A produção de queijos regionais de forma artesanal é uma tradição secular para milhares de bovinocultores e pequenos produtores rurais do Nordeste dedicados a fabricação de derivados lácteos. Porém, nem sempre tradição é sinônimo de empecilho para inovar. A união de tecnologia, normas de segurança alimentar e saberes passados de geração em geração pode ampliar a competitividade dos negócios rurais.
Lucenildo Firmino, que é proprietário da queijeira Galego da Serra, situada no município de Tenente Laurentino Cruz (RN), está vendo na prática. Ele é um dos primeiros dos mais de 300 produtores de queijos artesanais do Rio Grande do Norte a adequar a produção rudimentar de produtos derivados do leite às normas instituídas pela Legislação de Produção de Queijos Artesanais, a chamada Lei Estadual Nivardo Melo, sem abrir mão da tradição nem perder o gostinho do que é feito manualmente.

Essa junção do moderno com o tradicional tem rendido negócios para o produtor. A queijeira Galego da Serra está em operação desde 2016 produzindo queijos de manteiga e de coalho, assim como a manteiga do sertão, produtos que são apreciados no Brasil inteiro. Mas, a comercialização acabava ficando restrita às cidades vizinhas da região do Seridó no Rio Grande do Norte. Ainda assim, logo nos primeiros anos de funcionamento da unidade, os produtos da marca passaram a ser premiados em diversos concursos especializados.
Em 2017, a queijeira ganhou medalha de Ouro com o queijo de coalho no III Prêmio Queijo Brasil (SP), e, no ano seguinte, a medalha de prata com o queijo de manteiga no mesmo concurso, além de outros títulos no Encontro Nordestino do Leite (Enel), chegando, inclusive, a participar do Mundial de Queijo na França, em 2019.
Ao longo dos seis anos de operação a queijeira passou a colecionar títulos e importantes premiações, como a medalha Super Ouro para a manteiga do sertão, no último Enel, realizado em Vitória da Conquista (BA). Feitos importantes para uma pequena unidade.
Todo esse reconhecimento abriu oportunidades para que os produtos da Galego da Serra pudessem chegar mais longe. No entanto, somente com a adequação às exigências legais e obtenção do Selo Arte, indicando a origem artesanal e advindo com a implementação da Lei Nivardo Melo (sancionada no ano passado), isso seria possível.
O produtor viu a necessidade de modernizar e adaptar a estrutura produtiva a essa realidade. E conseguiu, com o suporte técnico do Sebrae no Rio Grande do Norte para a adaptação aos padrões de queijeira modelo. A instituição foi responsável por todo o arcabouço da Lei do Queijo e, em parceria com o Governo do Estado, estruturou os mecanismos para viabilizar a adequação das queijeiras potiguares e escoamento da produção.

A nova área de produção tem 92 metros quadrados e foi inaugurada em novembro deste ano. Hoje, a queijeira de Lucenildo Firmino processa uma média de 2 mil litros de leite por dia e produz diariamente em torno de 190 quilos de queijo e 15 garrafas de manteiga. Com o selo de certificação da unidade como queijeira modelo, essa produção passou a ocupar prateleiras e refrigeradores de conveniências, mercadinhos e lojas especializadas em diversas cidades do Rio Grande do Norte para além da região Seridó.
“Passamos a produzir em um ambiente mais adequado e propício para atender as demandas que surgirem”.
Fonte: ASN Nacional