Neste momento em que a tecnologia começa a ter um papel fundamental na transformação digital do setor fabril brasileiro, a chamada indústria 4.0, ou quarta revolução industrial, que abrange várias tecnologias e soluções que se integram na organização da empresa, os defensores da Zona Franca de Manaus precisam estar atentos. Para o administrador José Jorge do Nascimento Júnior, a tarefa de casa é ficar vigilante para manter os diferenciais competitivos do modelo, tendo em vista que diversas mudanças ocorrerão na forma que os produtos serão manufaturados, causando impactos em diversos setores do mercado. Na opinião do entrevistado, este modelo de desenvolvimento vive um momento de reconstrução, após a forte crise econômica que nos dois últimos anos abalou as estruturas do país e que deixou o mercado desaquecido, restando ao Polo Industrial de Manaus ‘renascer das próprias cinzas’ e se manter atento às novas diretrizes do mercado consumidor. Jorge Júnior foi representante da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) no grupo técnico de Processo Produtivo Básico (PPB), entre os Ministérios da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) e Ciência e Tecnologia (Mctic). Foi também secretário de Estado de Planejamento, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Seplancti) do Amazonas.
Qual a sua avaliação sobre a conjuntura atual da ZFM?
Com a retomada do crescimento econômico do país a ZFM vive mais um momento de reconstrução. A crise econômica foi uma das mais intensas da história e a ZFM sentiu todos os impactos do desaquecimento do mercado nacional, já que quase 100% do que é produzido no Polo Industrial de Manaus visa atender os outros estados da federação. O PIM perdeu mais de 50 mil postos de trabalho diretos e o faturamento das indústrias caiu cerca de 20% em dois anos de dura crise. Mesmo com a melhora do faturamento das indústrias, a geração de emprego ainda é bem discreta. Os números do primeiro semestre do ano mostram que houve crescimento de 20% no faturamento, mas os empregos cresceram somente 0,52%, consequência essa da forma como as empresas buscaram superar esse momento de dificuldade da economia com menor quantidade de funcionários e tendo que manter a produtividade. O momento é de ressurgimento e reconstrução, ratifico.
Acredita que o modelo continua atrativo para novos investimentos?
Sem dúvida. A ZFM continua sendo o porto seguro para novos investimentos no Brasil. Aqui temos segurança jurídica garantida pela Constituição Federal para a concessão de incentivos fiscais, tanto federal quanto estadual, e tudo é feito de forma transparente. Mesmo com a intensa crise econômica dos últimos dois anos, o Conselho de Administração da Suframa (CAS) aprovou mais de 200 projetos industriais neste período e mais de 12 bilhões em investimentos para o Estado, confirmando que o Amazonas é o destino de investimentos.
Por um bom tempo, as indefinições do futuro da Zona Franca de Manaus provocaram insegurança em projetos de novas fábricas e na atração de novos investimentos para o PIM. Como o senhor avalia esse novo cenário?
A insegurança jurídica era um dos principais dificultadores para a atração de novos investimentos, mas isso acabou quando a Zona Francade Manaus foi prorrogada por mais 50 anos, até 2073. Com esse prazo maior de vigência do modelo os investidores conseguem estabelecer seus planos de negócios com maior propriedade.
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