Museu Emílio Goeldi tem programação especial sobre a diversidade sociocultural de povos ancestrais

Ao longo deste mês, público visitante do Parque Zoobotânico em Belém terá acesso à mostra audiovisual, rodas de conversa, palestras, contação de histórias e feira de artesanato. Atividades incentivam aprendizados e trocas de conhecimentos com os povos indígenas
Foto: Museu Goeldi Terra Indígena

Articulada em colaboração com associações étnicas, a programação de abril do programa Museu Goeldi Terra Indígena oferta atividades para o público de todas as idades. O evento chama a atenção para a diversidade sociocultural, tecnologias indígenas de uso e manejo de plantas, animais e ambientes amazônicos, movimentos de resistência e compartlhamentos de histórias, muitas histórias. Acompanhe a programação especial de 5 a 21 de abril, que terá lugar em vários ambientes do Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi.

A atividade que abre o ciclo de eventos no dia 5 de abril, às 9h, é uma mostra audiovisual dos diretores indígenas Lucinho Tavares Kanamari (Winih), Markus Schall Enk e Shapu Mëo Matis. A mostra “Sobre câmeras, espíritos e ocupações”, acontecerá no auditório do Centro de Exposições Eduardo Galvão, no Parque Zoobotânico. Além disso, o curta “Tocumagu ru Mauni’i – O nosso jeito que promove a vida”, de direção de Myrian Vasques Tikuna & Markus S. Enk, traz a agricultura e a gastronomia nativa como essenciais para a vida saudável.

No mesmo auditório, no dia 11, às 10h, tem Drops de Ciência com o arqueólogo Marcos Magalhães, pesquisador titular e docente do Programa de Pós-Graduação em Diversidade Sociocultural do Museu Goeldi, que traz um tema para balançar certezas: “A antropogênese contra a distopia antropocênica: as tecnologias ancestrais que cultivaram a Amazônia”. E no dia seguinte, 12, também às 10h, tem roda de conversa com a equipe do projeto “Floresta Sensível”.

O projeto Floresta Sensível é um convite para conhecer, usando os sentidos, algumas plantas importantes para os diversos povos que coexistem com a Floresta Amazônica, seus conceitos cosmológicos e os diálogos da ciência com esses saberes acumulados em séculos e milênios por povos e comunidades florestais. Acesse o projeto, faça um tour virtual de 360° e imersivo em https://aflorestasensivel.com.br/

Na semana seguinte, no dia 17, quem comanda a conversa no Auditório do Centro Eduardo Galvão, a partir das 10h, é a doutoranda em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Pará, Luana Kumaruara, que traz a palestra “Acampamento Terra Livre”. No dia 19, os visitantes do Zoobotânico do Museu Goeldi, terão duas atividades para optar. Na área do Castelinho, haverá “Histórias indígenas para crianças”, com a contadora de histórias Zeneida Mello; na Biblioteca Clara Galvão acontece a roda de memória sobre Cultura Material Indígena, com Suzana Karipuna (sociologa e técnica da Coleção Etnográfica do Museu Goeldi) e Manoela Karipuna (socióloga e doutoranda na UFPA).

No sábado e domingo, 20 e 21, o público visitante poderá conferir a Feira de Exposição e venda de artefatos indígenas. O tradicional Domingo é Dia de Ciência traz também a contação de história “Rebujo da Boiúna”, conduzida pela contadora Joana Chagas (Wyka Kwara).

Território Indígena – Em setembro de 2023, o Parque Zoobotânico do MPEG foi declarado como terra indígena, expressando a relevância dos laços históricos existentes entre a instituição e os diferentes povos indígenas. Entre outros objetivos, o programa Museu Goeldi Terra Indígena visa promover e reforçar as redes de diálogo que envolvem a comunidade científica, as populações originárias e a sociedade em geral. Desse modo, a programação e as atividades do programa são definidas em parceria com associações indígenas.

“Estamos vivendo um momento de aproximação e vivência no Museu Emílio Goeldi. Estamos construindo a relação de entendimento do território e da vivência. Esse território não se trata apenas de ‘chão’, mas um território de existência, de vivência, de conhecimento. Um território de pensamento, de falar e de existir”, declarou Kwahary Tenetehar, presidente da Associação Nacional Multiétnica Wyka Kwara, sobre o papel das instituições museais no registro do passado, na reflexão sobre o presente e na construção do futuro.

De acordo com Emanoel Fernandes, coordenador de Museologia do Goeldi , o programa parte de uma declaração simbólica para reafirmar o compromisso do Museu Goeldi com a diversidade cultural e com os valores democráticos. “Sendo uma instituição que trabalha há mais de 150 anos pesquisando, preservando e difundindo os valores das culturas indígenas, nada mais natural do que refirmar esse compromisso a partir do reconhecimento de que o Parque do Museu Goeldi é também uma terra ancestral”, ressalta Fernandes.

Fonte: Agência Museu Goeldi

Revista PIM Amazônia