Potássio do Brasil vai iniciar operação em Autazes

No total serão mais de 17 mil empregos diretos e indiretos gerados com a exploração do minério
Foto: Diego Peres e Mauro Neto / Secom

O governo do Amazonas entregou, nesta segunda-feira, 08, a primeira licença ambiental para instalação do Projeto Potássio Autazes, no município a 113 quilômetros de Manaus. Após 15 anos de trâmites, o desbloqueio desse processo promete impulsionar o desenvolvimento regional. Já na fase de instalação da atividade, devem ser gerados diretamente 2,6 mil postos de trabalho, na fase de operação da Mina de Silvinita, que será a maior do país. No total, a nova matriz econômica vai proporcionar mais de 17 mil postos de trabalhos diretos e indiretos no estado quando estiver em operação.

O governador do estado, Wilson Lima, enfatizou os benefícios sociais e econômicos que a implantação desse projeto trará, mencionando melhorias na qualidade de vida, oportunidades de trabalho e renda. Ele também ressaltou a importância do empreendimento para o povo Mura, destacando o compromisso do Estado em garantir que a empresa cumpra os requisitos ambientais necessários.

A concessão da licença à empresa Potássio do Brasil, que anunciou a descoberta do projeto em 2010, foi baseada na consideração de todas as condicionantes ambientais vigentes. Com a produção de potássio realizada no Amazonas, prevê-se que o país passe a atender 20% da demanda nacional, reduzindo a necessidade de importação do minério.

O diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração, Raul Jungmann, destacou a importância estratégica da produção brasileira de potássio para fortalecer a segurança alimentar mundial. Segundo a empresa Potássio do Brasil, os investimentos previstos são significativos, com geração prevista de milhares de empregos diretos e indiretos ao longo das fases de construção e operação do projeto, priorizando a mão de obra local.

Em um vídeo enviado ao governador, o diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, lembrou que 95% do potássio usado no Brasil vem do exterior e ressaltou que a produção brasileira será fundamental para fortalecer a segurança alimentar mundial.

“O setor agrícola do Brasil alimenta, aproximadamente, 1 bilhão de habitantes na face da terra. Isso quer dizer que nós vamos reduzir a nossa dependência externa desse mineral que é decisivo para a nossa produção”, afirmou Jungmann, que enviou o diretor de Relações do Ibram, Alexandre Valadares, para representá-lo no evento.

Segundo a empresa Potássio do Brasil, os investimentos previstos são de US$ 2,5 bilhões (R$ 13 bilhões, aproximadamente, dos quais R$ 1 bilhão já investido). Apenas na fase de construção da planta fabril, autorizada no evento desta segunda-feira, a previsão é gerar 2,6 mil empregos diretos em 4 anos e meio. Já na fase de operação, além dos 1,3 mil empregos diretos, devem ser gerados outros 16 mil indiretos. O uso de mão de obra local será de até 80%.

Cuidado ambiental – Em 2009, houve a concessão da área pela Agência Nacional de Mineração para a Potássio Brasil. Cerca de 15 anos depois, as condicionantes ambientais exigidas para a atividade garantem que a exploração do potássio no Amazonas será uma das mais verde do mundo, incluindo o baixo carbono emitido na operação. A exploração é importante economicamente não só para o Amazonas, mas para o Brasil como um todo ao abastecer parte do mercado nacional e reduzindo o percentual de importação.

“Hoje a gente pode dizer que o Amazonas tem um projeto de mineração sustentável, sendo iniciado a partir deste evento. Com essa licença de instalação a gente vai fazer com que ela vá para frente e que esses números e resultados se tornem realidade na maior brevidade possível. Muito obrigado a toda equipe do Governo do Estado“, informou o presidente da Potássio do Brasil, Adriano Espeschit.

Também estiveram presentes no evento o vice-governador Tadeu de Souza; os deputados estaduais Sinésio Campos, Alessandra Campelo, Abdala Fraxe, Adjuto Afonso, João Luís; o deputado federal Silas Câmara; o presidente da Associação Amazonense de Municípios e prefeito de Rio Preto da Eva, Anderson Souza; o prefeito de Autazes, Andreson Cavalcante; o prefeito de Humaitá, Dedei Lobo; secretários de Estado, como o de Energia, Mineração e Gás, Ronney Peixoto; e representantes dos setores comercial e da etnia indígena Mura, povo que foi consultado e aprovou o projeto.

“Nosso povo vem de muitas lutas e muita raça. Agora, estamos aqui diante desse momento histórico. Esse empreendimento vem para nos beneficiar e era esperado há muitos anos. Seguimos todos os protocolos, cumprimos todas as regras e daqui para frente só espero muito sucesso para o nosso povo indígena”, disse o coordenador do Conselho Indígena Mura, Kleber Mura.

Licença – A autorização para a instalação da chamada lavra subterrânea (retirada do minério abaixo do solo) é emitida pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), que seguirá em análise de outras atividades e serviços que deverão ser desenvolvidas pela empresa.

“O papel do Ipaam é garantir que todos os requisitos do licenciamento estejam garantidos na condição de autorizar a atividade. É um marco histórico para o Governo do Estado, porque viabiliza uma matriz econômica que, eu aponto que depois da Zona Franca de Manaus, é o segundo maior ‘boom’ da economia do Amazonas”, disse o diretor-presidente do Ipaam, Juliano Valente.

Com validade de três anos, a licença ambiental de instalação autoriza a construção da parte administrativa e funcional do complexo, incluindo as minas subterrâneas que terão 800 metros de profundidade para a extração do potássio por meio de um sistema de alta tecnologia e sem qualquer influência no modo de vida da superfície.

Mercado de potássio – O Cloreto de Potássio é um dos minerais mais importantes para indústria de fertilizantes agrícolas do mundo. Com a fase de operação prevista para durar mais de 23 anos, o Projeto Potássio Autazes permitirá maior competitividade do produto feito na região em relação ao produto importado.

O volume de 20% de cloreto de potássio que a produção do Amazonas vai atender corresponde a média de 2,2 milhões de toneladas de cloreto de potássio por ano. Canadá, Rússia, Bielorrússia, Alemanha e Israel são alguns dos países que atendem a demanda do Brasil atualmente.

Entre as vantagens para o agricultor brasileiro, como dos estados do Pará, Mato Grosso e Rondônia, estará o acesso a um produto de alta qualidade, de forma mais rápida e com menores custos. Ao agricultor do Amazonas, os preços serão mais baixos em relação aos praticados atualmente na região em função da proximidade.

Mais benefícios – Os resultados da exploração do potássio em Autazes se converterão em benefícios para população amazonense. Além da geração de emprego e renda, investimentos em infraestrutura regional, implantação de planos e programas sociais e ambientais, capacitação de mão-de-obra estão previstos pela empresa.

Será implantada uma linha de transmissão de energia de 165 km de extensão, a partir da qual a concessionária poderá disponibilizar parte para as sedes municipais e comunidades próximas. Uma estrada de 12 quilômetros entre as comunidades da Vila de Urucurituba e Lago do Soares, no município de Autazes, será reconstruída.

Para o transporte do minério, um porto de grande porte também será construído no município. O projeto prevê ainda destinação de 2% da produção de Cloreto de Potássio para a chamada Agricultura Familiar, além de ações socioambientais, como a preservação de sítios arqueológicos, mapeamento e cadastro de espécies animais e vegetais.

Fonte: Agência Amazonas

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