Captura de carbono pode render até US$ 20 bi às empresas brasileiras

No cenário mais conservador, com o preço do crédito de carbono a US$ 70 por tonelada de CO2, as receitas podem chegar a quase US$ 14 bilhões por ano

Levantamento da CCS Brasil calcula que a adoção de tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CCS, na sigla em inglês) pode ser uma fonte adicional de receita para as empresas em seus esforços rumo a emissões líquidas zero.

O estudo, que está sendo lançado agora às 18h (acompanhe ao vivo no canal da epbr no YouTube), aponta que setores de energia e indústria, intensivos em emissões do gás de efeito estufa, têm um enorme potencial na comercialização de créditos de carbono a partir do volume de emissões evitadas com a tecnologia.

No cenário mais conservador, com o preço do crédito de carbono a US$ 70 por tonelada de CO2, as receitas podem chegar a quase US$ 14 bilhões por ano com a aplicação de CCS por setores-chave.

No horizonte mais otimista, em que os títulos são negociados a US$ 100/tonelada, o potencial de lucro fica próximo a US$ 20 bilhões/ano.

No entanto, observam os analistas, o país precisa avançar com algumas discussões regulatórias para que projetos possam ser elegíveis para créditos de carbono.

Por exemplo, atualizar as metodologias de certificação de redução de emissões para considerar as tecnologias de CCS.

No mundo

A Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) mapeia 47 projetos de CCS em operação, com uma capacidade anunciada que varia de 74 a 82 MtCO2 capturados por ano, no total. 

A IEA vê um interesse crescente pela tecnologia ao redor do globo, com cerca de 300 projetos em vários estágios de desenvolvimento em toda a cadeia de valor.

Os anúncios estão em alta

Mais de 200 novas instalações são planejadas para entrar em operação até 2030, capturando mais de 220 milhões de toneladas CO2/ano. Em 2022, foram 159 novos projetos anunciados.

Os projetos, no entanto, se concentram majoritariamente em países ricos e, não por acaso, os Estados Unidos lideram.

Nos EUA, a Lei de Redução da Inflação (IRA) do governo de Joe Biden, oferece incentivos na forma de créditos fiscais de até US$ 85 por tonelada de CO2 capturado pelas empresas.

Some-se a isso a legislação de infraestrutura com US$ 8,5 bilhões para impulsionar a tecnologia CCS. E o novo padrão de emissões para a indústria de energia apresentado, na semana passada, pela Agência de Proteção Ambiental, para incentivar a adoção do CCS e/ou hidrogênio de baixo carbono.

Essas políticas farão com que os EUA hospedem quase metade da capacidade de CCS do mundo até 2030, de acordo com a BloombergNEF.

Potencial brasileiro

Para o mundo alcançar as metas de emissões líquidas zero até 2050, a captura, armazenamento e utilização de carbono precisa aumentar 120 vezes em relação aos níveis atuais, aponta uma análise da McKinsey. Isso significa capturar 4,2 bilhões de toneladas do gás por ano.

Por aqui, a CCS Brasil estima que a captura pode chegar a mais de 190 milhões de toneladas de CO2 por ano.

O potencial é liderado pelo setor de energia a partir de fontes fósseis, que representam mais de 65% das emissões.  Bioenergia com CCS (BECCS, em inglês) vem logo em seguida, com cerca de 20%, e a indústria, com menos de 15%.

Por região, o Sudeste concentra mais de 48% das oportunidades, com destaque para o estado de São Paulo, onde o volume é de quase 40 milhões de toneladas de carbono.

Fonte: epbr

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