ‘projeto de futuro’. De acordo com o especialista, “o que existe são ações isoladas de estudiosos da região que, entendendo as profundas mudanças tecnológicas e geoeconômicas que estão ocorrendo em termos mundiais, buscam apresentar alternativas”.
O também economista e professor da Fundação Universidade do Amazonas (Ufam), José Alberto Machado, garante que não há nenhuma preparação neste sentido. Ao contrário, ele destacou que o que se vê é um completo descaso com esse cenário. O economista explicou que o Amazonas está sem governo estável nos últimos quatro anos e, somente neste último ano teve três governadores. E o atual, só tem mais nove meses, dos quais, os próximos dois serão ofuscados pelos recessos e redução de ritmo da máquina pública. “Quando março chegar, já estaremos iniciando um novo período eleitoral e aí a agenda do Estado ficará tomada pelas disputas políticas costumeiras”, enumerou.
Outro grave aspecto na visão do professor Machado é que o Estado não tem qualquer visão de futuro, qualquer planejamento de médio ou longo prazo. Por exemplo a Secretaria de Estado de Planejamento, desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Seplancti), em vias de ser extinta. “Ela já não tem voz no governo e, ameaçada de extinção, aí que perde protagonismo. Tem ainda outro aspecto sério. As áreas que portavam algum compromisso com o futuro, como ciência e tecnologia, energia, mineração, etc. foram reduzidas, para não dizer eliminadas”, sintetizou.
Superar desafios
Chegar em 2073 sem depender deste modelo, como acontece hoje, é um grande desafio. Roderick Castello Branco aponta que o primeiro passo para a superação da dependência do modelo é entender que o mundo mudou.Estamos vivenciando mais uma revolução na forma que produzimos e consumimos, tão drástica e profunda quanto às outras revoluções industriais já ocorridas, e com o agravante da maior velocidade com que essas mudanças ocorrem. É a capacidade de adaptação a essa nova realidade que vai determinar os vencedores e os perdedores no século XXI – e, no PIM, infelizmente, ainda estamos presos a um modelo industrial do século passado.
Obter o sucesso nessa transição para o futuro da indústria está intimamente ligada à capacidade das instituições investirem em educação, inovação e tecnologia. “Nossos produtos são commodities industriais e podem ser produzidas em qualquer parte do mundo – inclusive de forma mais eficiente. O impacto de tecnologias disruptivas como a impressão 3D, Internet das Coisas (IoT) e a robótica avançada (cujo impacto direto sobre os empregos é uma realidade) não deve ser ignorado. Será profundo e inexorável.
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